‘CovidFest’: Perfil bomba no Twitter expondo aglomerações de Réveillon

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Criador da página conta que ganhou quase 10 mil seguidores em menos de um dia com vídeos encontrados nas redes sociais (Reprodução/Twitter)

Com restrições, taxas de contágio preocupantes e crescentes números de mortos e infectados pelo coronavírus, a despedida de 2020 teria que ser, na teoria, sem festas. Mas, na prática, o que se observa em várias regiões do Brasil são festas com aglomeração e sem atenção aos cuidados que o período exige. E foi diante da indignação com essa realidade que dois jornalistas de Curitiba, no Paraná, resolveram criar o BrazilCovidFest, um perfil que expõe essas festas como forma de denúncia na internet.

A página foi criada nessa quarta-feira (30) e, mesmo com o pouco tempo, já é um fenômeno. Alguns dos vídeos já têm mais de 700 mil visualizações e o número de seguidores cresce a cada segundo. Para se ter uma ideia, a página ganhou quase 2 mil novos seguidores apenas enquanto um dos criadores conversava com a reportagem do BHAZ.

O jornalista, que pediu para ter a identidade preservada, conta que ele e o colega criaram o perfil motivados pela revolta com as festas que viam nas redes sociais. “Surgiu mesmo com uma questão de revolta, para mostrar que a sociedade está doente e que não é só o vírus da Covid. Também tem o vírus da ignorância”, diz. Na página, são compartilhados vídeos de eventos com grandes aglomerações, que fingem seguir os protocolos de segurança, mas não garantem o controle da situação.

É tudo verdade?

De acordo com o jornalista, todas as imagens veiculadas na página passam por um processo criterioso de checagem. Assim, eles conseguem garantir que todos os vídeos são realmente atuais e verídicos. “É tudo com muita responsabilidade. A gente tem tomado um cuidado muito grande para postar só a realidade”, defende. Ainda segundo o criador, com o crescimento da página, esse controle de qualidade fica ainda mais necessário, já que o público exige publicações verdadeiras: “O perfil se tornou uma ferramenta séria”.

Por outro lado, o sucesso da página ajuda a aumentar também a quantidade de materiais publicados. Isso porque o público dos dois jornalistas também ajuda enviando denúncias de eventos. “A gente recebe muita coisa na DM [mensagem direta, por inbox], muita gente mandando. As pessoas mandam às vezes o vídeo ou a foto, ou mandam o Instagram…”, conta o criador.

Caiu na rede…

Além da ajuda dos seguidores, os administradores da página contam ainda com uma ferramenta importante, que as pessoas parecem se esquecer que é pública: o Instagram. “A gente tem ido no perfil das pessoas, aí segue pela localização”, conta. O dono do perfil explica que, dessa forma, eles conseguem achar boa parte dos eventos.

“Por exemplo, tem um rapaz que é de Curitiba e está em Pipa, no Rio Grande do Norte. Eu estou acompanhando o Instagram dele, então eu estou vendo cada passo que ele dá. Então, sim, as pessoas estão mandando, mas a gente também está fazendo um trabalho de busca”, explica. E eles também conseguem repetir a prática com pessoas de outras cidades: “Eu estou com um material de uma médica ginecologista de uma maternidade famosa de São Paulo que está aproveitando e postando stories no meio da aglomeração”.

O criador explica ainda que o próximo passo do perfil é expor essas pessoas – tanto anônimas como famosas: “A gente descobriu que o Henri Castelli estava fazendo aglomeração e a gente postou. Então nós vamos para um segundo momento, de mostrar essas pessoas”. Com essas duas práticas, a página recebe atualizações constantemente, com vídeos de festas enormes e nada adequadas à realidade do país.

E a fiscalização?

E o pior de tudo, segundo o dono da página, é que a maioria dos eventos divulgados no perfil não são clandestinos – já que prometem cumprir os protocolos de segurança. “O Brasil vive um momento tão complicado. E o governo municipal, estadual e federal, todos têm uma certa culpa. Porque o governo coloca regras para impedir, mas muitas vezes esses eventos não são clandestinos, são eventos autorizados que as pessoas estão postando”, pontua.

Clandestinas ou não, as festas chocaram os administradores da página. Quando decidiram criar o perfil, eles já haviam visto algumas postagens semelhantes de jornalistas e celebridades repudiando os eventos, mas não esperavam a quantidade de denúncias que acumularam em apenas um dia. “A gente não tinha ideia dessa dimensão, foi muito chocante. Com o tanto de morte, com tanta gente morrendo e as pessoas aí… Parece que não tem pandemia, né? Para eles está normal. É muito triste”, diz.

Edição: Thiago Ricci
Giovanna Fávero[email protected]

Editora no BHAZ desde março de 2023, cargo ocupado também em 2021. Antes, foi repórter também no portal. Foi subeditora no jornal Estado de Minas e participou de reportagens premiadas pela CDL/BH e pelo Sebrae. É formada em Jornalismo pela PUC Minas e pós-graduanda em Comunicação Digital e Redes Sociais pela Una.

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