A UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) recebeu, nessa segunda-feira (5), dois frascos do vírus Vaccínia Ankara Modificado para o desenvolvimento de uma vacina contra a varíola dos macacos. A remessa foi doada por uma agência de pesquisa médica norte-americana.
Segundo o professor Flávio da Fonseca, pesquisador do CTVacinas da UFMG, o material que chegou a Belo Horizonte é o que os pesquisadores chamam de “semente”. Agora, os pesquisadores darão início ao trabalho que possibilitará a multiplicação do imunizante.
“Estamos recebendo uma vacina que foi produzida com o vírus Vaccínia enfraquecido. Devido à semelhança genética desse vírus com o da monkeypox, ela consegue imunizar contra a nova doença, assim como protegeu contra a varíola humana no passado. É o que chamamos de proteção cruzada”, explicou.
‘A pandemia nos deu uma lição muito dura’
Como o Brasil nunca produziu um imunizante específico contra esse vírus, a equipe do CTVacinas ainda vai realizar ensaios para definir os parâmetros para sua produção. Só depois dessa etapa que a fabricação da vacina contra a varíola dos macacos poderá acontecer.
Ela ficará a cargo da Bio-Manguinhos, unidade produtora de imunobiológicos da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz). A vacina contra a monkeypox que será replicada no país é destinada a adultos com idade igual ou superior a 18 anos e tem prazo de até 60 meses de validade quando conservada a temperaturas entre -60 a -40°C.
“A pandemia nos deu uma lição muito dura sobre a importância de ter autonomia técnica e soberania na produção de imunizantes. Entre os países do Brics (Brasil, Índia, Rússia, China e África do Sul), apenas o Brasil e a África do Sul não produziram vacinas contra a covid-19, e isso colaborou para o alto número de mortes aqui registradas”, argumenta o pesquisador da UFMG.
Com UFMG