Ao elogiar Cunha e exaltar Ustra, Bolsonaro surpreendeu até seus próprios fãs

Não é segredo para ninguém que os pronunciamentos do deputado Jair Bolsonaro costumam gerar muita polêmica. Ainda assim, nesse domingo (17), enquanto justificava na câmara seu voto à favor do impeachment da presidente Dilma Rousseff, o parlamentar conseguiu surpreender muitas pessoas, inclusive seus próprios fãs.

Durante seu pequeno discurso, onde defendeu seu posicionamento político contra o atual governo, Bolsonaro teria cometido dois deslizes – segundo comentam internautas – causando alvoroço nas redes sociais, inclusive na fanpage do deputado.

Uma das críticas dos seus seguidores é porque antes de anunciar seu voto, Bolsonaro quis agradecer ao presidente da câmara, Eduardo Cunha, pela condução do processo de impeachment. “Nesse dia de glória para o povo brasileiro, tem um nome que entrará para a história nessa data, pela forma como conduziu os trabalhos nesta casa. Parabéns, presidente Eduardo Cunha!”, disse o deputado.

Porém, o elogio não “pegou bem” para Bolsonaro, já que ele sempre defendeu expressivamente o fim da corrupção no país, no entanto, elogiou à Cunha, que responde à três inquéritos no Supremo Tribunal Federal (STF) no âmbito da Operação Lava Jato, onde apuram um esquema de corrupção e lavagem de dinheiro na Petrobras.

“Cunha é corrupto, e só fez oq fez para não cair sozinho! E vc Jair Messias Bolsonaro deveria ter cuidado em sair proferindo elogios a um ladrão! Eu o admiro como político e como cidadão, mas agradecer a um corrupto? Logo vc q não tem papas na língua, deveria já avisa-lo q ele será o próximo a ser cassado!”, comentou um internauta.

Além de elogiar o presidente da câmara, Bolsonaro também exaltou o nome do Comandante Ustra, coronel condenado pela justiça por sequestro e tortura durante a ditadura militar no Brasil.

“Perderam em 64, perderam agora em 2016. Pela família, pela inocência das crianças em sala de aula, que o PT nunca teve, contra o comunismo, pela nossa liberdade, contra o Foro de São Paulo, pela memória do Coronel Carlos Alberto Brilhante Ustra, o pavor de Dilma Rousseff, pelo exército de Caxias, pelas Forças Armadas, pelo Brasil acima de tudo e por Deus acima de tudo, o meu voto é sim”, declarou.

A citação de Bolsonaro parece ter frustrado alguns de seus seguidores, que chegaram a comentar em sua fanpage “Também poderia ter passado sem invocar o nome de um coronel acusado e condenado por torturas no regime militar, foi uma ré na sua campanha, já não sei mais o que pensar sobre meu possível candidato Jair Messias Bolsonaro”.

Ustra chefiou o DOI-CODI do II Exército, órgão encarregado pela repressão à grupos de oposição à ditadura militar. Em 2012, ele foi condenado a indenizar a família do Luiz Eduardo da Rocha Merlino, morto em decorrência da tortura que sofreu nos porões da organização.

Mesmo com o peso das críticas, Bolsonaro não se justificou quanto a exaltação do nome de Ustra, mas resolveu se justificar por ter elogiado Eduardo Cunha. O parlamentar postou um vídeo onde diz: “Na guerra você não escolhe parceiro, Cunha foi o parceiro dessa Guerra, sem o Cunha, Dilma continuaria lá e faria o sucessor do PT em 2018. Aqui o jogo é bruto, pra não falar outras coisas.”

Jéssica Munhoz

Jessica Munhoz é redatora do Portal Bhaz e responsável pela seção Cultura de Rua.

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