O sindicato que representa os tanqueiros de Minas Gerais anunciou que a categoria suspendeu todas as atividades nesta quinta-feira (21). De acordo com a entidade, todas as transportadoras de combustível do estado estão paradas, totalizando cerca de 800 caminhões.
O anúncio do Sindtanque-MG (Sindicato dos Transportadores de Combustíveis e Derivados de Petróleo do Estado de Minas Gerais) veio após seguidas ameaças de paralisação nos últimos meses, em protesto contra os altos valores dos combustíveis do estado e do país.
Em manifestação, tranportadores se concentraram hoje nas portarias da BR Distribuidora, ao lado da Refinaria Gabriel Passos (Regap), e das principais distribuidoras de combustíveis, como Shell, Ipiranga e Ale, em Betim.
Em protesto contra o ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviço) sobre o diesel em Minas e os altos custos dos combustíveis praticados pela Petrobras, dois caixões, simbolizando a “morte do frete”, foram colocados pelos tanqueiros na entrada da BR Distribuidora.
Ainda segundo o Sindtanque-MG, o movimento também está sendo realizado no Rio de Janeiro e Espírito Santo.
A Polícia Militar informou, no final desta tarde, que está fazendo a escolta das carretas de combustíveis até pontos seguros. De acordo com a corporação, o BOPE (Batalhão de Operações Especiais) também atua na escolta de combustíveis para os aeroportos.
“Ainda que com relação à segurança dos tanqueiros e ao abastecimento nos postos de combustíveis não há qualquer alteração até o presente momento”, completa a PM em nota (leia na íntegra abaixo).
Desabastecimento?
De acordo com avaliação do Minaspetro (Sindicato do Comércio Varejista de Derivados do Petróleo do Estado de Minas Gerais), se o movimento durar mais de 24 horas, é possível que haja desabastecimento de combustível em postos que apresentavam estoques mais baixos.
O sindicato também afirma que apoia o pleito dos trabalhadores, mas defende que, em um contexto de instabilidade, pandemia e desemprego, a realização de greve não é o caminho ideal para a solução do problema.
“O setor de combustíveis tem vivido uma intensa crise nos últimos meses, com ameaça de falta de produto pela Petrobras, escalada de preços e instabilidade internacional”, pontua o Minaspetro em nota (leia na íntegra abaixo).
O BHAZ entrou em contato com postos de combustível nas regiões Centro-Sul, Leste, Centro, Pampulha e Venda Nova, e todos afirmaram que não correm risco de desabastecimento hoje.
Reivindicações
Os tanqueiros de Minas fazem reivindicações pela redução do valor do ICMS (Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviço) sobre o diesel e já haviam sinalizado a possibilidade de uma paralisação no final de agosto.
Já no início de setembro, o Sindtanque-MG anunciou a redução da distribuição dos combustíveis em Minas Gerais pela metade durante poucos dias, até a categoria se reunir com o governo estadual.
Com o anúncio da nova alta no preço do diesel feito pela Petrobras no final de setembro, o Sindtanque-MG voltou a ameaçar uma paralisação. Com o reajuste anunciado hoje pela Petrobras, o preço médio de venda do diesel A passou de R$ 2,81 para R$ 3,06 por litro.
Em fevereiro de 2021, uma paralisação dos tanqueiros foi suspensa diante da promessa das reivindicações serem atendidas. “O Governo de Minas não acenou com nenhum benefício, nenhuma melhoria para a categoria. O compromisso de retornar a alíquota do ICMS do diesel para 12%, ficou só na promessa”, protestou meses depois Irani Gomes, presidente do Sindtanque-MG.
À época, o governador Romeu Zema (Novo) prometeu dialogar e criar um grupo para solucionar o impasse. O recuo do mandatário veio após um dia de paralisação que lotou as filas dos postos de combustível do estado. Mas, segundo o presidente, nenhuma mudança foi concretizada desde então.
Nota do Minaspetro
“Diante do anúncio do Sinditanque-MG que 100% da categoria aderiu à paralisação desta quinta-feira, o Minaspetro informa que apoia o pleito dos caminhoneiros e tem trabalhado junto às autoridades para buscar soluções que reduzam o ICMS dos combustíveis. A avaliação atual é que se o movimento durar mais de 24 horas, é possível que haja desabastecimento em postos que apresentavam estoques mais baixos.
O setor de combustíveis tem vivido uma intensa crise nos últimos meses, com ameaça de falta de produto pela Petrobras, escalada de preços e instabilidade internacional. A redução do preço dos combustíveis é uma luta antiga do Minaspetro, que tem dialogado permanentemente com o governo de Minas para buscar alternativas para cessar os aumentos do PMPF – base de cálculo para o tributo –, propondo o congelamento do preço de pauta, como já foi realizado por alguns estados da federação.
O Minaspetro acredita que em um momento de forte instabilidade, em que a população já sofre com altos preços e desemprego por causa dos efeitos da pandemia, a realização de greve não é o caminho ideal para a solução do problema”.
Nota da PM
“A Polícia Militar de Minas Gerais (PMMG) esclarece que está fazendo a escolta das carretas de combustíveis até pontos seguros e que Batalhão de Operações Especiais (BOPE) atua na escolta de combustíveis para os aeroportos.
A PMMG esclarece ainda que com relação à segurança dos tanqueiros e ao abastecimento nos postos de combustíveis não há qualquer alteração até o presente momento”.