Tatuador de BH faz reconstrução de mamilos em mulheres que tiveram câncer de mama

tatuador Augusto
Augusto Molinari realiza a reconstrução de mamilos com uma tatuagem realista em mulheres diagnosticadas com câncer de mama (Patrícia Penna/Divulgação)

A campanha “Outubro Rosa” já está chegando ao fim. Um tatuador de Belo Horizonte, porém, pretende continuar aumentando a autoestima de mulheres que tiveram câncer de mama por meio de um trabalho artístico e solidário que, literalmente, as marcará para sempre.

Desde 2019, Augusto Molinari realiza, de forma gratuita, a reconstrução de mamilos com uma tatuagem super realista em mulheres que foram diagnosticadas com a doença e que tiveram que retirar as mamas. Ao BHAZ, ele conta que a iniciativa surgiu depois que uma amiga próxima do pai dele foi diagnosticada com câncer de mama.

Desde então, ele já tatuou cerca de 40 mulheres com histórias e cicatrizes distintas, mas unidas pela vontade de continuar vivendo e se amando cada vez mais.

“Elas sempre me falam: ‘tô me sentindo mulher de novo. Me sentindo inteira’. Isso é destruidor, mas avassaladoramente lindo. Você vê elas saindo do estúdio como se estivessem flutuando”, diz Augusto, emocionado.

‘Transformando a existência’

O tatuador explica que todo o processo leva, em média, 1h para ficar pronto. Junto com a cliente, ele escolhe o desenho que ficará mais o mais natural possível, mas ela só vê o resultado depois de pronto.

Augusto também explica o motivo de oferecer o serviço de forma gratuita. Para ele, não existe pagamento maior do que ver o brilho nos olhos de cada mulher que se sente transformada pelo seu trabalho.

“É radiante você ver a cara delas quando se olham no espelho. A gente sempre pede para os acompanhantes filmarem elas se vendo. A gente vê luz surgindo no olho das pessoas. É lindo demais”, explica.

Augusto já tatuou cerca de 40 mulheres (Arquivo pessoal)

Para marcar um horário com Augusto, é necessário entrar em contato com ele pelo Instagram. Por lá, ele faz uma entrevista prévia em que pede a liberação do médico para que a tatuagem seja realizada.

“Eu não peço foto justamente por ser algo muito íntimo. Depois que ela consegue a liberação do oncologista, a gente marca uma data para fazer uma entrevista presencial e então costumo fazer a tatuagem no mesmo dia”, disse.

Agora, ele pretende levar esse conhecimento a outros tatuadores para que cada vez mais mulheres consigam se olhar no espelho e se sentirem completas.

“O que eu aprendi sobre tatuagem com isso é absurdo. Cada tecido, cada pele, cada cicatriz, cada história é diferente. E isso muda a gente como ser humano. O meu trabalho não é só para pagar contas, eu tô transformando a existência de uma pessoa dali em diante”, disse.

Edição: Lucas Negrisoli
Larissa Reis[email protected]

Graduada em jornalismo pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) e repórter do BHAZ desde 2021. Vencedora do 13° Prêmio Jovem Jornalista Fernando Pacheco Jordão, idealizado pelo Instituto Vladimir Herzog. Também participou de reportagem premiada pela CDL/BH em 2022.

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