Mulher grávida e marido denunciam dona de clínica por agressão; defesa alega ‘calúnia e difamação’

clinica contagem
Casal gravou discussão na clínica (Arquivo pessoal/Letícia Soares)

Um casal denuncia a proprietária de uma clínica particular de Contagem, na região metropolitana de Belo Horizonte, de agressão após uma discussão ocorrida na tarde dessa terça-feira (10). Em um vídeo compartilhado nas redes sociais, o homem que faz a denúncia filma a mulher e, em seguida, seu celular cai no chão e se quebra. A clínica contesta a versão do casal, e alega “calúnia e difamação”.

Tudo aconteceu devido ao prazo de entrega do resultado de um exame e a não devolução de parte do valor pago. A advogada da clínica afirmou ao BHAZ que as agressões não foram comprovadas e que o homem cometeu o crime de “calúnia e difamação”, segundo ela. Um procedimento investigativo foi instaurado pela Polícia Civil.

De acordo com a manicure Letícia Soares, que está grávida e fez exames na Clínica Atual, a mulher teria empurrado o casal, apontado o dedo para os dois, gritado e tirado o celular da mão do homem que a filmava. O casal acionou a Polícia Militar e a denúncia foi oficializada na 131ª Companhia da corporação, em Contagem.

Início da confusão

Ao BHAZ, Letícia explicou que deve dar à luz em até cinco dias, e precisava fazer alguns exames com urgência. Por isso, ela resolveu procurar uma clínica particular e entrou em contato com a Atual. Em conversa pelo WhatsApp, a atendente do local garantiu que o resultado dos exames ficaria pronto em três a quatro dias.

O casal foi até o local nessa terça, pagou pelos exames e Letícia passou pelos procedimentos. “Depois que já tinha pagado, a moça [dona da clínica] disse que o resultado chegaria em sete dias. Eu falei que eles tinham dito que seriam três dias, e que não podia esperar porque até lá o bebê já vai ter nascido”, conta.

“Eu e meu esposo conversamos com ela e explicamos isso, mas ela começou a nos tratar com falta de educação, apontando o dedo e falando que não era obrigada a dar o dinheiro de volta. Ela começou a filmar e apontar para o uniforme do meu esposo, então ele começou a filmar também. Ela foi empurrando e tentando tirar o celular da mão dele, até que ele caiu e quebrou”, completa.

Devolução de dinheiro

Antes da confusão, Letícia foi até um laboratório realizar exames. No entanto, devido às náuseas que sentia deixou de realizar um deles. Conforme registrado na ocorrência, ela foi orientada pelos atendentes do laboratório a pedir o estorno no valor de R$ 30 para a Clínica Atual. A proprietária do estabelecimento não teria aceitado e isso também teria motivado a discussão.

Durante o bate boca, o companheiro de Letícia teria dito que realizaria propaganda negativa sobre a clínica nas redes sociais, pois o prazo de entrega dos exames não seria cumprido.

Versão da clínica

A proprietária da clínica disse à PM que o homem entrou gritando e exigindo o dinheiro de volta. Ela alegou ter sido chamada de “lixo” e que ele prometeu chamar os “colegas” para queimar a clínica. A mulher alegou ter ficado com medo de algo pior acontecer e resolveu fechar a porta de entrada.

Durante o percurso do balcão até a porta, a proprietária falou que foi impedida pelo homem e, por isso, o celular dele acabou caindo no chão. Os relatos apontados foram registrados na ocorrência policial. As ações, segundo a mulher, foram gravadas pelas câmeras do circuito de segurança.

Todos os envolvidos foram levados para a Delegacia de Plantão de Contagem para explicação dos fatos.

‘Calúnia e difamação’

A advogada da Clínica Atual, Ludmila Wolcow, disse ao BHAZ que a proprietária da clínica não recusou a devolver o dinheiro e explicou o que teria sido proposto. “A dona do estabelecimento se prontificou a ressarcir o valor pago pelo exame no prazo de 24 horas. Inconformado com o prazo, o companheiro foi até a clínica e, em tom agressivo, disse que iria denegrir a imagem da clínica nas redes sociais”.

As agressões citadas pela gestante e pelo companheiro dela não foram comprovadas, segundo a advogada. “Ele disse que ela o agrediu, mas, na verdade, não comprovou os fatos. O que configura uma falácia. Pela Constituição Federal temos a presunção de inocência. Quem alega tem que provar. Ele não comprovou o que disse e isso configura crime de calúnia e difamação no Código Penal”, disse em vídeo enviado.

Investigação

A PCMG (Polícia Civil de Minas Gerais) foi procurada pela reportagem e disse ter recebido a ocorrência na noite de ontem. “A PCMG instaurou um procedimento investigativo para apurar os fatos e a investigação tramita na 1ª Delegacia de Polícia Civil de Contagem”, esclareceu em nota.

Nota da PCMG

“A Polícia Civil de Minas Gerais recebeu a ocorrência na noite desta terça-feira (10), em Contagem. Os envolvidos foram encaminhados à Delegacia de Polícia Civil de Plantão do município. A PCMG instaurou um procedimento investigativo para apurar os fatos e a investigação tramita na 1a Delegacia de Polícia Civil de Contagem”.

Sofia Leão[email protected]

Repórter do BHAZ desde 2019 e graduada em jornalismo pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais). Participou de reportagens premiadas pelo Prêmio Cláudio Weber Abramo de Jornalismo de Dados, pela CDL/BH e pelo Prêmio Sebrae de Jornalismo em 2021.

Vitor Fórneas[email protected]

Repórter do BHAZ de maio de 2017 a dezembro de 2021. Jornalista graduado pelo UniBH (Centro Universitário de Belo Horizonte) e com atuação focada nas editorias de Cidades e Política. Teve reportagens agraciadas nos prêmios CDL (2018, 2019 e 2020), Sebrae (2021) e Claudio Weber Abramo de Jornalismo de Dados (2021).

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