Paquera polarizada? Aplicativos e grupos segmentam interesses amorosos em tempos de eleições

pessoa mexendo celular
Na busca por pessoas com mais interesses em comum, solteiros podem entrar em plataformas voltadas apenas para a esquerda ou para a direita (Reprodução/Valter Campanato)

Com a aproximação das eleições 2022, em outubro, muita gente já tem declarado, nas redes sociais, suas preferências para os cargos mais disputados, entre eles a Presidência da República. E, ao que parece, os posicionamentos políticos também têm influenciado nas escolhas amorosas dos eleitores solteiros, que lançam mão até mesmo de aplicativos e grupos para encontrar aquela paquera com ideologia política similar.

O fato é que pode ser complicado construir uma relação saudável entre pessoas que defendem lados políticos completamente opostos. Então, para facilitar, alguns preferem “ir direto” ao ponto e conhecer pessoas com pensamentos mais alinhados, inclusive politicamente. Confira alguns apps e grupos de namoro “polarizados”:

Lefty

O aplicativo “Lefty”, lançado em agosto, é uma espécie de “Tinder” para pessoas que se consideram da esquerda. Nela, os usuários podem identificar nos perfis se fazem parte de algum grupo de ativismo ou se são filiados a determinados partidos.

O idealizador e CEO do Lefty, Alex Felipelli, diz que a ideia é uma solução para aqueles que não conseguem dar matches proveitosos em outros aplicativos por conta da falta de interesses em comum. “Achamos uma boa ideia juntar essas pessoas, ajudar quem está procurando por um relacionamento um pouco mais significativo”, explica. “Nossa ideia não é fomentar a polarização, mas a gente sabe que isso é importante para muitas pessoas e nós queremos ajudar esse público”, diz Alex.

‘Tinder’ para conservadores

No Brasil ainda não há aplicativos de relacionamento para quem se considera de direita, mas, nos Estados Unidos, a rede social “The Right Stuff” é um dos exemplos que reúnem pessoas conservadoras em busca de um par. Ela foi criada pelo ex-assessor do ex-presidente dos EUA Donald Trump, John McEntee.

“Reunimos pessoas com valores compartilhados e paixões semelhantes”, descreve o aplicativo, em sua página oficial. O The Right Stuff segue a mesma ideia da plataforma brasileira Lefty, ao sugerir que os usuários “parem de deslizar as pessoas erradas”, pois “existem pessoas lá fora como você”.

PTinder

Um outro esquema similar e voltado para os solteiros de esquerda é a PTinder, uma página criada em 2019, no Instagram, pela advogada Maria Goretti Nagime. Nela, os interessados tem seus perfis divulgados para que outras pessoas com a mesma visão ideológica possam conhecê-los e começarem a seguir na rede social.

A ideia surgiu quando o amigo de Maria ficou solteiro, e ela fez uma propagando dele no próprio Instagram, sinalizando que ele era de esquerda. “A maioria delas falava que o fato dele ser de esquerda era o que mais chamava a atenção”, contou a idealizadora à reportagem.

Com isso em mente, a advogada decidiu criar a página para unir casais que se interessam por pessoas de esquerda. Na bio, ela chega a brincar: “Trabalhadores do mundo, uni-vos”. Ela divulga os perfis, mas não faz a mediação dos casais, portanto, a pesquisa sobre os pretendentes fica por conta de cada um.

Bolsolteiros

Há também uma plataforma de namoro para pessoas de direita, sobretudo eleitores do presidente Jair Bolsonaro (PL). No Facebook, O grupo “Bolsolteiros” se desmembrou em outras comunidades voltadas para determinados estados, como São Paulo, Minas Gerais e Rio de Janeiro.

Os grupos são privados, sendo necessário solicitar a entrada aos administradores, que avaliam os perfis. O objetivo da comunidade mineira é “possibilitar relações de amizade ou namoro entre eleitores do Bolsonaro, que morem em Minas Gerais”. Clique aqui para acessar.

Edição: Roberth Costa
Andreza Miranda[email protected]

Graduada em Jornalismo pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) e repórter do BHAZ desde 2020. Participou de duas reportagens premiadas pela CDL/BH (2021 e 2022); de reportagem do projeto MonitorA, vencedor do Prêmio Cláudio Weber Abramo (2021); e de duas reportagens premiadas pelo Sebrae Minas (2021 e 2023).

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