Presos trabalham na restauração da futura Casa do Patrimônio, na Praça Liberdade

Trabalho de restauro é realizado no Prédio Verde, que integra o Circuito Liberdade (Dirceu Aurélio/Seap/Agência Minas)

O imóvel conhecido por Prédio Verde, na Praça da Liberdade, esquina com Rua Gonçalves Dias, em Belo Horizonte, passa por trabalhos de restauração com a contribuição da mão de obra de 20 presos, entre homens e mulheres, que cumprem pena no Complexo Penitenciário Feminino Estevão Pinto e da Casa do Albergado Presidente João Pessoa, ambos localizados na capital.

Assim que o trabalho estiver finalizado, o edifício, quem compõe o Circuito Liberdade, será ocupado pela Casa do Patrimônio Cultural de Minas Gerais. Entre as intervenções estão pintura, revisão da infraestrutura elétrica, recuperação do piso, retorno das estruturas originais, adequação às normas do Corpo de Bombeiros e adequação do ateliê de restauro.

Antes dos trabalhos no Prédio Verde, os presos atuaram na pintura das fachadas de outros imóveis integrantes do Circuito Liberdade: Museu Mineiro e Arquivo Público Mineiro, na Avenida João Pinheiro. Para a atividade, eles participaram de um curso de capacitação profissional ministrado pela equipe da Diretoria de Promoção do Instituto Estadual do Patrimônio Histórico e Artístico de Minas GErais (Iepha-MG), visando à educação profissional e tecnológica dos apenados. Eles aprenderam técnicas de restauração, de preservação de fachada, técnicas de pintura e noções de segurança do trabalho.

Conhecer os prédios e o acervo do Circuito Liberdade também fez parte do programa do curso. “Passei a entender a importância do nosso patrimônio histórico e cultural. Jamais teria visitado tudo isto se não tivesse feito a capacitação”, conta Ademir Fernandes Vieira, de 48 anos.

As mulheres também marcam presença nos trabalhos de pintura, já vislumbrando o retorno ao circuito acompanhadas dos parentes. É o caso da Luiza Aparecida Sobrinho, de 45, mãe de três filhos e avó de um menino. “Vou ter a maior alegria de voltar aqui com minha família, para mostrar o que eu fiz. Tenho certeza que esta experiência de trabalho e o curso vão me ajudar a conseguir emprego, quando terminar de cumprir minha pena”, afirma Luiza.

Diversidade

O diretor de Trabalho e Produção da Seap, Felipe Oliveira Simões, explica que a força de trabalho destes presos está inserida em uma ação mais ampla, denominada Projeto Manutenir. Este projeto consiste na oferta de equipes multidisciplinares compostas por presos com experiência nas áreas de atuação como pedreiros, bombeiros hidráulicos, eletricistas e pintores, com o objetivo de realizar serviços para órgãos do executivo.

Atualmente, há frentes de trabalho com mão de obra prisional na Polícia Militar, Polícia Civil, Seplag, Intendência da Cidade Administrativa, Hospital Eduardo de Menezes e Hospital da Baleia. “As sinergias dentro do próprio Estado devem ser uma constante. O binômio criatividade e inovação é crucial para superarmos a escassez de recursos. Para os presos, além da remição de pena, a presença no projeto representa capacitação profissional e a possibilidade de reinserção social”, destaca Felipe Simões.

Casa do Patrimônio

O prédio da futura Casa do Patrimônio Cultural de Minas Gerais tem arquitetura eclética e faz parte do projeto original da Nova Capital do Estado. São cerca de 9 mil metros quadrados distribuídos em quatro pavimentos, com entrada principal pela Praça da Liberdade e entrada secundária voltada para a Rua Sergipe. Ele foi construído para abrigar a antiga Secretaria de Estado de Viação e Obras Públicas e, nele, funcionou a sede do Iepha-MG, além de outros órgãos públicos. Trata-se do último edifício destinado originalmente às secretarias de Estado a ser restaurado.

“A gente costuma ver apenas o presente, mas aprendi a valorizar o passado e ao mesmo tempo pensar no futuro. As aulas e o convívio com a história, a arte e a arquitetura mexeram comigo”, conta Alef Patrick Pinto da Silva, de 25 anos, um dos mais jovens do grupo de presos em atividade nos trabalhos do Prédio Verde.

As verbas para a restauração do prédio são oriundas do Fundo Estadual de Defesa de Direitos Difusos (Fundif), programa criado para promover a reparação de danos causados ao meio ambiente, a bens e direitos de valor artístico, estético, histórico, turístico e paisagístico. O recurso destinado à intervenção é da ordem de R$ 1,5 milhão.

A Casa do Patrimônio terá galerias para exposições, ateliê-vitrine de restauração de acervos documentais e tridimensionais protegidos e, ainda, núcleo de técnicas construtivas tradicionais. O prédio também prevê espaços de assessoria aos municípios, reuniões dos conselhos de cultura e patrimônio cultural do Estado, reuniões dos comitês de gestão do Circuito Liberdade e comitês das comunidades envolvidas na salvaguarda do patrimônio imaterial.

A ação de restauração integra uma parceria do Governo do Estado, por meio do Iepha-MG e da Secretaria de Administração Prisional (Seap), com a Coral – por meio do programa Tudo de Cor -, a Casa & Tinta, o Sindicato da Indústria da Construção Pesada do Estado de Minas Gerais (Sicepot-MG) e o Grupo Orguel.

Da Agência Minas

 

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