Polícia irá investigar mulheres que cometeram aborto em clínica clandestina

Com a confissão de mulheres que cometeram aborto na clínica clandestina de Elizabete Alves Menezes, no bairro Caiçara, a mulher foi indiciada pela polícia e responderá à formação de quadrilha, exercício ilegal da medicina e distribuição de medicamento ilegal – o mais grave, segundo o delegado -, cuja pena pode chegar a 15 anos.

Pelo que indicam as investigações, existe uma grande cadeia de pessoas envolvidas nos crimes, incluindo médicos e farmacêuticos. O caso começou a ser investigado na Corregedoria da Polícia Civil para apurar o envolvimento de um ex-policial que teria procurado a mulher para fazer um aborto em sua companheira. A polícia foi até o local e encontrou a falsa médica e a mulher, mas não houve flagrante, já que o procedimento não foi realizado.

No local, também foi encontrado um caderno com registros de aborto desde março de 2012. “Ela anotava todas as ligações que recebia por dia e contabilizava todos os abortos que fazia, com nomes das pessoas, quem indicava, médicos que consultou, exames que fez, tempo de gravidez”, explica Rodrigo Bossi. “A partir daí, só pela leitura do caderno, descobrimos várias mulheres que supostamente teriam feito abortos. Contabilizamos 120 abortos desde março de 2012”.

Por meio do caderno, a polícia conseguiu identificar duas mulheres que foram até a delegacia e confessaram ter abortado com ajuda da mulher e apoio dos parceiros. Elas foram indiciadas por aborto consentido, assim como os homens, como partícipes no crime.

Segundo o Estado de Minas, as investigações prosseguem agora na Delegacia Regional Noroeste, na tentativa de identificar mais mulheres. Rodrigo Bossi diz que a investigação vem resguardando as suspeitas, entrando em contato com elas por telefone ou internet para preservar a imagem. “Porque o risco social da divulgação disso é muito mais prejudicial do que a pena advinda do processo. Porque elas vão ser processadas e no final, condenadas, vão ter pena de prestação de serviço comunitário ou pagar cesta básica. É muito pequena em comparação com o risco social”, detalha Rodrigo Bossi.

“Como nos cadernos tem todas as ligações por dia, quantos abortos.. Quando nós quebrarmos o sigilo vão identificar todas as mulheres. É inevitável, vamos investigar mas vamos identificar”, diz. Assim, para evitar que a polícia precise contatar parentes, companheiros, amigos e vizinhos das mulheres que aparecem na lista, expondo a situação, ele pede que elas procurem espontaneamente a Delegacia Regional Noroeste.

Jéssica Munhoz

Jessica Munhoz é redatora do Portal Bhaz e responsável pela seção Cultura de Rua.

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