Apesar de as relações terem se modernizado com o passar dos anos, encontrar um amor para toda a vida continua sendo o sonho de muita gente. Moradora de Belo Horizonte, a artesã Joana D’arc mal poderia esperar que esse encontro viria de um site de relacionamento evangélico, em 2009, e se transformaria em uma história de amor digna de cinema.
Ao BHAZ, a artesã de 45 anos conta que, desde 2013, foi diagnosticada com câncer de mama quatro vezes. Uma das suas principais fortalezas durante esse período tem sido o marido, Júlio Thibau, com quem ela divide a luta contra a doença.
“Eu acho que Deus tem me confundindo como Rambo. Logo no início a gente se gostou, começamos a pensar o que iríamos fazer pra casar. Em meados de 2013 começamos a nos programar, tava deixando os cabelos crescerem para fazer um penteado diferente. Mas no final daquele ano percebi que a mama tava diferente, enrijecida, às vezes ficava ate dolorida, então procurei minha ginecologista”, conta ela.
‘Queria casar de qualquer jeito’
Preocupado com a saúde de Joana, Júlio soube do diagnóstico positivo para câncer de mama antes mesmo da esposa. Ao abrir o envelope com o resultados dos exames, no entanto, ele não fazia ideia de como iria dar a notícia a ela.
“Fiz os exames de imagem e biopsia e, quando saiu o resultado, o Júlio correu para pegar antes que eu. Na hora que ele viu, não conseguiu nem saiu do lugar. Ele conta que abriu o envelope dentro do carro e lá ficou durante um bom tempo”, relembra Joana.
Finalizado o tratamento no Hospital Semper, 16 sessões de quimioterapia e 30 de radioterapia depois, o casal finalmente pôde realizar o sonho de “juntar as escovas de dente”. “Ele queria casar comigo de qualquer jeito”, brincou ela.
“Quando finalizei o tratamento em 2015, os cabelos cresceram e o Júlio disse: ‘Agora nos vamos casar’. Casei com o cabelo igual de neném recém-nascido, bem curtinho, até hoje a gente não casou no religioso”.
Novos sustos
Após o primeiro “baque”, um novo susto veio em 2018 quando Joana identificou um caroço no seio, por baixo da cicatriz da primeira cirurgia. A notícia de um novo câncer em estado inicial se repetiu por mais duas vezes, a última no ano passado, e a artesã garante que, sem o marido, seria difícil atravessar todos esses momentos.
“Ele ficava triste, mas eu falava com ele pra ficar tranquilo que iria passar e a gente iria rir e comemorar depois. Obviamente, mesmo eu sendo uma pessoa muito positiva, se eu não tivesse uma pessoa como ele ao meu lado seria difícil de aguentar. Ele fez questão de acompanhar tudo, queria estar presente caso eu passasse mal, um porto seguro realmente”, conta ela, emocionada.
Ao BHAZ, a artesã conta que em sua trajetória de luta contra o câncer conheceu várias mulheres que foram abandonadas pelos companheiros durante o tratamento. Na visão dela, o amor de verdade deve estar presente “na saúde e na doença”, como bem diz o ditado.
“Eu acho que a gente tem que ser livre, a gente dá liberdade um pro outro, compartilha tudo, nossa relação tem muito diálogo e isso ajuda muito. Tenho pra mim que sou um álibi, porque quem ama e faz jus ao ‘até que a morte nos separe’, sabe que a gente enfrenta coisas boas e também as ruins”, finaliza ela.