Polícia Federal é acionada após candidato ameaçar UFMG por ter sido reprovado em critério de cota racial

Foca Lisboa/UFMG

A Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) acionou a Polícia Federal, na tarde desta quarta-feira (20), após receber mensagens ameaçadoras de um candidato que supostamente não foi aprovado para entrar na instituição por meio de cota.

A ameaça coincide com uma mudança histórica implementada pela universidade para este ano: um procedimento complementar de heteroidentificação racial (de origem grega, o radical “hetero” encerra a ideia de “outro”). Em outras palavras, os aprovados pela reserva de vagas passaram por uma banca antes de ter o registro deferido (leia mais abaixo).

Hoje, informações não confirmadas sobre as ameaças foram disseminadas pelas redes sociais, dando conta até de que uma estrutura do campus Pampulha – o Centro de Atividades Didáticas (Cad) 2 – havia sido isolada, com mobilização de viaturas da polícia.

A UFMG confirma as ameaças, mas descarta que a instituição de ensino tenha sofrido qualquer isolamento ou até mesmo sido palco de mobilização policial.

“As matrículas ocorrem normalmente e não há qualquer alteração na rotina da universidade”, afirma, por nota (leia na íntegra abaixo). As ameaças, segundo a UFMG, foram enviadas de forma anônimo para um endereço eletrônico institucional.

“A Universidade identificou o IP da conexão que foi utilizada para enviar as mensagens e acionou a Polícia Federal, a quem cabe as investigações”, diz.

Os rumores sobre a atuação da polícia no campus da Pampulha geraram temor em alunos, docentes e envolvidos:

https://twitter.com/marquin77037291/status/1108454218736852992

Contudo, as informações foram desmentidas pela universidade, que ainda postou uma foto do CAD 2 sem nenhum tumulto aparente.

Heteroidentificação racial

Pela primeira vez, além de fazer a autodeclaração e redigir carta consubstanciada, os candidatos autodeclarados negros ou indígenas precisaram passar por comissão de heteroidentificação racial.

Houve também alteração na seleção dos candidatos com deficiência, que foram atendidos, no dia do registro acadêmico presencial, por banca de validação, sob a coordenação do Núcleo de Acessibilidade e Inclusão (NAI).

Sobre a cota racial, por exemplo, uma comissão formada por cinco pessoas da comunidade acadêmica avaliou o fenótipo de cada candidato e decidiu se ele “tinha características fenotípicas associadas à população negra”, explica o professor Rodrigo Ednilson, que é presidente da Comissão Permanente de Ações Afirmativas e Inclusão da UFMG.

Segundo ele, os candidatos que tiveram a matrícula indeferida pela comissão de heteroidentificação racial podem entrar com pedido de recurso e serão convocados para passar por outra comissão, que também vai avaliar suas características fenotípicas.

Para o SISU 2019 foram 965 candidatos e candidatas, sendo que 885 passaram pela Heteroidentificação e cujo comparecimento era obrigatório conforme consta do Edital do SISU/UFMG. Desses, 549 foram confirmados o fenótipo negro e 346 foram indeferidos.

Nota da UFMG na íntegra:

“A UFMG recebeu mensagens em tom ameaçador, enviadas a uma caixa de correio eletrônico institucional por um usuário anônimo, supostamente não aprovado para ingresso em alguma modalidade de reserva de vaga. A Universidade identificou o IP da conexão que foi utilizada para enviar as mensagens e acionou a Polícia Federal, a quem cabe as investigações. As matrículas ocorrem normalmente e não há qualquer alteração na rotina da universidade”.

Vitor Fernandes[email protected]

Sub-editor, no BHAZ desde fevereiro de 2017. Jornalista graduado pela PUC Minas, com experiência em redações de veículos de comunicação. Trabalhou na gestão de redes do interior da Rede Minas e na parte esportiva do Portal UOL. Com reportagens vencedoras nos prêmios CDL (2018, 2019, 2020 e 2022), Sindibel (2019), Sebrae (2021) e Claudio Weber Abramo de Jornalismo de Dados (2021).

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