Linhas do Move circulam sem cobradores em BH; sindicato tenta reverter medida

Uma das agressões aconteceu na estação do Move na Pampulha

Usuários de algumas linhas do Move têm percebido, nos últimos dias, que algo está diferente durante as viagens pela capital. Em alguns coletivos, a função de agente de bordo deixou de existir e motoristas tem exercido dupla função: a de dirigir e a de cobrar passagens. E a “novidade” é contestada por alguns sindicatos, que temem pela exclusão permanente dos cobradores.

Em conversa com o Bhaz, José Márcio Ferreira, diretor de comunicação do Sindicato dos Rodoviários de Belo Horizonte, afirmou que a retirada dos agentes de bordo significa a precarização do serviço e que o sindicato recebeu a informação com muita tristeza. “Todos perdem com essa decisão, pois o motorista é afetado ao precisar desempenhar duas funções, e a sociedade recebe um serviço de pior qualidade”, destaca Ferreira.

Para o diretor, o que menos importa para os proprietários das empresas é o serviço de boa qualidade que atenda as necessidades do público. “Eles só pensam neles”,disse. “Recebemos com tristeza e preocupação a notícia da retirada dos agentes. Isso demonstra o desejo dos patrões em acumularem bens para si”, opinou.

Com o intuito de tentar reverter a situação, o sindicato procura órgãos competentes como o Ministério Público do Trabalho. Porém, Ferreira explica que a lei municipal 10.526/12 ampara as empresas na retirada dos cobradores. Nela a permanência dos agentes de bordo não é estendida para os ônibus que atendem as linhas troncais, e são nessas linhas que está sendo notada a ausência dos cobradores. “Essas linhas partem das estações Vilarinho, Venda Nova, São Gabriel e Pampulha. São aquelas que saem de um terminal a um ponto específico”, explica.

O diretor ainda destacou que não será tarefa das mais fáceis reverter a situação, mas que o sindicato está comprometido em alcançar tal objetivo.

Retirada é legal

Ao Bhaz, Maurício Reis, assessor de imprensa do Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros de Belo Horizonte (SetraBH), afirmou que “as empresas podem retirar o cobrador a qualquer dia, hora e o ano inteiro”, conforme disse, visto que a lei permite.

Porém, explicou que isso tem acontecido devido o período de férias onde o número de usuários diminuem. Ele ainda disse que nessas linhas a maioria dos usuários embarcam nas plataformas já tendo efetuado o pagamento das passagens. Além disso, a maioria dos usuários usam o cartão BHBus para pagarem a tarifa.

“Os agentes que não estão atuando nas linhas são realocados para outros coletivos da empresa, ninguém é demitido. Assim que o fluxo de dinheiro aumentar eles voltarão”, concluiu. O Setra-BH emitiu uma nota sobre o caso. Confira na íntegra:

Nota

O Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros de Belo Horizonte – SetraBH –  informa que a circulação dos veículos das linhas troncais do sistema BRT Move, dos veículos em operação em horário noturno, domingos e feriados e dos veículos dos serviços especiais caracterizados como executivos, turísticos ou miniônibus sem o agente de bordo encontra amparo na Lei 10.526, de 03 de setembro de 2012.

A retirada do agente de bordo somente é realizada em linhas e em horários nos quais é legalmente permitida e nos quais a presença do agente não é necessária em razão da baixa utilização dos veículos ou da utilização de cartão BHBus por grande número de usuários, podendo o agente retornar ao serviço, caso seja verificado aumento de usuários que justifique a sua presença.

A retirada legalmente autorizada dos agentes de bordo se deve à queda da demanda, normalmente registrada em períodos de férias. Deve-se destacar que as linhas troncais do sistema BRT Move também registram elevado percentual de usuários portadores de cartão BHBus.

O SetraBH informa ainda que a medida não gera, ou gerará, demissão de agentes de bordo.

O SetraBH informa também que a medida não acarreta, ou acarretará, prejuízo à qualidade do serviço prestado à população de Belo Horizonte.

Vitor Fórneas[email protected]

Repórter do BHAZ de maio de 2017 a dezembro de 2021. Jornalista graduado pelo UniBH (Centro Universitário de Belo Horizonte) e com atuação focada nas editorias de Cidades e Política. Teve reportagens agraciadas nos prêmios CDL (2018, 2019 e 2020), Sebrae (2021) e Claudio Weber Abramo de Jornalismo de Dados (2021).

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