Fiocruz alerta sobre risco de surto de febre amarela no Paraopeba: ‘É urgente a vacinação da população’

Amanda Dias/BHAZ

O rompimento da barragem da mineradora Vale, em Brumadinho, poderá causar o surto de doenças como dengue, febre amarela e esquistossomose. Estudo realizado pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) divulgado nesta terça-feira (5) aponta para a necessidade de a população se vacinar contra a febre amarela.

As mudanças no bioma e o agravamento de problemas crônicos de saúde, como hipertensão, diabetes e doenças mentais, também foram destacados no estudo.

O pesquisador titular do Laboratório de Informação em Saúde do Instituto de Comunicação e Informação Científica e Tecnológica em Saúde (Lis/Icict) da Fiocruz, Christovam Barcellos, alerta que a contaminação das águas do Rio Paraopeba pela lama de minério provocará a degradação do leito do rio e produzirá alterações significativas na fauna, flora e na qualidade da água.

Barcellos não descarta um novo risco de surto de febre amarela na região. “A bacia do Paraopeba é uma área de transmissão de febre amarela e um novo surto da doença não pode ser descartado. É urgente a vacinação da população”, disse.

Há seis dias, o BHAZ alertou para o tema, quando ouviu a representante da Rede das Águas da Fundação SOS Mata Atlântica, Malu Ribeiro, que tratou do tema e alertou para o risco de doenças veiculadas pela água.

Doenças crônicas

A pesquisa da Fiocruz chama a atenção para a perda de condições de acesso a serviços de saúde, que pode agravar doenças crônicas já existentes na população afetada, assim como provocar novas situações de saúde como doenças mentais (depressão e ansiedade), crises hipertensivas, doenças respiratórias e acidentes domésticos, além de surtos de doenças infecciosas.

“Um aumento de casos de acidentes vascular-cerebrais foi observado após as enchentes de Santa Catarina em 2008 e do acidente de Fukujima, Japão, mesmo depois de meses dos eventos disparadores. Estes casos podem ser consequência tanto de situações de estresse e transtornos pós-traumáticos, quanto da perda de vínculo com os sistemas de atenção básica de saúde. Neste sentido, as doenças mentais decorrentes de grandes desastres ambientais podem ser sentidas alguns anos após o evento traumático, como relatado em Mariana”, informa Barcellos.

Planos de ação junto ao Ministério da Saúde e as secretarias de Saúde de Minas Gerais e de Brumadinho serão feitos com o objetivo de monitorar os impactos na população.

“A contaminação do rio por metais pesados já foi identificado. Agora temos que monitorar os impactos, pois eles não são de imediato. O mercúrio e o cádmio, por exemplo, são reconhecidos pelo impacto neurológico nas pessoas. A contaminação das águas provoca também a mortandade de peixes e logo a coleta dele e a ingestão é algo que não pode ocorrer”, disse Carlos Machado, pesquisador da Escola Nacional de Saúde Pública da Fiocruz.

Com Fiocruz

Vitor Fórneas[email protected]

Repórter do BHAZ de maio de 2017 a dezembro de 2021. Jornalista graduado pelo UniBH (Centro Universitário de Belo Horizonte) e com atuação focada nas editorias de Cidades e Política. Teve reportagens agraciadas nos prêmios CDL (2018, 2019 e 2020), Sebrae (2021) e Claudio Weber Abramo de Jornalismo de Dados (2021).

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