Paulo Vaz, policial e ativista trans de BH, é homenageado na Praça da Liberdade

paulo vaz homenagem bh
´Paulo faz foi homenageado ontem em Belo Horizonte (Reprodução/@popo_vaz/Instagram + Reprodução/@solmartinnns/Twitter)

O policial civil Paulo Vaz, homem trans, ativista da causa LGBTQIA+ e investigador, foi homenageado na Praça da Liberdade, ontem (10), quase um mês após sua morte. Paulo – mais conhecido como Popó – tinha 36 anos e morreu no último dia 14. Uma perda que expõe a necessidade da sociedade falar cada vez mais sobre transfobia e depressão.

A homenagem reuniu dezenas de pessoas ligadas à comunidade LGBTQIA+ na tarde desse domingo. “Acho importante ressaltar a importância de se debater acerca da saúde mental de pessoas LGBT+. Depressão e ansiedade atingem as pessoas LGBT de forma mais intensificada”, escreveu no Twitter Ana Sol, que acompanhou o ato ontem.

A homenagem também foi divulgada pelo youtuber Pedro HMC, com quem Paulo era casado. Os dois tinham um relacionamento não-monogâmico, aberto.

Apesar de ser natural de Belo Horizonte, Popó morava na capital paulista, já que atuava como investigador da Polícia Civil de São Paulo.

“Amado amigo, companheiro de lutas, de sorrisos… saudade! Foi um homem trans pioneiro no ativismo pelos direitos humanos de pessoas trans em Belo Horizonte e em todo o Brasil. Popo Vaz, presente! Hoje e sempre”, diz trecho da divulgação do ato.

Fefito contou sobre últimos dias de Paulo

O jornalista Fefito, do portal UOL, publicou um artigo sobre Paulo Vaz dois dias após sua morte. No texto, ele traz cenários importantes para a causa trans e ainda fala sobre as últimas horas de vida do ativista. Segundo a Agência Senado, no Brasil, a expectativa de vida de uma pessoa trans é de 35 anos. Já médica nacional para pessoas cisgêneras é de 75,5 anos. O relatório “Transexualidades e Saúde Pública no Brasil” mostra que 85,7% dos homens trans já pensaram em suicídio ou tentaram cometer o ato.

“As redes sociais, nos últimos tempos, têm fator decisivo muitas vezes. É grande a quantidade de pessoas que encontram licença para a LGBTfobia nesses espaços sem receber punição. Desde o último domingo (13/03), Popó se deparou com muitas dessas mensagens”, disse o jornalista no artigo.

Um dia antes de morrer, Pedro HMC teve um vídeo íntimo ao lado de outro homem publicado no Instagram. Após a repercussão do post, o casal passou a ser alvo de ataques homofóbicos. Fefito conta que chegou a conversar por vídeo com Paulo após o vazamento das imagens.

“É novidade que tem escrota e transfóbica no Twitter? Não. Você precisa ler isso e ficar triste num domingo à noite? Não. Então sai do Twitter já e nem lê nada”, falou o jornalista a Paulo Vaz. O policial respondeu dizendo que já havia lido os comentários.

O jornalista conta que na manhã do dia seguinte mandou áudio de bom dia, “achando que ia animar o dia dele. Pensei que ainda estava dormindo”. Ele conta que entrou em duas reuniões e numa transmissão ao vivo. “Assim que saí, abri os stories e o primeiro a aparecer era o dele. Apenas para amigos, ele deixou claro o quanto aquele tweet em específico o afetou. No aberto, uma mensagem com seu endereço. Liguei para amigos em comum e fomos voando para a casa dele, já que ele não respondia e não atendia o telefone”. Contudo, já era tarde. Leia o artigo completo aqui.

Vitor Fernandes[email protected]

Sub-editor, no BHAZ desde fevereiro de 2017. Jornalista graduado pela PUC Minas, com experiência em redações de veículos de comunicação. Trabalhou na gestão de redes do interior da Rede Minas e na parte esportiva do Portal UOL. Com reportagens vencedoras nos prêmios CDL (2018, 2019, 2020 e 2022), Sindibel (2019), Sebrae (2021) e Claudio Weber Abramo de Jornalismo de Dados (2021).

SIGA O BHAZ NO INSTAGRAM!

O BHAZ está com uma conta nova no Instagram.

Vem seguir a gente e saber tudo o que rola em BH!