Um sargento do Corpo de Bombeiros agrediu a própria filha com tapas e socos, além de raspar a força o cabelo da adolescente, de 14 anos. O caso ocorreu na madrugada dessa quinta-feira (12), no Rio de Janeiro. O motivo das agressões – realizadas quando o homem estaria alcoolizado, segundo a mãe da jovem – seria uma troca de mensagens no WhatsApp.
Ao BHAZ, a mãe da adolescente conta que o pai viu ela trocando mensagens com uma amiga, em que o interesse de um garoto por ela é mencionado. Além disso, ele viu um vídeo que mostra a adolescente em uma praça com amigos, que estavam bebendo e fumando.
A mulher, que é separada do homem, conta que o bombeiro estava alcoolizado e completamente alterado. “Agrediu ela com socos, encurralou ela na parede, disse que ela era ‘piranha’, ‘vagabunda’. Ela pedindo pelo amor de Deus para ele parar”, relata.
Após as agressões, o pai ainda raspou o cabelo da adolescente em meio a mais xingamentos. “Agora quero ver você ir pra rua, sua piranha”, disse o homem, segundo relatos da vítima.
Depois de ainda raspar o cabelo da garota, o pai a levou até a casa da mãe, que também foi ameaçada pelo homem. “Nunca imaginei que ele tivesse coragem de fazer isso com a própria filha. Ela não merecia ser tratada dessa maneira”, desabafa.
A mulher também esclareceu o contexto do vídeo que enfureceu o bombeiro. Segundo ela, foi uma situação gravada há meses, da qual ela já tinha ciência. “Eu pus ela de castigo, ensinei e expliquei. Ela pediu desculpas e estava se comportando”, garante.
A Polícia Civil do Estado Rio de Janeiro (PCERJ) informa que foi instaurado inquérito para apurar as lesões e injúrias à adolescente.
O BHAZ tentou falar com o Corpo de Bombeiros do Rio de Janeiro, mas não obteve sucesso. Ao jornal O Globo, a corporação disse que a corregedoria já pediu a suspensão do porte de arma do sargento e que foi instaurado um processo administrativo para apurar as denúncias.
Afirmou, por fim, que ” não compactua com atos ilícitos ou que vão de encontro à ética, à moral e aos bons costumes”.
Um histórico de agressões
Esta não seria a primeira vez que o bombeiro demonstra comportamento agressivo. Segundo a mulher, ele tem um comportamento explosivo e agressivo quando está alcoolizado. “No nosso casamento de quase 14 anos, foi exatamente dessa forma, muitas humilhações e traições”, relata.
Numa ocasião específica, já depois de terem se separado, a mãe da adolescente conta que o bombeiro foi até a casa dela e começou a exigir a entrada no imóvel. Em uma discussão com a mulher e seu companheiro na época, o ex-marido teria disparado uma arma de fogo na direção dela.
A PCERJ também instaurou inquérito para apurar os disparos. A mulher tinha guardado as provas, mas resolveu denunciar essa situação, após ver o que aconteceu com a filha.
Ela conta que nunca denunciou as agressões do ex-marido por não querer prejudica-lo. “Estava preocupada com a carreira dele, com o militarismo, com ele ser bombeiro, não queria prejudicar nossa filha também”, afirma.
Além disso, a mãe defende que o bombeiro tem um lado positivo. “Quero que ele pague pelo que fez, mas não queria que ele fosse expulso da corporação. Acredito que ele possa mudar, o lado bom dele pode vir a ser maior”, deseja.
Tentando recomeçar
Após a brutalidade pela qual passaram, mãe e filha agora buscam maneiras de seguir em frente, mas ainda lidam com o trauma. “É tudo muito recente, a gente tá sem dormir, ela tá sem dormir por conta do cabelo. Se olha no espelho e chora”, relata.
Para diminuir o impacto, a mãe comprou uma peruca para a filha. Mesmo com o preço alto, elas contaram com a ajuda de amigos para adquirir o “novo cabelo”. “Ela está se sentindo melhor, já sorriu, já brincou comigo. Neste momento está melhor com relação a aparência, mas a ferida da alma está lá”, conclui.
