Torcedor do Cruzeiro é preso por chamar segurança do Mineirão de ‘macaco’; estacionamento tem briga generalizada

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Os episódios ocorreram após a derrota do Cruzeiro diante do Atlético no Mineirão (Amanda Dias/BHAZ + Reprodução/Redes sociais)

Um torcedor do Cruzeiro, de 24 anos, foi preso pelo Batalhão de Choque da Polícia Militar suspeito de injúria racial contra um segurança do Mineirão durante a final do Campeonato Mineiro nesse domingo (7). Segundo a vítima, de 58 anos, ao final da partida, o homem começou a chamá-lo de “macaco” e “pretão”.

De acordo com a ocorrência policial, o agressor foi contido por outros torcedores e estava visivelmente alterado. Testemunhas contaram à Polícia Militar que o ele estava insatisfeito com o resultado do jogo e que começou a xingar o segurança.

“Vai beber sua cerveja, ‘macaco’! ‘Pretão’, pode comemorar que seu time foi campeão”, teria dito o autor. Ele foi repreendido pelo próprio irmão após as falas racistas.

Tanto o suspeito quanto a vítima foram conduzidos pelo Batalhão de Choque para o registro da ocorrência. Ao BHAZ, a Polícia Civil informou que o suspeito foi ouvido por meio da Central Estadual do Plantão Digital.

“Na ocasião, a autoridade policial ratificou a prisão em flagrante delito pelo crime de injúria racial e o homem ficou à disposição da Justiça para as medidas legais cabíveis. Um inquérito policial foi instaurado para a apuração do caso”, disse a corporação.

A reportagem também tentou contato com o Mineirão para obter um posicionamento sobre o caso. Tão logo respondam, esta matéria será atualizada.

Cruzeirenses brigam no estacionamento do Mineirão

O fim da partida do Cruzeiro contra o Atlético foi marcado por muita confusão dentro do Mineirão. No estacionamento do estádio, torcedores celestes foram flagrados brigando em meio aos carros.

Vídeo mostra homens armados com pedaços de pau. Houve muita gritaria e outros torcedores precisaram conter aqueles que estavam envolvidos na briga. Veja abaixo:

Racismo é crime!

De acordo com o CNJ (Conselho Nacional de Justiça), é classificada como crime de racismo – previsto na Lei n. 7.716/1989 – toda conduta discriminatória contra “um grupo ou coletividade indeterminada de indivíduos, discriminando toda a integralidade de uma raça”.

A lei enquadra uma série de situações como crime de racismo. Por exemplo: recusar ou impedir acesso a estabelecimento comercial, impedir o acesso às entradas sociais em edifícios públicos ou residenciais, negar ou obstar emprego em empresa privada, além de induzir e incitar discriminação ou preconceito de raça, cor, etnia, religião ou procedência nacional. O crime de racismo é inafiançável e imprescritível, conforme determina o artigo 5º da Constituição Federal.

Já a discriminação que não se dirige ao coletivo, mas a uma pessoa específica, também é crime. Trata-se de injúria racial, crime associado ao uso de palavras depreciativas referentes à raça ou cor com a intenção de ofender a honra da vítima – é o caso dos diversos episódios registrados no futebol, por exemplo, quando jogadores negros são chamados de “macacos” e outros termos ofensivos.

Quem comete injúria racial pode pegar pena de reclusão de um a três anos e multa, além da pena correspondente à violência, para quem cometê-la. Em outubro de 2021, o STF (Supremo Tribunal Federal) decidiu que o crime de injúria racial também deve ser declarado imprescritível e inafiançável, assim como o crime de racismo.

Canais de denúncia

  • Delegacia Especializada em Repressão aos crimes de Racismo, Xenofobia, Homofobia e Intolerâncias Correlatas – DECRIN

Telefone: (31) 3335-0452

Endereço: Avenida Augusto de Lima, 1942 – Barro Preto

Horário de Funcionamento: Segunda à Sexta, de 12h às 19h

  • Ministério Público – Promotoria de Justiça de Defesa dos Direitos Humanos, Igualdade Racial, Apoio Comunitário e Fiscalização da Atividade Policial

Telefone: (31) 3295-2009

Endereço: Rua dos Timbiras, 2928 5º andar Barro Preto – Belo Horizonte – MG

Horário de Funcionamento: Segunda à Sexta, de 13h às 18h

E-mail: [email protected]

  • Disque 100 – Disque Direitos Humanos

Horário de funcionamento: diariamente de 8h às 22h

Cidadão brasileiro fora do Brasil, pode discar: +55 61 3212-8400.

E-mail para denúncias: [email protected]

  • Disque 190 – Policia Militar

O 190 é destinado ao atendimento da população nas situações de urgências policiais. Atendimento 24 horas por dia, todos os dias da semana.

  • Disque 181 – Denúncia Anônima

Serviço destinado ao recebimento de informações dos cidadãos e cidadãs sobre crimes de que tenham conhecimento e possam auxiliar o trabalho policial.

No Disque Denúncia 181 a identidade do denunciante e denunciado é preservada.

Atendimento 24 horas por dia, todos os dias da semana.

Larissa Reis[email protected]

Graduada em jornalismo pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) e repórter do BHAZ desde 2021. Vencedora do 13° Prêmio Jovem Jornalista Fernando Pacheco Jordão, idealizado pelo Instituto Vladimir Herzog. Também participou de reportagem premiada pela CDL/BH em 2022.

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