Sindicato anuncia greve de motoristas de ônibus de BH a partir de segunda-feira

Ônibus de BH
(Amanda Dias/BHAZ)

Motoristas de ônibus de BH devem iniciar uma greve a partir da próxima segunda-feira (22). A paralisação foi confirmada pelo STTR-BH (Sindicato dos Trabalhadores Rodoviários de Belo Horizonte), que reivindica um reajuste salarial aos profissionais.

O presidente do sindicato, Paulo César Silva, explicou ao BHAZ que a categoria já está entrando no terceiro ano sem reajustes tradicionais. Os trabalhadores já haviam decretado estado de greve desde a última quinta-feira (11), após decisão feita em assembleia.

No estado de greve, os trabalhadores alertam que podem deflagrar uma paralisação a qualquer momento. “Como ninguém nos chamou para conversar, optamos por já enviar o aviso de greve à prefeitura, às empresas e às forças de segurança, começando à meia-noite da segunda”, diz o presidente.

Nesta sexta-feira (19), às 10h, o prefeito Alexandre Kalil (PSD) vai se reunir com o vice-prefeito Fuad Noman; com o secretário Municipal de Obras e Infraestrutura, Josué Valadão; a BHTrans; a PGM (Procuradoria-Geral do Município) e o Setra-BH (Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros de Belo Horizonte) para tratar sobre o assunto.

Reivindicações

Paulo César Silva defende que os motoristas trabalharam durante toda a pandemia de Covid-19, se expondo a riscos. “Passamos por todas as mazelas, em ônibus cheios sem higienização, cumprimos nosso papel e não recebemos nenhum reajuste”, defende.

O presidente do STTR-BH acredita que os trabalhadores estão mobilizados e que a adesão à greve deve ser de 80% a 90% da categoria. Paulo César ainda pede desculpas à população de BH, usuária dos ônibus, mas afirma que “não tinha outro caminho”.

Os motoristas de ônibus pedem um reajuste de 9% nos salários, além do reajuste do INPC (Índice Nacional de Preços ao Consumidor). Confira as outras reivindicações feitas pelo Sindicato dos Trabalhadores Rodoviários de Belo Horizonte:

  • Ticket de alimentação de R$ 800,00;
  • Pagamento do ticket no atestado;
  • Remoção do banco de horas;
  • Abono salarial 2019/2020;
  • Retirada da limitação do passe livre;
  • Manutenção do passe livre para o afastado;
  • Melhoria no plano de saúde.

O que dizem as empresas?

O Setra-BH informou, por meio de nota, que o setor vem enfrentando “uma crise sem precedentes”. Os representantes das empresas de ônibus afirmam que estão garantindo as operações do serviço público e os empregos dos profissionais do transporte até que a situação financeira possa ser resolvida.

“Entre os anos 2000 e 2007, eram transportados em média 440 milhões de passageiros por ano, já em 2008 esse número caiu para 430 milhões, em 2019 foram 350 milhões de passageiros e, em 2020, descemos ainda mais chegando a 192 milhões de passageiros. As contas não fecham”, diz o presidente do SetraBH, Raul Lycurgo Leite.

O sindicato também afirma que o sistema não teve recomposição tarifária em 2017, 2019 e 2020, mas que concedeu aumento salarial para os rodoviários em 2017 e 2019.

“O Setra-BH destacou que o modelo de gestão estruturado no contrato de 2008, é injusto, principalmente, com o passageiro diário, porque é ele quem banca todos os custos do transporte, inclusive todas as gratuidades porventura existentes”, diz a nota (leia na íntegra abaixo).

Nota do Setra-BH na íntegra

“O Setra-BH informou que o setor vem enfrentando uma crise sem precedentes e que, está garantindo as operações do serviço público e os empregos dos profissionais do transporte, até que a situação financeira possa ser resolvida, inclusive com a participação do titular do serviço público, ou seja, com o Poder Concedente.

O sindicato ressaltou que o sistema não teve recomposição tarifária em 2017, 2019 e 2020. Mas que concedeu aumento salarial para os rodoviários em 2017 e 2019.

O SetraBH destacou que o modelo de gestão estruturado no contrato de 2008, é injusto, principalmente, com o passageiro diário, porque é ele quem banca todos os custos do transporte, inclusive todas as gratuidades porventura existentes. Sendo que, ao contrário, ele deveria ser beneficiado com passagens mais baratas e benefícios, o que não acontece, conforme modelo licitado em 2008.

Estamos diante de um modelo exaurido e sem equilíbrio o sistema não sobrevive, podendo chegar ao colapso, o que já vem ocorrendo em outras cidades brasileiras.

Entre os anos 2000 e 2007, eram transportados em média 440 milhões de passageiros por ano, já em 2008 esse número caiu para 430 milhões, em 2019 foram 350 milhões de passageiros e, em 2020, descemos ainda mais chegando a 192 milhões de passageiros. As contas não fecham, informou o presidente do SetraBH, Raul Lycurgo Leite”.

Edição: Giovanna Fávero
Sofia Leão[email protected]

Repórter do BHAZ desde 2019 e graduada em jornalismo pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais). Participou de reportagens premiadas pelo Prêmio Cláudio Weber Abramo de Jornalismo de Dados, pela CDL/BH e pelo Prêmio Sebrae de Jornalismo em 2021.

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