A Prefeitura de Belo Horizonte devolverá, neste sábado (11), esculturas recuperadas de alguns dos maiores escritores mineiros. Dentre eles, está a poetisa Henriqueta Lisboa, cuja estátua foi vandalizada em junho do ano passado na Praça da Savassi, na região Centro-Sul.
O início do trajeto será às 10h, na presença de autoridades e convidados. O ponto de partida é em frente à prefeitura, na Praça Professor Alberto Deodato, onde haverá a reinauguração das esculturas de Pedro Nava e Carlos Drummond de Andrade.
Em seguida, o grupo seguirá para a escultura do jornalista e escritor Murilo Rubião, nos jardins da Biblioteca Pública Estadual de Minas Gerais, na Praça da Liberdade. Por fim, o tour celebra o retorno das estátuas de Roberto Drummond e Henriqueta Lisboa, na Savassi.
Recuperação e valorização cultural
A Fundição Artística Ana Vladia, com coordenação do artista Léo Santana, é responsável pela recuperação das esculturas, que foram removidas em novembro de 2022. As artes foram alvo de vandalismo ou, ainda, precisavam de manutenção devido ao desgaste natural.
As esculturas dos escritores mineiros passaram por um processo de remoção da oxidação para a avaliação de avarias nas peças. Assim, foram utilizados jatos de areia e escovação a fim de remover as películas de sujeiras e óleos. Na escultura de Drummond, por exemplo, os artistas realizaram a modelagem, fundição e solda dos óculos do escritor, além da solda da mão direita.
“Estes escritores representam a história e parte da memória da cultura literária de Belo Horizonte e do país. Para a Prefeitura de Belo Horizonte, trazer de volta essas esculturas que já fazem parte da paisagem urbana, totalmente recuperadas, é refazer a ligação desse convívio cotidiano e lúdico com a cidade. Nossa proposta é potencializar o Circuito Literário de Belo Horizonte, destacando a memória e a vocação literária da capital”, afirma Eliane Parreiras, Secretária Municipal de Cultura.
Resposta ao vandalismo
A estátua da poetisa Henriqueta Lisboa é uma das que integram a iniciativa. Ela foi vandalizada em junho do ano passado, momento em que teve os olhos pintados de vermelho. Suas mãos, que seguravam um livro, foram arrancadas.
Lisboa, filha do deputado federal João de Almeida Lisboa e de Maria Rita Vilhena Lisboa, nasceu em Lambari, no Sul de Minas, em 15 de julho de 1901. Ela se formou pelo Colégio Sion, da cidade mineira Campanha, e, em 1924, se mudou para o Rio de Janeiro.
Com “Enternecimento”, publicado em 1929, ela recebeu o Prêmio Olavo Bilac de Poesia da Academia Brasileira de Letras. A escritora aderiu ao Modernismo na década de 1940, fortemente influenciada pela amizade com Mário de Andrade, com quem trocava correspondências entre os anos de 1940 e 1945.
A produção de Henriqueta Lisboa inclui, além da poesia, inúmeras traduções, ensaios e antologias. Ela ainda foi a primeira mulher eleita para a Academia Mineira de Letras em 1963.
