Após as denúncias de assédio sexual divulgados nessa terça-feira (28), o presidente da Caixa, Pedro Guimarães, deixou o cargo. Segundo o site Metrópoles, o presidente Jair Bolsonaro (PL) escolheu Daniella Marques, braço direito do ministro da Economia Paulo Guedes, para presidir o banco.
Em carta aberta publicada no início da noite, Pedro define as denúncias como “cruéis, injustas e desiguais” e garante que a situação “será corrigida na hora certa com a força da verdade”. O agora ex-presidente da Caixa acrescenta, em outro trecho, que um dos motivos para que ele deixe o cargo é o “rancor político”.
“Se foi o propósito de colaborar que me fez aceitar o honroso desafio de presidir com integridade absoluta a Caixa, é com o mesmo propósito de colaboração que tenho que me afastar neste momento para não esmorecer o acervo de realizações que não pertence a mim, pertence a toda equipe que valorosamente pertence a Caixa”, disse.
Pedro reforça, ainda, que as acusações contra ele não são verdadeiras. “Tenho plena certeza de que estas acusações não se sustentarão ao passar por uma avaliação técnica e isenta”, afirma. Leia a carta na íntegra abaixo:
‘Uma vida inteira pautada pela ética’
Pedro Guimarães chegou a participar, na manhã desta quarta-feira (29), de um evento que anunciou estratégias para o Ano Safra 2022/2023, na sede da Caixa Cultural, em Brasília. Ele ignorou as denúncias e citou a esposa ao falar sobre ética.
“Quero agradecer a presença de todos vocês, da minha esposa, acho que de uma maneira muito clara, são quase 20 anos juntos, dois filhos, uma vida inteira pautada pela ética”, disse ele durante a participação a portas fechadas, segundo vídeo obtido pelo jornal O Globo.
O então presidente da Caixa também cancelou a coletiva de imprensa prevista para acontecer na frente do prédio, depois do evento, e deixou o local. Os jornalistas que tentaram acompanhar o encontro foram impedidos de entrar no auditório.
Daniella Marques, que agora assume a estatal, comandava desde fevereiro a Secretaria de Produtividade e Competitividade do Ministério da Economia. Inicialmente, ela foi levada ao Ministério da Economia como assessora especial de Paulo Guedes, depois que os dois trabalharam juntos na Bozano Investimentos.
Denúncias
O MPF investiga denúncias de assédio sexual feitas por funcionárias da Caixa Econômica Federal contra o presidente da instituição, Pedro Guimarães. O caso foi revelado pelo portal Metrópoles nessa terça-feira (28). Por nota, a Caixa diz não ter conhecimento sobre as denúncias. Pedro Guimarães não quis se manifestar.
Guimarães é um dos nomes mais próximos ligados a Jair Bolsonaro (PL), estando na presidência da Caixa desde o início do governo. Ele geralmente acompanha o presidente em viagens e participa das lives do mandatário na internet.
Segundo o Metrópoles, no fim do ano passado, um grupo de funcionárias resolveu denunciar os assédios sofridos. Todas as mulheres ouvidas pela reportagem trabalham ou trabalharam em equipes ligadas diretamente à presidência da instituição.
Cinco das vítimas, que pediram anonimato, deram entrevistas ao portal e contaram situações em que se sentiram abusadas por Pedro Guimarães, em compromissos de trabalho. Em relatos fortes, as mulheres contam sobre toques íntimos não autorizados, abordagens inadequadas e convites inapropriados.
O Metrópoles enviou uma série de perguntas ao presidente da instituição, mas não obteve respostas pontuais. Por meio de nota enviada ao portal, a Caixa disse que “não tem conhecimento das denúncias apresentadas pelo veículo”. A instituição disse ainda que “adota medidas de eliminação de condutas relacionadas a qualquer tipo de assédio” e que possui um canal de denúncias.
Já nesta quarta, Funcionárias da Caixa fizeram um protesto em frente à sede da instituição, em Brasília, pedindo a “saída urgente” de Pedro Guimarães do cargo.