‘A R$ 200’: Ambulantes vendem falsos comprovantes de vacina e dão dicas de como burlar regras no Rio

comprovante vacinação
O vendedor chega a dar instruções de como preencher o documento antes de apresentá-lo em locais que exigem a vacinação contra a Covid-19 (Tânia Rêgo/Agência Brasil)

Quatro homens foram presos nesta sexta-feira (21), suspeitos de falsificarem cartões de vacinação contra a Covid-19 no Rio de Janeiro. Na região da Uruguaiana e na Quinta da Boa Vista, os documentos foram colocados à venda durante o dia e podem ser adquiridos por até R$ 200. As informações são do RJTV.

Uma equipe da Globo esteve no local com uma câmera escondida e flagrou ambulantes tentando vender os comprovantes. Cartão de vacina, meu amigo, estou vendendo a R$ 200 aí. Vem em branco, assim”, diz um deles ao repórter.

O vendedor chega a dar instruções de como preencher o documento antes de apresentá-lo em locais que exigem a vacinação contra a Covid-19. “Só tu copiar o que está aqui. Aqui CF Clínica da Família São José. Aqui tu só vai mudar o nome da pessoa. O nome vai botar o teu. Primeira dose tu bota uma data lá. Aí segunda dose tu bota outra data pra tu voltar, no caso. Entendeu?, explica.

‘Bagulho é quente’

Durante a conversa, o vendedor garante que o comprovante é da Prefeitura de Mesquita, município da região metropolitana do Rio de Janeiro. Ele se orgulha ao dizer que, na última semana, uma cliente adquiriu dez comprovantes falsificados de uma só vez.

“Ela não estava fazendo questão de os funcionários dela tomar a vacina então ela mesmo comprou dez para dar para os funcionários dela. Bagulho é quente, pode ficar tranquilo”, conta. Os ambulantes relatam, ainda, que também existe uma versão online do documento.

“A gente pede outras pessoas para fazer, para mandar para a gente, para gente não ter que fazer, entendeu? Porque já mexe com a área de saúde, esses bagulhos. Não é nem p**** nenhuma. Isso é só um bagulhinho feito. Um cartãozinho, no computador, que o cara bota o nome para tu poder entrar. Eu geralmente não gosto de fazer. O cara cobra R$ 20 para fazer isso”, conta.

‘O certo é tomar a vacina’

Em outro ponto da cidade, um vendedor é questionado pelo repórter infiltrado se o esquema de falsificação de comprovantes realmente dá certo. Ao responder, ele demonstra que tem consciência sobre a gravidade do assunto.

“Se o senhor quiser mesmo, o certo é tomar a vacina, entendeu? Tem que tomar a vacina, não tomou por que?”, rebate ele.

Caso é investigado

Em nota enviada ao RJTV, a Polícia Civil disse que uma investigação sobre o esquema já está sendo conduzida na Delegacia do Consumidor. Já a Guarda Municipal, que tinha uma viatura próxima a um dos pontos de venda dos comprovantes falsificados, disse que iria “verificar a conduta dos agentes que estavam no local”.

A Polícia Militar alegou à reportagem que, como a abordagem dos vendedores normalmente acontece de forma velada, identificação dos autores é dificultada. Por fim, a Prefeitura de Mesquita, citada por um dos vendedores, disse que desconhece o esquema e condena a prática de falsificação.

Edição: Giovanna Fávero
Larissa Reis[email protected]

Graduada em jornalismo pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) e repórter do BHAZ desde 2021. Vencedora do 13° Prêmio Jovem Jornalista Fernando Pacheco Jordão, idealizado pelo Instituto Vladimir Herzog. Também participou de reportagem premiada pela CDL/BH em 2022.

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