Viraliza pelas redes sociais, desde a manhã desta terça (2), um vídeo em que duas jovens podem ser vistas destratando um funcionário da lanchonete Bob’s, na cidade de Duque de Caxias, no Rio de Janeiro. Nas imagens, o rapaz aparece trabalhando no local, enquanto as duas meninas o filmam e gritam frases em meio a risadas. “Lambe o chão”, “isso mesmo, limpa pra eu ver” são alguns dos comentários direcionados ao empregado.
Identificadas como Jullia Rodrigues e Thais Araujo, as jovens cariocas tiveram suas redes sociais expostas e visitadas por internautas de todo o Brasil, que passaram a apontar a atitude delas como racista. O caso chegou a ser um dos assuntos mais comentados do Twitter com a hashtag #FogoNosRacistas.
Após o ocorrido, Jullia, a loira, chegou a publicar outro vídeo, apagado em seguida, respondendo às acusações e afirmando que o ato não teria sido racista. “Não era porque o menino era preto não, porque ainda tem pretos bonitinhos, mas ele é um preto feio e horroroso”. Ela ainda fez menção ao órgão sexual do rapaz e disse que ela e a amiga fizeram um “auê no trabalho do garoto”.
No primeiro post, ela diz que tem gente apoiando (sim, tem gente apoiando racismo).
— ℝ????? ℍ???????? (@RafaelHeinrichs) 2 de abril de 2019
No segundo, ela diz que seu pai é policial (talvez pra tentar pôr medo em alguém) e diz que o povo tem que entender o motivo de ela ter sido racista.#fogonosracistas Fogo nos racistas pic.twitter.com/vbtpFBMDYH
Em meios a textos e fotos postados e excluídos em seguida, as jovens procuraram justificar os atos e a autora do vídeo chegou a postar uma foto dizendo que ela e sua amiga, Thais, estariam sofrendo racismo.
“Gente o menino do Bob’s namorava a Thais e aquilo foi uma brincadeira. Ele mesmo não se importou com a brincadeira e vocês criando esse alvoroço todo”, publicou Jullia em no Story do Instagram. Ela relatou ainda que estaria sendo ameaçada de morte e estupro por mensagens privadas.
Em um segundo momento, Thais também falou sobre a repercussão do vídeo na rede social. “Pra quem não sabe, eu sou ex namorada dele e terminamos não faz uma semana. Nosso relacionamento durou seis anos e infelizmente acabou do pior jeito. Não sou nenhuma desconhecida desmerecendo o trabalho dele que eu o ajudei a conseguir”. A jovem ainda disse as atitudes dela podem ter sido infantis, mas não racistas.
Thais e Jullia foram procuradas pelo BHAZ, mas até a publicação desta matéria não retornaram os contatos. O texto será atualizado caso haja algum posicionamento. A reportagem também procurou a Polícia Civil do Rio de Janeiro. A corporação afirmou não ter identificado nenhum registro de ocorrência relacionada ao caso.
A vítima
Com toda a repercussão, no final da tarde, a identidade do jovem filmado na lanchonete foi divulgada pelas próprias autoras do vídeo. Pedro Soares contou, por meio das redes sociais, estar bem. Apesar disso, pediu um tempo por estar confuso e sem entender o que está acontecendo.
“Eu estou recebendo muito apoio mas to sendo bastante criticado. Postei uma foto tentando passar algo pra vocês, e já veio milhões de críticas. Logo em seguida eu apaguei a foto. Eu estou confuso, não sei muito bem o que está acontecendo. Preciso de um tempo. Por favor. Eu imploro”.
Apesar das jovens terem afirmado que Pedro não teria ligado para a brincadeira, o jovem apresenta em seu primeiro post após o caso o seguinte texto: “Não faça com os outros o que você não gostaria que fizesse com você. Parece clichê, mas esse fundamento é exercício diário”.
A empresa
Em nota, a empresa de fast food lamenta o ocorrido e desmente especulações, feitas por internautas, de uma possível demissão do rapaz.
“O Bob’s informa que repudia qualquer tipo de discriminação ou assédio e lamenta que cenas como essa, até hoje, ainda sejam vistas nas relações entre pessoas. O funcionário segue trabalhando normalmente na empresa, sendo inverídicas as declarações de desligamento dele. Para preservar sua privacidade, o Bob’s não divulga o local do ocorrido, mas está à disposição para qualquer esclarecimento na apuração dos fatos”.
Racismo x Injúria racial
A injúria racial consiste em ofender a honra de alguém valendo-se de elementos referentes à raça, cor, etnia, religião ou origem. Já o racismo atinge uma coletividade indeterminada de indivíduos, discriminando toda a integralidade de uma raça. Ao contrário da injúria racial, o crime de racismo é inafiançável e imprescritível. Clique aqui para saber mais.