A Polícia Civil deflagrou, na manhã desta sexta-feira (4), uma operação contra empresários suspeitos de sonegar pelo menos R$ 115 milhões em impostos por meio de empresas de fachada. Mandados de busca e apreensão foram cumpridos em diferentes bairros de Belo Horizonte e na CeasaMinas (Central de Abastecimento de Minas Gerais), em Contagem.
Os alvos são três irmãos — dois homens e uma mulher — que, além da sonegação de impostos, também são suspeitos de crime de usura, ou agiotagem. Eles ainda usaram os nomes de laranjas para abrir novas empresas. De acordo com a delegada Fernanda Fiúza, um deles foi preso nesta manhã.
A corporação administrada pelos suspeitos atuava como uma empresa de factoring, que compra títulos de contas a receber de outras empresas, e cujo escritório funcionava de fachada na Ceasa. No entanto, segundo a Polícia Civil, eles cobravam juros abusivos, o que acabou se configurando como agiotagem.
“Eram cobrados juros altíssimos, e a partir desses juros, se somava uma quantia muito grande de dinheiro. Esse dinheiro era lavado com empresas de fachada. Abriam [empresas], faziam aquela lavagem de dinheiro, depois as empresas fechavam, abriam outra empresa, e assim por diante”, explica a delegada.
Busca e apreensão
A operação contra os empresários resultou também na apreensão de uma arma de fogo, cerca de R$ 80 mil em dinheiro, e mais outros valores que ainda serão somados pela corporação. A polícia também encontrou várias notas promissórias, cujos valores ultrapassavam R$ 800 mil, além de cheques em branco já assinados.
Os endereços, além do escritório na Ceasa, eram as residências dois três irmãos. Apenas um deles foi encontrado, e foi na casa dele que a maior quantia de dinheiro foi apreendida. “Inclusive, no ato da entrada dos policiais, ele tentou esconder as notas [promissórias]”, acrescenta a delegada.
Ainda segundo Fernanda Fiúza, o valor de cerca de R$ 115 milhões sonegados deve ser ainda maior, já que ele corresponde apenas ao levantamento do Coaf (Conselho de Controle de Atividades Financeiras) relativo a um ano. Como os irmãos são suspeitos de atuar dessa forma há aproximadamente 20 anos, o rombo ainda será calculado.
A princípio, o suspeito preso responderá pelos crimes de lavagem de dinheiro e de usura e pode ser condenado a até 12 anos de prisão. A Polícia Civil também vai investigar se os clientes da empresa de factoring serão responsabilizados.