Músico denuncia ter sofrido racismo em lanchonete na Savassi

músico denuncia racismo em restaurante
Artista foi confundido com motoboy e denuncia grosseria (Reprodução/@djzeu + @nicosanduiches/Instagram)

O músico e produtor cultural belo-horizontino Elizeu Bianco, mais conhecido como DJ Zeu, denuncia ter sofrido racismo em uma lanchonete na Savassi, que tem como proprietário o chef Leo Paixão. Depois de acionar a PM e registrar um boletim de ocorrência, no dia 13 de novembro, ele compartilhou junto aos seguidores um desabafo sobre o episódio. O caso aconteceu no Nico Sanduíches, na Savassi, Zona Sul de Belo Horizonte.

Zeu contou ao BHAZ que estava na região da Savassi quando parou no Nico Sanduíches para comprar uma água. Ele aguardava em uma fila e foi surpreendido pelo pai de Léo, Heri Buzzati, que também é gerente do local. “Sem saber, eu estava perto do local onde os entregadores retiram os pedidos e ele, o pai, foi muito grosseiro”, relatou.

De acordo com o músico, Heri Buzzati pensou que ele era um motoboy que estaria recolhendo pedidos feitos por aplicativos de entrega. Para Zeu, o racismo estrutural levou o gerente a pensar que ele, como homem negro, não seria um cliente do restaurante. “As pessoas me veem, por conta da estrutura racista, como alguém sempre a servir. Eu nem estava com a bolsa do iFood nas costas”, pontuou.

Mas o maior problema, segundo o músico, foi a grosseria por parte do pai do chef do restaurante. “O que me chateou foi a forma como ele falou comigo e deve falar com outros motoboys. Ele foi extremamente grosso, foi um descaso, uma humilhação. Eu fiquei p*** da vida por saber que os motoboys são tratados desse jeito”, afirmou Zeu.

Denúncia

O músico gravou um vídeo no local e denunciou o caso em sua conta no Instagram. “Sempre lutamos pelo mínimo, lutamos pelo direito de ser tratados como seres humanos. Estou expondo essa situação para que amanhã os nosso filhos e filhas saibam como combater o racismo!”, escreveu ele na legenda.

Depois de expor o caso na internet, Zeu foi bloqueado pela conta do estabelecimento na rede social, o que ele considera um posicionamento absurdo por parte dos responsáveis. O músico recebeu várias mensagens de apoio de internautas e, de acordo com ele, várias pessoas também foram bloqueadas pela conta do Nico Sanduíches no Instagram.

O boletim de ocorrência foi registrado após a vítima chamar a polícia para o local, e a denúncia foi formalizada. “Tem que levar à Justiça, o que as mulheres passam com machismo, o que o preto passa com racismo. Muita gente não tem noção do que é lei, não conhece os próprios direitos”, argumentou Zeu.

“A gente está na cidade mais racista do Brasil, isso é o coronelismo que vive em Belo Horizonte. Acham que mandam nas pessoas, esse lance de ‘patrão’ caiu há tempos, hoje em dia é líder. Uma das funcionárias até pediu conta do restaurante no dia, disse que o homem é extremamente grosso com as pessoas”, finalizou o DJ.

Curso de requalificação

Procurado pelo BHAZ, o chef Leo Paixão enviou uma nota (leia na íntegra abaixo) em que garante que o grupo de restaurantes repudia “toda e qualquer forma de preconceito e racismo”. De acordo com o comunicado, o gerente do estabelecimento, e pai do chef, se confundiu e pediu desculpas repetidas vezes.

“Diante do que houve, implementaremos ações para que tal não se repita. Todos nossos colaboradores, sem exceção, passarão por um curso de requalificação de relacionamento com o público, com orientações específicas sobre o atendimento a clientes e prestadores de serviço”, diz a nota enviada pelo proprietário do restaurante.

Além disso, o chef enviou um vídeo que mostra toda a interação entre o músico e o gerente, registrado pelas câmeras internas do estabelecimento. Confira:

Nota do chef Leo Paixão

“Nosso grupo de restaurantes repudia toda e qualquer forma de preconceito e racismo. No fato citado pela reportagem, o atendente, idoso, se confundiu e, após notar o que havia ocorrido, imediatamente pediu desculpas, repetidas vezes. Essa é a primeira denúncia do tipo em mais de 8 anos de atividades do grupo. Diante do que houve, implementaremos ações para que tal não se repita. Todos nossos colaboradores, sem exceção, passarão por um curso de requalificação de relacionamento com o público, com orientações específicas sobre o atendimento a clientes e prestadores de serviço”.

Edição: Thiago Ricci
Roberth Costa[email protected]

De estagiário a redator, produtor, repórter e, desde 2021, coordenador da equipe de redação do BHAZ. Participou do processo de criação do portal em 2012; são 11 anos de aprendizado contínuo. Formado em Publicidade e Propaganda e aventureiro do ‘DDJ’ (Data Driven Journalism). Junto da equipe acumula 10 premiações por reportagens com o ‘DNA’ do BHAZ.

Sofia Leão[email protected]

Repórter do BHAZ desde 2019 e graduada em jornalismo pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais). Participou de reportagens premiadas pelo Prêmio Cláudio Weber Abramo de Jornalismo de Dados, pela CDL/BH e pelo Prêmio Sebrae de Jornalismo em 2021.

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