A semana é decisiva para que Belo Horizonte seja reconhecida mundialmente como detentora de um patrimônio da humanidade. Isso porque o conselho da Organização das Nações Unidas para a Educação, Ciência e Cultura (Unesco), responsável por analisar e conceder o mais relevante título patrimonial do mundo, está reunido em Istambul, na Turquia, para decidir, nesta sexta-feira (15), se o Conjunto Arquitetônico da Pampulha se tornará Patrimônio Cultural da Humanidade.
Além da Pampulha, outros 29 sítios culturais e naturais mundo afora estão sendo analisados pela Unesco. O único representante do Brasil é o Conjunto Arquitetônico da Pampulha.
Em nota, a presidente do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), Kátia Bogéa, avaliou o conjunto da Pampulha como um “uma obra-prima do gênio criativo humano” e, por isso, segundo ela, o sítio cultural brasileiro merece o título.
“O Conjunto da Pampulha está na origem da produção arquitetônica e urbanística brasileira dentro do Movimento Moderno, e deve ser um bem compartilhado por toda a humanidade”, diz um trecho da nota.
Candidatura
A Pampulha está na lista indicativa do Brasil desde 1996 e sua candidatura à Patrimônio Cultural da Humanidade foi retomada pela Prefeitura de Belo Horizonte em dezembro de 2012.
No final de 2014, a Fundação Municipal de Cultura de Belo Horizonte finalizou a produção de um dossiê de candidatura, o qual foi entregue para o Comitê do Patrimônio Mundial da Unesco.
Em maio do ano passado, a Prefeitura Municipal de Belo Horizonte (PBH) foi informada, por meio do Itamaraty, da autorização da candidatura do Conjunto Arquitetônico da Pampulha para concorrer ao título. No mesmo ano, segundo a PBH, uma equipe da Unesco veio até a Belo Horizonte para conhecer o sítio cultural e realizar reuniões técnicas e sabatinas sobre a candidatura.
Entre os dias 15 e 17 de julho deste ano, durante a realização da 40° Reunião Comitê do Patrimônio Mundial, no Centro de Convenções de Istambul, na Turquia, 22 países de avaliarão o reconhecimento do Conjunto Arquitetônico da Pampulha para, finalmente, decidir sobre a concessão do título.
Conjunto Arquitetônico da Pampulha
Projetado por Oscar Niemeyer, o Conjunto Arquitetônico da Pampulha foi o primeiro projeto encomendado pelo então presidente da República, Juscelino Kubitschek, ao renomado arquiteto brasileiro, em uma parceria que, mais tarde, iria conceber a capital federal, Brasília, dentre outras importante obras.
A Pampulha foi o início de Brasília, os mesmos problemas, a mesma correria, o mesmo entusiasmo, e seu êxito influiu, com certeza, na determinação com que JK construiu a nova Capital”, contava Oscar Niemeyer, morto em 2012.
O conjunto da Pampulha é constituído por um paisagismo que abriga edificações, dispostas em torno do espelho d’agua da Lagoa da Pampulha. Entre as edificações estão a Igreja de São Francisco de Assis — ordenada pelo pintor Candido Portinari —, Cassino (atual Museu de Arte da Pampulha), Casa do Baile (atual Centro de Referência em Urbanismo, Arquitetura e Design de Belo Horizonte), Iate Golfe Clube (hoje Iate Tênis Clube), construídos quase simultaneamente entre 1942 e 1943, além da residência de Juscelino Kubitschek (atual Casa Kubitschek) — esta última construída em 1943
O paisagista responsável pelo projeto da Pampulha foi o afamado arquiteto-paisagista brasileiro Roberto Burle Marx.