Um adolescente de Ceilândia, no Distrito Federal, entregou uma esponja de aço a uma professora negra na última quarta-feira (8), Dia da Mulher. Vídeo divulgado pelo Metrópoles nessa segunda (13) mostra a educadora constrangida, após a atitude racista, em uma sala de aula do Centro de Ensino Médio (CEM) 9.
“Vou aceitar, porque tudo o que vem, volta”, reagiu a mulher, que dá aulas de Português na instituição. Segundo informações do Metrópoles, um estudante da escola disse que algumas pessoas viram a vítima chorando após o ocorrido.
Assista abaixo:
🚨BRASIL: Aluno dá bombril de presente para professora negra em Ceilândia, no Distrito Federal. Os colegas condenaram a atitude e disseram que ele já mandou as meninas da sala irem lavar a louça.
— CHOQUEI (@choquei) March 14, 2023
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‘Se você apelar, vai ficar ruim pra tu’
Ao tomar ciência do caso, muitas alunas mulheres e negras se sentiram ofendidas, contou o rapaz à reportagem. Ele e a namorada fizeram uma denúncia à coordenação.
O rapaz que entregou a esponja teria brigado com quem o criticou e “quebrou o pau, xingou tudo mundo e chamou de ‘beta’ nojento”, de acordo com a testemunha. O termo se refere à nomenclatura usada por grupos misóginos para definir “homens submissos a mulheres”.
Em um áudio enviado em grupos de WhatsApp, o adolescente que deu a esponja à professora ainda repetiu a mesma atitude com outras garotas. “Não me testa, que eu vou te dar um ‘bombril’. Não me testa. Se você apelar, vai ficar ruim para tu”, teria dito.
Atitude é considerada racista e machista
Nas principais redes sociais, usuários e entidades condenam a atitude do estudante, apontando racismo e machismo.
“Enfrentamos cotidianamente isso!”, escreveu um internauta no Twitter. “Um absurdo mesmo. No dia das mulheres meus colega de classe fizeram piadas machista. É impressionante que nem mesmo nos dias das mulheres a gente tem paz e respeito”, revelou outra pessoa.
Por meio de nota ao Metrópoles, a Secretaria de Educação disse repudiar qualquer tipo de preconceito e que recebeu a denúncia ontem. A pasta afirma que a direção da escola tem “autonomia para conduzir o caso” e que se reunirá com o estudante e a professora.
Racismo x injúria racial
A lei enquadra uma série de situações como crime de racismo. Por exemplo: recusar ou impedir acesso a estabelecimento comercial, impedir o acesso às entradas sociais em edifícios públicos ou residenciais. Já a injúria racial é a discriminação que não se dirige ao coletivo, mas a uma pessoa específica.
Trata-se do uso de palavras depreciativas referentes à raça ou cor com a intenção de ofender a honra da vítima. É o caso dos diversos episódios registrados no futebol, por exemplo, quando jogadores negros são chamados de “macacos” e outros termos ofensivos.
Dessa forma, com a recente sanção que equipara a injúria ao racismo, quem cometer injúria racial poderá sofrer reclusão de dois a cinco anos. Antes, a legislação previa pena de um a três anos.