Turista russo lista ‘perrengues’ vividos em BH, como celular roubado e susto com motel, e desabafo viraliza

turista russo
Turista russo não gostou da experiência que viveu em Belo Horizonte (Reprodução/@aleksei_vyrypaev/Instagram)

Um turista russo viralizou nas redes sociais após desabafo sobre seu passeio em Belo Horizonte este mês. Aleksei Vyrypaev esteve no Brasil e passou alguns perrengues na capital mineira, dizendo que teve o celular roubado e que o país, de forma geral, é muito perigoso. A postagem foi compartilhada pela página BH é Meu País e teve milhares de comentários, de pessoas que concordavam com o russo e outras que não gostaram das críticas. Depois da repercussão, o turista se sensibilizou e listou algumas coisas que gostou no Brasil.

Para entender melhor a história, o BHAZ buscou um profissional para fazer a tradução. João Pedro Marques é professor de russo do programa iUFMG (Idiomas para Fins Acadêmico-Profissionais), sediado na Faculdade de Letras da UFMG. No início do texto, o turista diz que não vai escrever uma “longa história” sobre suas “aventuras e desventuras no Brasil, porque vai demorar muito”. Ele desabafa e diz que roubaram seu celular em uma praia vizinha a Santos (SP). “Fiquei sem dinheiro, e aqui só se pode trocar moedas em grandes cidades através do Western Union”, começa.

O turista diz que sem dinheiro, comunicação ou mapa, viajou por cinco dias. “Tive que jogar fora meus sapatos e andar de chinelos porque o fedor era insuportável. Minhas pernas morreram de cansaço e ao chegar ao Rio de Janeiro, passei quase cinco dias na cama, exceto pelo último. Eu comprei sapatos e um telefone lá e algumas roupas de verão bem baratas”.

‘Perrengues’ em BH

Na sequência, ele começa a relatar os “perrengues” vividos em BH. “Como resultado, este telefone também foi roubado após uma semana e meia em Belo Horizonte, enquanto eu dormia. Eles fizeram um buraco na lateral da barraca e o puxaram para fora”.

Ele também falou sobre o susto que teve com os motéis. “Enquanto estava em Belo Horizonte fiquei em um hotel barato para sexo (motel), sim, vocês ouviram direito. É usado principalmente para transar. O preço: 50 reais por dia; 2 horas, 35 reais. Amanhã sigo em frente”.

Pontos negativos

Antes de finalizar o texto, o turista lista quatro pontos negativos de passear no Brasil (leia na íntegra abaixo). Disse para não vir ao país se não souber falar português ou espanhol, já que, na visão dele, “ninguém sabe outras línguas”. Também afirmou que o Brasil é extremamente perigoso, disse que por aqui há um “bando de pobres, mendigos e ladrões”. Criticou a polícia, disse que as autoridades só fingem que fazem alguma coisa, “quando na verdade, não se importam”.

Vyrypaev segue o desabafo e diz que, ao contrário da Ásia, aqui “ninguém se importa com ninguém”. “Você ou alguém vai morrer no Centro da cidade, deitado no chão ao lado de um monte de gente passando e vai ter um policial por perto, mas ninguém vai se importar. Seu cadáver vai feder, então talvez eles prestem atenção. E isso não é certeza, a julgar pelo mau cheiro de urina no centro da cidade”.

Por fim, ele também criticou o transporte público, dizendo que é de três a quatro vezes mais caro que na Rússia. “Você acha que a aviação inter-regional é cara na Rússia? Na Rússia, de Yoshkár-Olá a São Petersburgo, você pode voar por 5.500-6.000 rublos (cerca de R$ 420) com bagagem. Você voará a mesma distância aqui por 18.000 rublos (cerca de R$ 1.260). E isso é ‘barato'”.

Com a repercussão, os belo-horizontinos lotaram o perfil do turista com pedidos de desculpas, mas também alertaram sobre os perigos do Brasil. “Nos desculpe! BH é legal”, escreveu uma pessoa. “BH é bom Zé”, falou outro. “Da próxima vez faça uma pesquisa antes. Viajar para uma cidade sem saber o básico sobre cultura ou violência local é meio estranho. Até nunca mais!”, disse outro internauta. “Se tivesse comido pão de queijo, iria embora feliz”, brincou uma quarta pessoa.

Russo posta pontos positivos após repercussão

Após milhares de comentários – alguns não muito amistosos -, o russo resolveu listar os pontos positivos (leia abaixo na íntegra) do país. “Há uma natureza louca na cidade. A vegetação está em todos os lugares. A princípio parecia que todo o país era uma selva contínua, sem campos, até surgirem campos nas montanhas. Natureza selvagem e bela”. O turista também citou os ambulantes. “Comida de rua. Muito gostosa e relativamente barata”, escreveu.

Em um último comentário, ele elogiou a arte de rua e a mobilidade urbana. “O grafite não é pintado como o nosso, mas se tornou uma das formas de arte aqui, pois há até grafite em prédios de dez andares!”, disse. Também contou que as ciclovias estão por toda parte, “pelas cidades, mesmo nas pequenas”.

Uma curiosidade que ele notou foi que as pessoas por aqui olham para os carros (ao atravessar a rua). “Não para os semáforos (não se preocupe com a cor do semáforo), os carros param e os motoristas deixam os pedestres passarem (diferente da Ásia)”. Ele encerra dizendo que provavelmente “isso é tudo que tem de bom”.

Relato traduzido

Veja o relato original (traduzido e, abaixo, a postagem):

“Olá a todos. Não vou escrever uma longa história sobre minhas aventuras e desventuras no Brasil, porque vai demorar muito. Em resumo, o Brasil. Depois daquela praia na cidade de Santos, me roubaram o celular em uma praia de uma cidade vizinha e fiquei sem dinheiro, e aqui só se pode trocar moedas em grandes cidades através do Western Union.
Então, sem dinheiro, comunicação e um mapa, viajei por 5 dias. Tive que jogar fora meus sapatos e andar de chinelos porque o fedor era insuportável. Minhas pernas morreram de cansaço e ao chegar ao Rio de Janeiro, passei quase 5 dias na cama, exceto pelo último. Eu comprei sapatos e um telefone lá e algumas roupas de verão bem baratas.
Como resultado, este telefone também foi roubado após uma semana e meia em Belo-Horizonte, enquanto eu dormia. Eles fizeram um buraco na lateral da barraca e o puxaram para fora. Enquanto estava em Belo Horizonte fiquei em um hotel barato para sexo (motel), sim, vocês ouviram direito. É usado principalmente para transar. O preço: 50 reais por dia; 2 horas, 35 reais. Amanhã sigo em frente.

Conclusões para o Brasil:
Contras:

  1. Não venha se não souber falar português ou espanhol fluente. Aqui, a princípio, ninguém sabe outras línguas.
  2. Um país extremamente perigoso. Um bando de pobres, mendigos e ladrões. A polícia só finge que faz alguma coisa, quando na verdade, não se importam
  3. Ao contrário da Ásia, aqui ninguém se importa com ninguém. Você ou alguém vai morrer no centro da cidade, deitado no chão ao lado de um monte de gente passando e vai ter um policial por perto, mas ninguém vai se importar. Seu cadáver vai feder, então talvez eles prestem atenção. E isso não é certeza, a julgar pelo mau cheiro de urina no centro da cidade.
  4. O transporte público é caro e mais caro ainda entre as cidades. 3 ou 4 vezes mais caro que a Rússia. Você acha que a aviação inter-regional é cara na Rússia? Na Rússia, de Yoshkár-Olá a São Petersburgo, você pode voar por 5.500-6.000 rublos com bagagem. Você voará a mesma distância aqui por 18.000 rublos. E isso é “barato”. Além disso, você estará voando em um helicóptero apertado, o qual treme demais, faz muito barulho e é apertado ao ponto de te enlouquecer. Por outro lado, pegar uma carona de 200 quilômetros por um dia não gera um resultado tão ruim assim”.

Dos prós:

  1. Há uma natureza louca na cidade. A vegetação está em todos os lugares. A princípio parecia que todo o país era uma selva contínua, sem campos, até surgirem campos nas montanhas. Natureza selvagem e bela.
  2. Comida de rua. Muito gostosa e relativamente barata.
  3. O grafite não é pintado como o nosso, mas se tornou uma das formas de arte aqui, pois há até grafite em prédios de dez andares! As ciclovias estão por toda parte, pelas cidades, mesmo nas pequenas. As pessoas olham para os carros (ao atravessar a rua), não para os semáforos (não se preocupe com a cor do semáforo), os carros param e os motoristas deixam os pedestres passarem (diferente da Ásia).
    Provavelmente isso é tudo que tem de bom. É isso.
Vitor Fernandes[email protected]

Sub-editor, no BHAZ desde fevereiro de 2017. Jornalista graduado pela PUC Minas, com experiência em redações de veículos de comunicação. Trabalhou na gestão de redes do interior da Rede Minas e na parte esportiva do Portal UOL. Com reportagens vencedoras nos prêmios CDL (2018, 2019, 2020 e 2022), Sindibel (2019), Sebrae (2021) e Claudio Weber Abramo de Jornalismo de Dados (2021).

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