Motoristas de app da capital já usam máscaras e álcool em gel por medo de coronavírus

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Motoristas temem por contágio de coronavírus (Roberth Costa/BHAZ + Asafe Alcântara/BHAZ)

Temendo o avanço do coronavírus, motoristas de táxis e aplicativos de BH já começam a se preparar contra a doença. Os profissionais atendem regiões com grande chance de contágio, como os aeroportos e a rodoviária, por onde passam milhares de pessoas todos os dias. Alguns condutores têm disponibilizado álcool em gel nos veículos, para uso pessoal e de passageiros. Os mais cautelosos, por sua vez, adotaram o uso de máscaras.

Procurados pelo BHAZ, os principais aplicativos com motoristas parceiros que circulam pela capital disseram que emitiram orientações contra o contágio de Covid-19. O Sincavir (Sindicato Intermunicipal dos Condutores Autônomos de Minas Gerais), que representa os taxistas, disse que tem orientados os condutores a usar álcool em gel. Além disso, o sindicato deve aumentar, em breve, a campanha de orientação contra o contágio.

Nessa quinta-feira (12), a reportagem flagrou um motorista de aplicativos usando uma máscara, no Centro de Belo Horizonte. Por mais que a cena não faça parte do cotidiano, a tendência é de que a imagem se torne cada vez mais comum. Até o momento são 105 suspeitas da doença em investigação somente na capital mineira e 289 em Minas. Dois casos já foram confirmados no Estado, um deles em Ipatinga e o outro em Divinópolis.

motorista flagrado usando máscara (Roberth Costa/BHAZ)

Quem também adotou a prática de usar máscaras enquanto dirige é o jovem Lucas Alcântara Costa, de 26 anos. Ele é motorista de aplicativos de transporte há mais de um ano. O condutor conta ao BHAZ que usa o acessório para evitar o contágio, já que mora com duas idosas: a avó, de 89 anos, e uma tia, de 68, ambas inseridas no grupo de risco da doença.

“Estou usando a máscara há três dias, tenho a consciência de que caso eu seja infectado, em mim, vai ser uma gripe normal. Estou com medo não por mim, mas pelas pessoas que moram na minha casa. Tenho medo de passar a doença para elas”, conta o motorista.

Segundo Lucas, ele tem disponibilizado álcool em gel para os passageiros e orientado o uso. O motorista conta, também, que algumas pessoas estranham a atitude, mas ele ainda não teve problemas.

“Preciso prevenir pois moro com duas idosas”, diz motorista (Asafe Alcântara/BHAZ)

“Eu tenho contato com mais de 30 pessoas por dia, fora o dinheiro. As pessoas as vezes estranham eu estar de máscara, outros acham graça, ficam com receio, mas, no fim, acabam entendendo. Não aconteceu ainda de alguém deixar de embarcar, mas fico com receio de receber uma nota baixa, por acharem que estou doente. As pessoas precisam entender que é uma prevenção para mim e para elas também”, diz.

Lucas ressalta que também tem orientado os companheiros de profissão. “Quatro amigos meus compraram álcool em gel e deixam no carro por minha causa, de tanto eu falar. Mas, ainda estão usando máscara”, diz.

Precauções

Um dos diretores do Sincavir, João Paulo de Castro, contou ao BHAZ que o órgão tem orientado os motoristas de táxi para tomar os cuidados necessários, mas que, em breve, haverá uma campanha mais ampla sobre o tema.

“Os acontecimentos ainda estão muito recentes, mas já alertamos quanto a prevenção. Nós vamos iniciar companhas voltadas para os taxistas, pois atuamos em regiões de risco, como rodoviária e aeroporto”, disse João.

A 99Pop e a Uber, principais aplicativos de transporte que atuam em BH, orientaram os motoristas e passageiros quanto à prevenção do contágio e transmissão do coronavírus. Entre as orientações estão:

  • Lavar as mãos frequentemente e sempre com água e sabão.
  • Utilizar álcool em gel
  • Ao tossir e espirrar, cobrir boca e nariz com lenço descartável ou com o braço. Nunca com as mãos, que são um dos principais vetores de contágio;
  • Evitar tocar olhos, nariz e boca com as mãos não lavadas;
  • Evitar contato físico, como aperto de mãos;
  • Andar com os vidros do carro abertos para arejá-lo sempre que possível;
  • Evitar aglomerações e manter os ambientes ventilados.
  • Higienizar e limpar o veículo sempre que possível
  • Ao se sentir mal, ficar em casa

Sem preocupação

Na contramão, existem motoristas que ainda não se sentem preocupados com a propagação do vírus. Em conversa com a reportagem, o taxista Helvécio Souza Araújo, que dirige há mais de 20 pelas ruas de BH, conta que não acredita no que lê sobre a doença.

Motoristas dizem que não estão preocupados (Amanda Dias/BHAZ)

“Já passamos por várias crises como essa, a H1N1 era mais perigosa e não deu em nada, para você ter ideia. Além disso, nós temos menos de 100 casos confirmados, em um país com 200 milhões de pessoas, é muito pouco. Estão fazendo esse estardalhaço todo, mas não é nada preocupante”, afirma.

O mesmo pensa o motorista de app Gabriel Andrade, de 28 anos, que dirige há cerca de três anos. “Para ser sincero? Não estou botando fé nisso. Não estou usando nada, nem álcool, nem máscara. Apenas evito aeroporto e rodoviária, mas não estou com medo”, diz.

É o momento de usar máscaras?

(DragonImages/Envato)

Segundo o Ministério da Saúde, a máscara de proteção é recomendada às pessoas que apresentam sintomas respiratórios, como tosse, espirros ou dificuldades em respirar. “A utilização serve para evitar a transmissão no coronavírus para as pessoas ao seu redor e no momento em que for procurar o atendimento médico”, afirma o órgão.

O adereço também é indicado para profissionais da saúde que prestam atendimento a pacientes infectados ou indivíduos que façam contato com essas pessoas.

No entanto, ainda de acordo com o Ministério da Saúde, o uso da máscara somente é efetivo se for associado a hábitos de higiene, como: lavagem frequente das mãos com água e sabão e higienização com álcool em gel.

“Além disso, a pessoa deve ficar atenta no momento de jogar a máscara no lixo. Após o uso, é imprescindível descartar em local adequado e lavar bem as mãos”, diz o órgão.

Pandemia

Na última quarta (11), a OMS (Organização Mundial da Saúde) elevou o estado da contaminação pelo novo coronavírus para pandemia. A informação foi dada pelo diretor-geral da organização, Tedros Adhanom. O anúncio surge quando há mais de 115 países com casos declarados de infeção.

O que é?

Segundo a OMS, uma pandemia é a disseminação mundial de uma nova doença. O termo é utilizado quando uma epidemia – grande surto que afeta uma região – se espalha por diferentes continentes com transmissão sustentada de pessoa para pessoa. Atualmente, há mais de 115 países com casos declarados da infecção.

A questão da gravidade da doença não entra na definição da OMS de pandemia que leva em consideração apenas a disseminação geográfica rápida que o vírus tem apresentado.

Ao caracterizar o Covid-19 como uma pandemia, Tedros Adhanom afirmou que o termo não deve ser usado de forma leviana. “Pandemia não é uma palavra a ser usada de forma leviana ou descuidada. É uma palavra que, se mal utilizada, pode causar medo irracional ou aceitação injustificada de que a luta acabou, levando a sofrimento e morte desnecessários”, declarou. 

Com Agência Brasil

Rafael D'Oliveira[email protected]

Repórter do BHAZ desde janeiro de 2017. Formado em Jornalismo e com mais de cinco anos de experiência em coberturas políticas, econômicas e da editoria de Cidades. Pós-graduando em Poder Legislativo e Políticas Públicas na Escola Legislativa.

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