PBH pede paralisação de obra na rua Musas após moradores reclamarem de sujeira provocada por terra

rua musas
Segundo moradores, a terra utilizada na atividade tem invadido as casas e que a movimentação de tratores teria provocado rachaduras (Magda Guadalupe/Arquivo pessoal)

Uma obra realizada em um terreno da rua Musas tem tirado o sono dos moradores do bairro Santa Lúcia, na região Centro-Sul de Belo Horizonte, ao longo desta semana. O lote, antiga propriedade da PBH (Prefeitura de Belo Horizonte), fica localizado próximo a BR-356 e está sendo revitalizado pelo atual proprietário, que pretende tornar o espaço um local de recreação (veja abaixo).

Quem vive na região, no entanto, reclama que a terra utilizada na atividade tem invadido as casas e que, além disso, a movimentação de caminhões e tratores teria provocado rachaduras na estrutura dos imóveis próximos. Em nota enviada ao BHAZ, a prefeitura informou que uma equipe de fiscalização esteve no local e observou “grande movimentação de terra sem o devido licenciamento”.

Desta forma, a obra deverá ser paralisada por ordem do Executivo. Em conversa com a reportagem, a professora universitária Magda Guadalupe, moradora da rua, disse que o empreendimento tem trazido muitos transtornos a ela e para famílias vizinhas.

“Os vizinhos das ruas de cima – Cosmos e Lua – estão preocupados, toda vez que os tratores e caminhões passam as casas estão sofrendo trepidação e a sujeira das casas está incontrolável. Os vizinhos estão ficando doentes, estão preocupados com as rachaduras das casas”, relata.

A fachada das casas e até mesmo as plantas não saíram ilesas da poeira (Magna Guadalupe/Arquivo pessoal)

Problemas antigos

O espaço, que antes pertencia à prefeitura, foi vendido em 2013 a uma empresa privada. Na época, se especulava sobre a construção de um hotel no local, ideia que foi descartada pelos proprietários do espaço após reivindicação popular.

Desde então, o lote já abrigou diferentes atividades, como um circo, feiras de automóveis e também já foi usado como estacionamento. Em 2020, um evento promovido pela Igreja Batista da Lagoinha Vila da Serra – que pretendia reunir centenas de fiéis no local em um modelo “drive-in” – motivou uma notificação do Ministério Público, além de revoltar os moradores das redondezas (relembre aqui).

“Esse lote vago sempre foi um problema, porque é um lugar em que parece que tudo pode ser feito. Atualmente está sendo feita uma obra que está trazendo grandes transtornos aos moradores porque, em primeiro lugar, não tem nenhuma fiscalização da prefeitura nem nenhum tipo de placa do Crea (Conselho Regional de Engenharia e Agronomia), é como se ela não fosse regulamentada”, lamentou Magda, ao BHAZ.

O que diz o proprietário?

Também nesta tarde, o BHAZ conversou com Elias Tergilene Pinto Junior, proprietário do local. Segundo ele, não será construída nenhuma edificação no local. Elias diz que a obra é um reparo emergencial exigido pelos próprios moradores para conter o estrago provocado pelas chuvas na região.

“Toda hora é uma especulação. É um terreno de grande visibilidade. Eu acho engraçado que foram eles [os moradores] mesmos que pediram para a gente limpar o terreno para fazer a drenagem da água, para não deixar a enxurrada vir e levar barro para a avenida Nossa Senhora do Carmo. Nós fizemos a drenagem pluvial, fizemos a limpeza, vamos colocar grama e vamos fazer o paisagismo”, contou ele.

O empresário garante, ainda, que tem tido contato direto e frequente com a população, mas que os próprios moradores parecem não chegar a um consenso sobre o terreno. De acordo com ele, a previsão era de que a obra termine daqui a quatro dias e ele explica que funcionários tem jogado água na rua para conter a poeira.

“Todo o dia eu passo de manhã e eles vão lá, conversam comigo, brincam. Acho que eles mesmo não estão se entendendo entre eles, mas eu converso com todo mundo, sempre estou lá e tô achando estranho porque fizeram muitas denúncias ao Ministério Pública buscando essa obra emergencial”, disse.

Edição: Roberth Costa
Larissa Reis[email protected]

Graduada em jornalismo pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) e repórter do BHAZ desde 2021. Vencedora do 13° Prêmio Jovem Jornalista Fernando Pacheco Jordão, idealizado pelo Instituto Vladimir Herzog. Também participou de reportagem premiada pela CDL/BH em 2022.

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