VÍDEO: Aluno dá ‘bombril’ a professora negra e gera revolta em colegas

aluno dá bombril a professora
Segundo relato de estudante, a mulher foi vista chorando após a atitude do aluno (Reprodução/Metrópoles)

Um adolescente de Ceilândia, no Distrito Federal, entregou uma esponja de aço a uma professora negra na última quarta-feira (8), Dia da Mulher. Vídeo divulgado pelo Metrópoles nessa segunda (13) mostra a educadora constrangida, após a atitude racista, em uma sala de aula do Centro de Ensino Médio (CEM) 9.

“Vou aceitar, porque tudo o que vem, volta”, reagiu a mulher, que dá aulas de Português na instituição. Segundo informações do Metrópoles, um estudante da escola disse que algumas pessoas viram a vítima chorando após o ocorrido.

Assista abaixo:

‘Se você apelar, vai ficar ruim pra tu’

Ao tomar ciência do caso, muitas alunas mulheres e negras se sentiram ofendidas, contou o rapaz à reportagem. Ele e a namorada fizeram uma denúncia à coordenação.

O rapaz que entregou a esponja teria brigado com quem o criticou e “quebrou o pau, xingou tudo mundo e chamou de ‘beta’ nojento”, de acordo com a testemunha. O termo se refere à nomenclatura usada por grupos misóginos para definir “homens submissos a mulheres”.

Em um áudio enviado em grupos de WhatsApp, o adolescente que deu a esponja à professora ainda repetiu a mesma atitude com outras garotas. “Não me testa, que eu vou te dar um ‘bombril’. Não me testa. Se você apelar, vai ficar ruim para tu”, teria dito.

Atitude é considerada racista e machista

Nas principais redes sociais, usuários e entidades condenam a atitude do estudante, apontando racismo e machismo.

“Enfrentamos cotidianamente isso!”, escreveu um internauta no Twitter. “Um absurdo mesmo. No dia das mulheres meus colega de classe fizeram piadas machista. É impressionante que nem mesmo nos dias das mulheres a gente tem paz e respeito”, revelou outra pessoa.

Por meio de nota ao Metrópoles, a Secretaria de Educação disse repudiar qualquer tipo de preconceito e que recebeu a denúncia ontem. A pasta afirma que a direção da escola tem “autonomia para conduzir o caso” e que se reunirá com o estudante e a professora.

Racismo x injúria racial

A lei enquadra uma série de situações como crime de racismo. Por exemplo: recusar ou impedir acesso a estabelecimento comercial, impedir o acesso às entradas sociais em edifícios públicos ou residenciais. Já a injúria racial é a discriminação que não se dirige ao coletivo, mas a uma pessoa específica.

Trata-se do uso de palavras depreciativas referentes à raça ou cor com a intenção de ofender a honra da vítima. É o caso dos diversos episódios registrados no futebol, por exemplo, quando jogadores negros são chamados de “macacos” e outros termos ofensivos.

Dessa forma, com a recente sanção que equipara a injúria ao racismo, quem cometer injúria racial poderá sofrer reclusão de dois a cinco anos. Antes, a legislação previa pena de um a três anos.

Edição: Giovanna Fávero
Nicole Vasques[email protected]

Jornalista formada pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), escreve para o BHAZ desde 2021. Participou de reportagem premiada pela CDL/BH em 2022.

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