Professores de escolas particulares de BH rejeitam proposta e marcam paralisação para 1º de junho

Professores de escolas particulares
Estado de greve foi aprovado em assembleia do sindicato (Sinpro-MG/Divulgação)

Professores de escolas particulares de Belo Horizonte rejeitaram, por unanimidade, a proposta apresentada pelos donos de escolas nas negociações pelo reajuste da categoria. Em assembleia do Sinpro-MG (Sindicato dos Professores do Estado de Minas Gerais) realizada na manhã desta terça-feira (24), os profissionais decidiram paralisar as atividades na próxima quarta-feira (1º).

Os professores também aprovaram o estado de greve. Com isso, a categoria já pode paralisar as atividades por tempo indeterminado na próxima assembleia, também no dia 1º de junho. A mobilização também contempla escolas de cidades de abrangência da CCT (Convenção Coletiva de Trabalho) do estado.

Os professores reivindicam recomposição salarial de acordo com a inflação acumulada e um ganho real de 5%, manutenção dos direitos previstos na convenção, regulamentação do trabalho virtual, entre outros pontos. A assembleia desta terça foi realizada no pátio da Assembleia Legislativa de Minas Gerais (ALMG).

Reivindicações

O Sinpro-MG argumenta que os donos de escolas querem retirar o desconto da bolsa de quem atrasar a mensalidade, aumentar o número de situações que permitem reduzir a carga horária dos professores sem ter de indenizá-los, entre outras medidas.

A proposta também quer incluir na CCT uma cláusula chamada de “controle alternativo de jornada”. Ainda segundo o sindicato dos professores, ela “cria uma oportunidade para a escola não registrar nem pagar horas extras dos professores, entre outros pontos prejudiciais”.

Os profissionais também se opõem à “divisão” da categoria, que seria feita por meio de uma convenção diferente para os docentes do ensino superior. Em relação ao reajuste, os professores afirmam que o Sinepe-MG (Sindicato das Escolas Particulares de Minas Gerais) ofereceu 5% para a educação básica e 4% para o ensino superior.

“Estamos vivendo para trabalhar, sem tempo para construir outras relações sociais, além de um brutal ataque aos nossos direitos, com a flexibilização das relações de trabalho e a uberização da economia”, afirmou o diretor do Sinpro-MG, Gilson Reis.

Acusação de coação

O Sindicato dos Professores do Estado de Minas Gerais também acusa escolas de assédio moral e intimidação aos professores, supostamente com o objetivo de desmobilizar a categoria. De acordo com a presidente da entidade, algumas instituições chegaram a enviar e-mails aos docentes, pedindo a eles que dissessem por escrito por qual motivo iriam aderir à paralisação.

“São práticas ilegais, antissindicais, com a finalidade de pressionar os professores, para que eles não paralisem as atividades nem participem das assembleias”, afirmou Valéria Morato, que ainda disse que o Sinpro-MG vai acionar a Justiça a respeito do assunto.

Após a assembleia, os professores fizeram uma caminhada pelas ruas do bairro Santo Agostinho e foram até a porta do sindicato patronal, no Centro da cidade.

O que dizem as escolas?

O Sindicato das Escolas Particulares de Minas Gerais informou que a categoria se reúne nesta tarde para dialogar sobre a questão e buscar um acordo. Segundo a entidade, as escolas e os funcionários “se encontram em plena interação em suas negociações”.

O Sinepe-MG defende que a pandemia afetou fortemente o setor e cerca de 40 escolas particulares de ensino que fecharam suas portas na região metropolitana, além dos 12 mil alunos que deixaram a rede privada de ensino.

“Entendemos que, com o histórico de bom senso que possuímos nessas tratativas, e face aos desafios enfrentados por todos neste contexto – instituições particulares de ensino, professores e demais profissionais – chegaremos a um bom termo nessas negociações, com todas as partes sendo contempladas, de forma equilibrada, quanto às nossas demandas, limitações, necessidades e expectativas de sustentabilidade e desenvolvimento contínuos”, aponta o sindicato.

Edição: Roberth Costa
Sofia Leão[email protected]

Repórter do BHAZ desde 2019 e graduada em jornalismo pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais). Participou de reportagens premiadas pelo Prêmio Cláudio Weber Abramo de Jornalismo de Dados, pela CDL/BH e pelo Prêmio Sebrae de Jornalismo em 2021.

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