‘Wakanda é Nóis’: Pantera Negra 2 arranca aplausos e emociona jovens da periferia de BH

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Mais de 400 jovens assistiram à continuação do filme Pantera Negra em BH (Nicole Vasques/BHAZ)

Após muita ansiedade e planejamento, o projeto “Wakanda é Nóis” finalmente saiu do papel. Mais de 400 jovens da periferia de Belo Horizonte foram transportados diretamente para o universo de Pantera Negra 2, no Boulevard Shopping, nesta segunda-feira (14).

O BHAZ aproveitou para acompanhar toda a emoção, viabilizada por uma ação social, bem de pertinho. A ideia de levar mais cultura aos adolescentes de 14 a 16 anos surgiu no coletivo Casa das Pretas, coordenado pelas advogadas Cristina Tadielo, Luísa Helena, Tatiana Pauline e Záira Pereira.

A ida ao cinema teve direito a pipoca, copo personalizado e até mesmo profissionais vestidos de Batman, Homem-Aranha e, é claro, Pantera Negra.

Representatividade e direito à cultura

Para custear o projeto, o grupo de advogadas criou uma vaquinha online que arrecadou mais de R$ 10.600. Inicialmente, a ideia era levar até 100 jovens ao cinema, mas a grande aderência à campanha fez com que a iniciativa se expandisse.

Cristina Tadielo conversou com a reportagem pouco antes da sessão, revelando algumas expectativas e motivações da iniciativa social. Para ela, os adolescentes têm o direito de se verem representados nas telonas.

“O projeto nasce das ações. A gente faz esse movimento negro, da Casa das Pretas, dessa necessidade inserir a população negra no social. Dar oportunidade, direitos. São jovens que vão se ver representados numa tela de cinema. Isso pode parecer bobagem pra uns, mas é fundamental para a formação da personalidade, na crença de que podem fazer o que eles quiserem”, diz Cristina.

Os jovens estudantes que assistiram ao filme da Marvel vivem em periferias diversas de Belo Horizonte, como Mantiqueira, Taquaril, Serra e São Lucas. “São comunidades em que a gente já desenvolve alguns tipos de ações voltadas, principalmente, para a comunidade negra. Muitos deles nunca sequer entraram em uma sala de cinema”, explica.

Idealizadoras do projeto Wakanda é Nóis
(Nicole Vasques/BHAZ)

Ansiedade para conhecer o novo enredo

O protagonismo feminino e a representatividade da cultura negra foram alguns dos pontos mais elogiados pelos jovens. Alice Maria, 14, aluna da Escola Municipal Francisca Alves, conta ao BHAZ que assistiu ao primeiro filme ontem e já estava super ansiosa para entrar na sala de cinema. Ela viu o trailer e ficou animada ao saber que Shuri, a irmã do Pantera Negra, ocuparia um lugar de destaque.

“Eu achei a iniciativa bem interessante. Porque, se você reparar, a maioria de nós tem a pele mais escura, tem o cabelo mais cacheado. É importante pra se sentirem mais importantes. E, como é na África, as pessoas têm a mente muito fechada. Para mim, é o lugar mais rico. É lá onde o povo tem uma cultura viva de verdade”, opina a garota.

‘Fiquei muito eufórico’

Darllys Dias, 14, recorda o momento em que soube da iniciativa que o levaria ao cinema. “O primeiro filme foi incrível também. É triste saber da morte do ator, Chadwick Boseman, mas assim que eu recebi o convite eu fiquei muito eufórico. Tô muito alegre, muito feliz de estar aqui”, diz ele.

Evelin Emanuelle, da mesma idade, pontua que a representatividade esteve marcante desde o primeiro longa. “Esse filme tem uma igualdade enorme. Não tem rebaixamento pelo gênero, é simplesmente incrível”, diz.

A adolescente revela ter ficado chateada ao descobrir sobre a morte do ator que interpretava o Pantera Negra. No entanto, ao assistir ao trailer da continuação, se animou por constatar que a irmã dele, sua personagem favorita, estaria no centro da narrativa.

Alunos de escola municipal posam ao lado de personagens (Nicole Vasques/BHAZ)

‘Wakanda é Nóis’ nasceu de um sonho

Luísa Helena, co-fundadora da Casa das Pretas, explica que a iniciativa é uma forma de garantir que os estudantes se reconheçam em mais espaços. “Eu precisava devolver pro meu povo toda a experiência maravilhosa que eu já tive com Pantera Negra. Esse projeto foi idealizado a partir de um sonho, mesmo, de ter esses jovens não só curtindo um filme, mas com pipoca, com cosplay do personagem do filme”, afirma.

Um dos desejos de Luísa era que os adolescentes desfrutassem da experiência completa. Isto é, o prazer de ir ao cinema no fim do ano, rodeados de amigos, com transporte pago e segurança.

E parece que esses objetivos foram alcançados: ao longo da sessão, os estudantes gritaram, animados, a cada cena impactante. Uma delas foi na aparição de Lupita Nyong’o, atriz negra que teve um papel crucial no longa, ao lado de nomes como Letitia Wright e Angela Basset.

Nicole Vasques[email protected]

Jornalista formada pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), escreve para o BHAZ desde 2021. Participou de reportagem premiada pela CDL/BH em 2022.

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