Sócios da Backer dizem que não frequentavam fábrica nem conheciam processos de produção da cerveja

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Os sócios da cervejaria Backer, Ana Paula Lebbos, Hayan Franco Khalil Lebbos e Munir Franco Kalil Lebbos, foram interrogados nessa terça (Amanda Dias/BHAZ)

Os três sócios da cervejaria Backer, Ana Paula Lebbos, Hayan Franco Khalil Lebbos e Munir Franco Kalil Lebbos, foram interrogados, nessa terça-feira (28), pelo juiz Alexandre Magno de Resende Oliveira, da 2ª Vara Criminal de Belo Horizonte. Eles são três dos dez réus no julgamento dos crimes de lesão corporal, homicídio culposo e tentativa de homicídio, que busca apurar as circunstâncias da contaminação da cerveja, que matou dez pessoas em 2019.

Em depoimento durante a tarde, Ana Paula afirmou ser sócia-proprietária e diretora de marketing da Backer. Ela disse que não tinha contato com o parque industrial nem com a produção de cerveja e que atuava somente na divulgação e publicidade dos produtos e da cervejaria.

A ré ainda afirmou que, quando o Ministério da Agricultura apontou a possível contaminação da cerveja, o departamento dela acionou os meios de comunicação e a imprensa avisando a população para não consumir a Belorizontina.

Irmãos negam envolvimento com a empresa

Já os irmãos Munir e Hayan Lebbos, sobrinhos de Ana Paula, disseram que não tinham nenhuma função na cervejaria. Eles afirmam que só passaram a integrar a sociedade após a separação dos pais, já que no acordo de divórcio ficou acertado que eles assumiriam a parte societária da mãe.

Munir disse que era responsável por cinco restaurantes da família, incluindo o Templo Cervejeiro, que ficava no mesmo terreno em que o escritório e a cervejaria Backer, mas que os dois estabelecimentos eram independentes um do outro.

Ele declarou que não frequentava a fábrica da cerveja e que os donos e principais administradores sempre foram o pai e o tio.

Hayan, por sua vez, disse que foi emancipado, pois era legalmente menor para assumir a parte societária da mãe com o irmão.

Ele declarou que, na época dos fatos, não trabalhava em lugar nenhum, já que ainda estava estudando. Segundo o sócio, ele não tinha nenhuma função nas empresas, apenas comparecia na cervejaria quando o pai solicitava que ele assinasse algum documento.

Os três interrogados enfatizaram não ter conhecimento e nenhuma participação na parte de produção da cerveja ou de compra e manutenção dos equipamentos da cervejaria na época da contaminação.

Depoimentos da semana

O interrogatório segue nesta quarta-feira (29) com depoimentos dos responsáveis técnicos Ramon Ramos de Almeida Silva, Sandro Luiz Pinto Duarte, Cristian Freire Brandt e Adenilson Resende de Freitas prestarem depoimento.

Os outros três réus depõem na quinta-feira (30): são o engenheiro Álvaro Soares Roberti, o chefe de manutenção Gilberto Lucas de Oliveira e funcionário de uma fornecedora de insumos para a cervejaria, Charles Guilherme da Silva.

Os réus são acusados de lesão corporal, homicídio culposo e tentativa de homicídio por meio de contaminação de alimentos. Paulo Luiz Lopes, responsável técnico da cervejaria, também era réu no processo, mas morreu após sofrer um acidente vascular cerebral em 27 de setembro de 2020.

Larissa Reis[email protected]

Graduada em jornalismo pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) e repórter do BHAZ desde 2021. Vencedora do 13° Prêmio Jovem Jornalista Fernando Pacheco Jordão, idealizado pelo Instituto Vladimir Herzog. Também participou de reportagem premiada pela CDL/BH em 2022.

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