‘Aprenda se vestir e dar limites’: Cartazes de tarefa escolar com frases machistas geram revolta na internet

Google Street View/Reprodução + Twitter/Reprodução

Um trabalho escolar, com cartazes espalhados pelo pátio interno de uma escola em Vila Velha (ES) e que teve como objetivo a valorização das mulheres pelo Dia 8 de Março, está gerando revolta e muitos comentários nas redes sociais, após um post feito nessa terça-feira (19), denunciando o caso. Os cartazes sugerem que as mulheres são culpadas por agressões e casos de assédio masculino.

Os cartazes foram feitos para um trabalho escolar sobre o mês da mulher, mas trazem dizeres considerados ofensivos e de cunho machista, como: “No começo ela gosta, mas depois começa a dizer que é assédio” e “Aprenda a se vestir, se comportar e dar limites”.

O caso ocorreu na Escola Estadual Padre Humberto Piacente, que fica no bairro Alecrim. Segundo relatou ao jornal O Sul uma aluna do 1º ano do ensino médio, várias ações e trabalhos estão sendo realizados na escola sobre o Dia da Mulher neste mês de março.

Ainda segundo ela, um deles foi passado por uma professora de história, que teria pedido a atividade baseada no tema “Valorização da mulher começa pela mulher”, sugerindo que os alunos trabalhassem com os subtemas “Como a mulher deve se comportar”, “Como a mulher deve se vestir” e “Mulher x palavrões”.

Em um dos cartazes, há a seguinte construção: “A mulher passa, o homem mexe, ela não pede respeito, o homem toca (sic) ela não faz nada. Se relacionam e fica grávida. Aaah! Fui assediada, abusada, estuprada!!! Agora que você reclama??”.

Em outro trecho, da mesma cartolina: “Socorro! Se fazer de vítima depois é fácil”. E, também: “Com roupas vulgares, em ambientes inapropriados, elas estão dando grande liberdade para os homens falar e pensar o que eles bem quiserem”.

Twitter/Reprodução

Um dos outros cartazes faz menção ao caso da vendedora Jane Cherubim, de 36 anos, que foi espancada pelo namorado quase até a morte, no mês passado, e abandonada numa estrada entre Minas e Espírito Santo, próximo a Dores do Rio Preto (ES).

Nessa cartolina estão as fotos de Jane e blocos de textos: Realidade, Expectativa e, em Conclusão, o(a) aluno(a) escreve: “As mulheres deveriam ser menos vulgar e respeitar seu próprio corpo (sic), ter mais consciência na hora de se envolver com alguns homens, pois muitas mulheres se envolvem com alguns homens sem conhecer”.

Twitter/Divulgação

O post partiu de um (a) suposto (a) aluno (a), em um perfil no Twitter chamado EndGame (@avengersszz).

Nas redes sociais, os comentários não perdoaram os trabalhos. Veja abaixo alguns posts da repercussão:

O que diz a escola

Para os jornais Gazeta On-Line e O Sul, a diretora da E.E. Padre Humberto, Fernanda Kelly Barbosa Pires, justificou que os cartazes fazem parte de um projeto com os alunos, que discute e analisa a violência contra a mulher no Espírito Santo e no país. Além disso, ela afirmou que a proposta foi executada em duas partes: o que as mulheres deviam fazer para não serem desvalorizadas e o que os homens estariam fazendo com as mulheres.

Segundo a diretora, a professora pediu que a turma retratasse, por meio da escrita, frases que escutavam no convívio familiar que denegriam as mulheres e o que pensavam sobre.

Procurada pelo BHAZ na manhã desta quarta-feira (20), a E.E. Padre Humberto Piacente informou que a diretora não está mais atendendo a imprensa. E que deveríamos fazer contato com a Secretaria de Estado de Educação do Espírito Santo (Sedu).

A Sedu informou por meio de nota que “a divulgação dos cartazes foi feita de forma descontextualizada do projeto desenvolvido pela escola, cujo objetivo é trabalhar a valorização da mulher e sua colocação na sociedade, durante o mês de março”. Destacou ainda que “envia para as escolas as diretrizes de trabalho a serem desenvolvidas e as unidades de ensino planejam suas respectivas ações de acordo com essas diretrizes. A Sedu também informa que, para este ano de 2019, o tema será pauta de capacitações para equipes técnicas e professores. A Sedu afirma que não  compactua com qualquer tipo de ação discriminatória”.

A escola publicou um post no Facebook, depois da repercussão do caso:

Facebook/Reprodução

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