‘Mula’, ‘retardado mental’ e ‘gorda’: Outback do BH Shopping é processado por assédio

A rede Outback coleciona fãs e admiradores desde que chegou a Belo Horizonte, há cerca de oito anos. A franquia possui três restaurantes na cidade e é conhecida pelo cardápio e decoração inspirados no estilo norte-americano das primeiras lojas. Apesar de ser vista com bons olhos por milhares de consumidores, a marca também é alvo de uma série de denúncias e críticas por parte de colaboradores e ex-funcionários. Assédio moral, maus-tratos e até trabalho escravo são algumas das acusações que envolvem os estabelecimentos.

A mais recente delas dá conta de que atendentes, auxiliares de cozinha e outros profissionais têm sofrido constantes agressões verbais na unidade localizada no BH Shopping, região Centro-Sul da Capital.  Além disso, eles seriam obrigados a encerrar o expediente no sistema de registro de horários do local e ainda assim continuar trabalhando. Todos esses supostos abusos resultaram em uma ação judicial movida pelos profissionais.

Em conversa com a reportagem do Portal Bhaz, nesta quarta-feira (11), um atendente relatou casos de humilhação sofridos por ele e por colegas no Outback do BH Shopping. O jovem, de 21 anos, contou ter sido chamado de “mula” por uma gerente do local ao questionar, diante de uma dúvida, parte do processo de atendimento às mesas. A mulher ainda teria se referido a ele como “retardado mental” e mandado outra funcionária emagrecer quando a mesma solicitou uma calça para fazer a mudança de uniforme.

O rapaz preferiu não se identificar, já que ainda trabalha na loja, mas revelou estar processando a rede. “A gente se sujeita por necessidade financeira mesmo, mas são situações muito degradantes”, disse ao contar o motivo pelo qual ainda faz parte do quadro de empregados. “Procurei um advogado e o processo já está correndo na 27ª Vara do Trabalho. Alguns colegas que também sofreram maus-tratos planejam entrar com uma ação coletiva”, explica.

Segundo o jovem, a gerência foi informada do posicionamento tomado por ele e, a partir de então, passou a tratá-lo melhor. No entanto, alguns colegas continuam sendo humilhados. “Eu mesmo procurei a gerente e a supervisão várias vezes para falar sobre essas atitudes, mas nunca tive retorno. Sempre diziam que era pra aguardar, pois estavam analisando os casos. Só depois do processo que mudaram um pouco. A gente só quer trabalhar de forma digna”, completa.

Questionada pela reportagem, por telefone, a assessoria do Outback afirmou ter conhecimento do processo movido por ele. Já, por meio de nota, se limitou a informar que a rede “preza por um ambiente de trabalho agradável e com respeito entre a equipe” e que “oferece oportunidades de carreira baseadas nos Princípios e Crenças da rede”. Por fim, afirma ainda que “tais práticas de gestão não refletem o suposto tratamento alegado”.

Outros casos

No ano passado, o Tribunal Regional do Trabalho de Goiás (TRT-18) condenou uma unidade do Outback de Goiânia a indenizar uma ex-funcionária em R$ 18 mil por danos morais. Na época em que era garçonete, a mulher recebeu diversos apelidos porque estava abaixo do peso. A gerência do estabelecimento constantemente a chamava de “magrela”, “vassourinha do Harry Potter”, “saco de osso” e “desnutrida”. No processo, ela relatou que o mesmo acontecia com outros funcionários.

Em 2014, o Tribunal Regional do Trabalho da 1ª Região do Rio de Janeiro também condenou o Outback. Na ocasião, a marca foi obrigada a pagar horas faltantes de um auxiliar de limpeza contratado para ficar à disposição do trabalho 44 horas por semana. No entanto, o homem precisava ficar aguardando escala e, em alguns dias, trabalhava cerca de 2 horas por falta de movimento. Segundo o ministro Vieira de Mello Filho, relator do caso, “essa forma de contratação beneficia apenas o empregador, infringindo, “inequivocamente”, os princípios de proteção ao trabalhador e da dignidade da pessoa humana. Para ele, o contrato como estipulado “objetiva desvirtuar, impedir ou fraudar a aplicação dos preceitos contidos na CLT”, e, portanto, é nulo.

Roberth Costa[email protected]

De estagiário a redator, produtor, repórter e, desde 2021, coordenador da equipe de redação do BHAZ. Participou do processo de criação do portal em 2012; são 11 anos de aprendizado contínuo. Formado em Publicidade e Propaganda e aventureiro do ‘DDJ’ (Data Driven Journalism). Junto da equipe acumula 10 premiações por reportagens com o ‘DNA’ do BHAZ.

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