Polícia invade casa errada e mata cão com tiro em BH; agentes alegam legítima defesa

24/04/2025 às 16h40 - Atualizado em 24/04/2025 às 16h41
(Arquivo pessoal)

Um cão da raça pastor alemão acabou morto com um tiro depois que agentes da Polícia Civil de Minas Gerais invadiram uma casa por engano no bairro Jaqueline, na região Norte de Belo Horizonte, na manhã desta quinta-feira (24). Aos tutores, os policiais informaram que cumpriam um mandado de busca e apreensão contra um suspeito, mas só depois da entrada na residência constataram que o homem procurado não morava ali. Em nota, o órgão diz que os agentes agiram em legítima defesa.

Ao BHAZ, a tutora Michelle Pereira dos Santos contou que foi acordada por volta das 6h da manhã com barulhos no portão. “O cachorro ficou agitado e eu tomei um susto quando ouvi o barulho deles invadindo. Na hora, ele avançou e eu só ouvi o tiro”, relembra.

Em nota, a Polícia Civil informou que o agente disparou contra o animal para conter um ataque do pastor alemão. Leia o texto completo abaixo.

“Eles mandaram que todo mundo colocasse a mão na cabeça, disseram que estavam cumprindo um mandado de busca e apreensão. Meu marido pediu para ver o documento e depois eles viram que ninguém ali conhecia o homem que estavam procurando. Eu estava desesperada querendo ver meu cachorro”.

O cão Brutus estava com a família há quatro anos e agia como cão de guarda da família. “Ele era um cão de guarda, mas era dócil com a gente. Meu irmão, meus sobrinhos vinham aqui. Mas é óbvio que se alguém entrar sem autorização ele vai avançar”, completa.

Michelle filmou a ação dos policiais e compartilhou nas redes sociais:

A autônoma conta que chegou a questionar os policiais sobre a morte do animal, mas os agentes afirmaram que estavam agindo em legítima defesa e que “cometeram um erro”, sem prestar assistência à família.

“A gente está desolado, não sabemos o que fazer. Meu filho de 9 anos disse ‘não quero ser policial quando crescer, porque eles são covardes’. Quero responsabilidade, acho que faltou preparação, porque estavam totalmente despreparados”.

Michelle acionou a Polícia Militar e uma equipe de perícia da Polícia Civil também compareceu ao local.

Vereador solicita investigação

O caso motivou a solicitação de uma investigação junto à Corregedoria-Geral da Polícia Civil de Minas Gerais. Em ofício, o vereador de Belo Horizonte Osvaldo Lopes pede a identificação e responsabilização dos agentes envolvidos na morte do animal.

O vereador classificou a ação como inadmissível e lembrou que, além da violação dos direitos dos animais, o caso configura afronta à inviolabilidade do domicílio e à dignidade da família atingida.

“O erro grotesco dessa operação destruiu uma família. Mataram um animal amado e deixaram uma marca de dor profunda em quem nada tinha a ver com a ação policial”, diz em trecho do documento.

Nota da Polícia Civil na íntegra

A Polícia Civil de Minas Gerais (PCMG) informa que, na data de hoje (24), foi dado cumprimento a um mandado de busca e apreensão em endereço previamente identificado. Ao chegarem ao local, as equipes policiais se depararam com um portão de ferro aberto e diversos cães no interior do quintal da residência.

Durante a aproximação, observou-se que os animais apresentavam comportamento agitado. Com o intuito de preservar a integridade dos policiais e minimizar qualquer risco, foi utilizado spray de pimenta na tentativa de conter os cães. Apesar da medida, os animais não recuaram.

No momento em que um dos agentes empurrou levemente o portão para visualizar o interior da casa, um cão da raça pastor alemão, de grande porte, conseguiu sair para a rua e investiu contra o policial. Diante da iminente ameaça, o agente efetuou um disparo, atingindo o animal, que infelizmente morreu.

Prontamente, a equipe prestou os devidos esclarecimentos à família residente no local e apresentou o mandado judicial.

Reforçamos o compromisso da Polícia Civil com a legalidade, o respeito aos direitos dos cidadãos e à integridade de todos os envolvidos em suas ações.

Isabella Guasti

Jornalista graduada pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) e repórter do BHAZ desde 2021. Participou de reportagem premiada pela CDL/BH em 2022 e também de reportagem premiada pelo Sebrae Minas em 2023. Vencedora do prêmio CDL/BH de jornalismo 2024.

Isabella Guasti

Email: [email protected]

Jornalista graduada pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) e repórter do BHAZ desde 2021. Participou de reportagem premiada pela CDL/BH em 2022 e também de reportagem premiada pelo Sebrae Minas em 2023. Vencedora do prêmio CDL/BH de jornalismo 2024.

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