VÍDEO: Julgamento é adiado em BH após promotor chamar advogada de ‘galinha garnisé’

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Um julgamento foi adiado depois que o promotor de Justiça Francisco Santiago chamou advogada de ‘galinha garnisé’ (Reprodução/Redes sociais)

Um julgamento foi adiado depois que o promotor de Justiça Francisco Santiago, do Ministério Público de Minas Gerais (MPMG), chamou uma advogada de “galinha garnisé” e ainda afirmar que ela faria “striptease” no local. O júri foi no último dia 26 de março.

Ao BHAZ, a advogada Sarah Quinetti disse que quatro advogados homens defendiam o réu, e ela, sozinha, defendendo o corréu. Desde o início do julgamento, ela diz ter percebido que o promotor a tratava com diferença por ela ser mulher. Segundo Sarah, no momento de tréplica, Francisco Santiago teria interrompido sua fala e começado a ofendê-la.

“Foi a minha vez de debater e eu estava explicando para os jurados a minha tese final de defesa. Foi quando ele começou a piorar as ofensas, momento em que ele me faz uma pergunta, me interrompe e eu disse a ele que ele tava me atrapalhando e ele diz o seguinte: ‘você tá igual uma galinha garnisé’ ‘você é uma galinha garnisé'”, disse ela.

Ainda de acordo com a advogada, o promotor perguntou se ela faria um “striptease”. Quando as ofensas se intensificaram, Sarah pegou o celular para gravar. No vídeo, é possível ver uma discussão entre os dois e Francisco chama a advogada de “histérica”.

“Eu tenho 35 anos e 14 de advocacia. Nunca tive nenhum problema com as autoridades nesses 14 anos de advocacia, pelo contrário: só tenho a elogiar as autoridades de Minas Gerais. Esse foi o meu primeiro júri ao lado do ilustre promotor Francisco Santiago. Estava muito feliz de honrada e disse a ele no início do júri”, relembra.

As falas do promotor foram registradas da ata da audiência. O julgamento foi adiado para o dia 5 de julho, e o promotor não vai participar. Até o momento, ele não se manifestou sobre o assunto.

Em nota enviada ao BHAZ , o Ministério Público de Minas Gerais informou que a Corregedoria-Gera, órgão local responsável por analisar eventuais representações relativas a membros da instituição, não recebeu representação que remeta à atuação do promotor de Justiça.

Conselheiros pedem afastamento de promotor

Os representantes da advocacia no Conselho Nacional do Ministério Público (CNMP), conselheiros Rodrigo Badaró e Rogério Varela, solicitaram à corregedoria do órgão o afastamento do promotor de Justiça Francisco de Assis Santiago de sua atuação no tribunal do júri enquanto durarem as apurações sobre sua conduta contra a advogada.

Os conselheiros afirmam que a conduta do promotor “configura grave violação dos deveres funcionais que são impostos por Lei aos Membros do Ministério Público, demonstrando uma completa desconsideração pela dignidade da profissão advocatícia e, por extensão, pelo respeito aos direitos humanos e à igualdade de gênero”.

A fala do promotor contra a advogada é classificada na reclamação como “inadmissível” e “absolutamente inadequada no exercício de ato profissional, tendo o condão de atingir a honra da advogada e depreciar publicamente a figura feminina, reforçando a cultura da misoginia e do machismo estrutural vivenciado na sociedade”.

Larissa Reis[email protected]

Graduada em jornalismo pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) e repórter do BHAZ desde 2021. Vencedora do 13° Prêmio Jovem Jornalista Fernando Pacheco Jordão, idealizado pelo Instituto Vladimir Herzog. Também participou de reportagem premiada pela CDL/BH em 2022.

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