Na primeira visita ao Nordeste após ter chamado governadores da região de ‘paraíba’, o presidente Jair Bolsonaro (PSL) – que está na Bahia para inaugurar na manhã desta terça-feira (23) o aeroporto de Vitória da Conquista – não contou com a presença da Polícia Militar para fazer a segurança de sua comitiva.
Bolsonaro postou um tuíte no início da manhã ‘reclamando’ da decisão do governador baiano, Rui Costa (PT), que não teria autorizado a presença dos militares no Aeroporto Glauber Rocha, a ser inaugurado na cidade do interior.
– Estou de partida para Vitória da Conquista para inauguração de aeroporto. Lamentável a decisão do governador da Bahia que não autorizou a presença da Polícia Militar para a nossa segurança. Pior ainda, passou a responsabilidade de tal negativa ao seu Comandante Geral.
— Jair M. Bolsonaro (@jairbolsonaro) July 23, 2019
Em resposta, Costa disse que, como o evento é exclusivamente federal, as forças federais deveriam fazer a segurança do presidente.
Se o Gov Federal fechou o aeroporto e excluiu o povo, colocando o exército lá dentro, pra que ainda precisa da PM? No gabinete, conversei com Levi Vasconcelos, na BandNews FM, sobre a nova falsa polêmica que estão tentando criar sobre a presença da polícia no evento em Conquista. pic.twitter.com/LKXHp9Z8Kf
— Rui Costa (@costa_rui) July 23, 2019
Além da ausência dos militares estaduais, uma barreira de tapumes foi erguida para isolar o mandatário e sua comitiva do povo.
Agentes da Polícia Federal, da Polícia Rodoviária Federal e do Exército, além de seguranças particulares, participaram do esquema de segurança da inauguração nesta manhã.
Centenas de pessoas — entre elas apoiadores e críticos de Bolsonaro — se reuniram do lado de fora do terminal por volta das 10h30. O clima estava pacífico, e um telão foi montado para transmitir a cerimônia.
Além de Rui Costa, o presidente da Assembleia Legislativa da Bahia, Nelson Leal (PP), também informou que não participaria do evento no Aeroporto Glauber Rocha, em solidariedade à decisão do governador. A filha do cineasta baiano que dá nome ao novo terminal, Paloma Rocha, também se recusou a ir à solenidade.
‘Tem nordestino aí?’
Na véspera da viagem, Jair Bolsonaro relativizou e tentou brincar com a saia justa na qual se meteu na sexta-feira passada (12) ao cochichar com o ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, instantes antes de um café da manhã com correspondentes estrangeiros, críticas aos estados nordestinos,
referindo-se a eles como “paraíba”, afirmando que “daqueles governadores de ‘paraíba’, o pior é o do Maranhão”, em referência ao dirigente Flávio Dino (PCdoB).
Ele brincou : “Tem nordestino aí? Estão ofendidos comigo?”, perguntou. Assista ao vídeo:
– Amanhã estarei em Vitória da Conquista, Bahia.
— Jair M. Bolsonaro (@jairbolsonaro) July 23, 2019
– Encontrei-me com alguns nordestinos em Brasília. Um alegria só.
– Não censurei o filme da Bruna Surfistinha, apenas NÃO posso admitir dinheiro público para fazer filme PORNÔ. Assista: pic.twitter.com/LA1r1A2jua
Bolsonaro também contextualizou no seu tuíte o fato de ter criticado o filme Bruna surfistinha, produzido com recursos da Agência Nacional do Cinema (Ancine). Na semana passada, o presidente reduziu pela metade os integrantes do Conselho Superior do Cinema, transferindo a esfera do conselho do Ministério da Cidadania para a Casa Civil.
Advogado aciona STF por injúria a nordestinos
Nessa segunda-feira (22), um advogado do Ceará apresentou ação no Supremo Tribunal Federal (STF) contra o presidente pela declaração em que ele se referiu aos governadores do Nordeste como “governadores de paraíba”, de acordo com o jornal Extra.
O objetivo de Fernandes, da cidade de Eusébio, na Região Metropolitana de Fortaleza, é dar início a uma ação penal contra Bolsonaro pelos crimes de injúria e racismo. Para ele, o presidente se portou de forma racista e preconceituosa. “Bolsonaro usou o termo para se referir aos nordestinos em tom jocoso, traduzindo desprezo e menoscabo, tendo cometido, inequivocamente, crime de injúria”, disse o advogado.