Entenda estratégia para combate a dengue em Belo Horizonte

Ação de combate às doenças transmitidas pelo Aedes aegypti
Projeto busca liberar mosquitos com capacidade reduzida para transmitir as doenças (PBH/Divulgação)

A PBH (Prefeitura de Belo Horizonte) está reforçando as ações de combate às doenças transmitidas pelo mosquito Aedes aegypti. De 2021 para 2022, aumentaram os casos de dengue e chikungunya na capital mineira.

De acordo com o Subsecretário de Promoção e Vigilância à Saúde de BH, Fabiano Pimenta, a administração municipal busca intensificar as medidas no período entre janeiro e abril, quando a incidência das doenças é maior.

Ele apresentou, nesta quinta-feira (12), os resultados das últimas ações e trouxe uma perspectiva para o ano de 2023. Segundo Pimenta, a principal iniciativa no combate às doenças transmitidas pelo Aedes aegypti com base em evidências científicas é o uso da bactéria Wolbachia.

Também participaram de coletiva de imprensa nesta manhã o prefeito Fuad Noman (PSD); a secretária Municipal de Saúde, Cláudia Navarro; o pesquisador Luciano Moreira, do Instituto René Rachou da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz-Minas); e Agentes de Combate a Endemias (ACEs).

Projeto Wolbachia

O projeto Wolbachia, uma parceria da PBH com a Fiocruz-Minas e o World Mosquito Program (WMP), busca liberar mosquitos com capacidade reduzida para transmitir as doenças (entenda abaixo como funciona).

Os mosquitos Aedes aegypti com a bactéria Wolbachia são produzidos no insetário da prefeitura e começaram a ser liberados em outubro de 2020, em bairros da região de Venda Nova. A escolha dos bairros se deu após análise das séries históricas de infestação pelos mosquitos e incidência das doenças.

O projeto continuou liberando os mosquitos ao longo de 2021, como parte de um estudo clínico randomizado RCT, conduzido pela Universidade Federal de Minas Gerais e apoiado pela Universidade de Emory, dos Estados Unidos.

Em outubro do ano passado, começou a terceira etapa do projeto Wolbachia, expandindo a soltura dos animais para sete regionais da cidade, o que ainda está em andamento. De outubro a dezembro, aproximadamente 5 milhões de mosquitos foram liberados nas regionais Barreiro, Centro Sul, Oeste, Noroeste, Norte e Pampulha.

As regionais Leste, Nordeste e Venda Nova já participaram do projeto com solturas do mosquito na primeira fase do projeto Wolbachia.

Como funciona?

A Wolbachia é uma bactéria que não pode ser transmitida para humanos ou animais. O método Wolbachia é natural, não coloca os ecossistemas naturais em risco e é autossustentável. Nem os mosquitos nem a Wolbachia sofreram qualquer modificação genética.

Os mosquitos que carregam a bactéria têm a capacidade reduzida de transmitir os vírus para as pessoas, diminuindo o risco das doenças. Quando os animais com a Wolbachia são liberados no ambiente, eles se reproduzem com os “mosquitos de campo” e ajudam a criar uma nova geração que carrega a bactéria.

Depois de 16 a 20 semanas de soltura dos mosquitos com a Wolbachia, espera-se que a população de mosquito nativa seja superada pelos mosquitos com a bactéria.

Combate a endemias

Ainda segundo a prefeitura, além do projeto Wolbachia, o trabalho de campo dos agentes de combate a endemias segue uma programação de vistorias nas quais um mesmo imóvel é visitado, em média, a cada dois meses e meio. Em 2022, os ACEs realizaram cerca de 4 milhões de vistorias.

A Secretaria Municipal de Saúde (SMSA) também realiza a aplicação de inseticida a ultrabaixo volume (UBV) para o combate a mosquitos adultos, que transmitem os vírus, em áreas com casos suspeitos de transmissão local.

Em 2022, cerca de 23 mil imóveis da capital receberam ações com uso UBV.

A identificação de focos também é feita com o uso de drones, cujas imagens permitem a identificação de possíveis focos em locais de difícil acesso para as equipes de ACEs.

Os drones também são utilizados para a aplicação de larvicida diretamente nos locais de risco, quando o acesso é difícil para a equipe de Zoonoses. Até o momento, foram realizados 143 sobrevoos com a identificação de quase 17 mil prováveis focos em potencial nas nove regionais de BH.

Casos de dengue, chikungunya e mais

Em 2022, em Belo Horizonte, foram confirmados 1.214 casos de dengue e 1 óbito pela doença. Já em Minas Gerais, foram confirmados 71 mil casos da dengue e 66 óbitos. No Brasil foram mais de 1,4 milhões de casos confirmados da doença e 978 óbitos.

Veja os números das doenças transmitidas pelo Aedes Aegypti em BH ao longo dos anos:

Dengue

AnoCasos confirmadosÓbitos
20221.2141
20211.0720
20205.0821
2019116.26641
20185160

Chikungunya

AnoCasos confirmadosÓbitos
20221060
2021520
2020450
2019800
2018420

Zika

AnoCasos confirmadosÓbitos
202200
202100
202000
201940
201870

Febre amarela

AnoCasos confirmadosÓbitos
202200
202100
202000
201900
2018154
Sofia Leão[email protected]

Repórter do BHAZ desde 2019 e graduada em jornalismo pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais). Participou de reportagens premiadas pelo Prêmio Cláudio Weber Abramo de Jornalismo de Dados, pela CDL/BH e pelo Prêmio Sebrae de Jornalismo em 2021.

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