Galvão critica Copa América no Brasil: ‘Que essa loucura não aconteça’

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Galvão vê confronto político na decisão (Reprodução/TV Globo)

O narrador Galvão Bueno abriu o “Bem, Amigos”, programa esportivo do SporTV, com críticas sobre a realização da Copa América no Brasil. A realização da competição no país foi anunciada ontem (31) pela Conmebol, e desde então foi alvo de diversas críticas. Para o jornalista, a realização da Copa América é uma “loucura”, pois aumenta a possibilidade de contaminação e a vinda de novas cepas do novo coronavírus ao país.

Galvão ainda disse que vê a realização da Copa América como um “confronto político” e torce para que “alguém tenha uma crise de bom senso e que essa loucura não aconteça”. No início da noite de ontem (31), depois de a Conmebol (Confederação Sul-Americana de Futebol) agradecer ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido) e ao Brasil por sediar a Copa América a partir do próximo dia 13, o governo federal foi a público dizer que a realização do evento no país não estava confirmada.

O narrador também criticou a realização de competições que serão transmitidas pela sua emissora, a TV Globo, como a rodada das Eliminatórias da Copa do Mundo. Galvão comandará a transmissão do jogo contra o Equador, na sexta-feira (4). “Quem me conhece bem sabe que eu não tenho medo de dar a minha opinião, e acho que é um direito de todos concordar ou não comigo”, começou.

“A Globo e o SporTV, no ano passado, não tinham os direitos da Libertadores, e eu fui contra a volta precipitada da Liberadores, mas nós temos os direitos do Campeonato Brasileiro, só que eu também fui contra a volta do futebol no Brasil quando ele voltou. Aqui, lutamos com todas as nossas forças e possibilidades para que se atrasasse um pouco a volta do futebol brasileiro”, continuou.

“Eu não vou ser falso e mentir aqui, eu estou feliz e emocionado em poder voltar a narrar um jogo da seleção brasileira. Estou feliz porque a última vez que narrei um jogo de seleção brasileira foi em novembro de 2019, um Brasil e Argentina. Mas eu confesso que gostaria de esperar mais um pouco, porque não precisava ser agora. Eu dou sempre a minha opinião. Os direitos são nossos, mas eu acho que não precisava ser agora” finalizou.

‘Terceira onda’

O jornalista ainda falou de uma possível terceira onda no país. “Por que eu digo que poderia ser um pouquinho mais para frente? Porque a terceira onda da Covid-19 está batendo à nossa porta. Já são mais de 465 mil mortes no Brasil. Não sabemos onde isso vai parar”, iniciou Galvão.

“Eis que na calada da noite, a Conmebol, na impossibilidade de realizar a Copa América na Argentina, por causa da Covid e de decisões do governo argentino, a Conmebol liga para a CBF (Confederação Brasileira de Futebol) e sugere que a competição seja no Brasil. O que a CBF faz? Ela fala sim e consulta o governo federal. O que o governo federal faz? Aceita prontamente, sem reflexão, sem discussão, sem pensar no quão delicado é aceitar essa missão”, seguiu o narrador.

A busca por um local se deu após a Argentina avisar de forma oficial à Conmebol de que teria de abrir mão da copa por causa da pandemia da Covid-19. Antes disso, a Colômbia havia feito o mesmo, mas devido a protestos populares contra o governo. A preferência da confederação era por realizar o evento nos Estados Unidos, caso a Argentina realmente pulasse fora do barco. Mas os norte-americanos não aceitaram a proposta, mesmo já tendo aplicado ao menos uma dose em 60% dos adultos do país, até a metade de maio.

‘Confronto político’

Galvão lembrou do alto número de pessoas que circulariam no Brasil daqui duas semanas. “É muito mais do que isso. São jornalistas do mundo inteiro, são dirigentes, o pessoal que vai trabalhar nos estádios, é gente que pode contaminar ou ser contaminada, que pode trazer ou levar uma cepa nova. Sabe quando é isso? Daqui menos de duas semanas. Parou por aí? Não. Tem o staff da Conmebol, tem o staff da CBF, tem o staff do executivo federal e do nosso presidente”, disse.

Para o narrador, no meio de um confronto político, quem perde é a população, com risco de se contaminar com o vírus mortal. “O que era para ser um evento esportivo começa e me parecer que virou um confronto político. Quem corre o risco? É sua saúde, a nossa saúde, é a saúde pública da América. Sinceramente, eu peço a Deus que alguém tenha uma crise de bom senso e que essa loucura não aconteça”, encerrou.

Chuva de críticas

O narrador da Globo não foi o único a criticar a realização da copa no país. O colega de Galvão, o narrador e jornalista Luis Roberto, não segurou a revolta ao comentar a notícia de que o Brasil vai sediar a Copa América, em meio à pandemia de Covid-19. Em participação no programa “Seleção SporTV”, nessa segunda-feira (31), ele demonstrou sua indignação e afirmou que a decisão é um “tapa na cara dos brasileiros”.

O governador de Minas Gerais, Romeu Zema, em entrevista à CNN, também se mostrou contrário à realização da copa. Zema disse que não vê o anúncio com bons olhos e alertou para o momento que o país encara atualmente, que, conforme lembrado por ele, não é o adequado para sediar um evento de futebol.

Não apenas figuras públicas, mas também parte da população brasileira, colocou-se contra a realização do evento no momento. Internautas passaram a ironizar a situação, chamando o mascote da competição de “Cloroquito”, em alusão à hidroxicloroquina, medicamento sem eficácia para Covid-19 amplamente defendido pelo presidente da República, e apelidando o torneio de “Cepa América”, em referência às cepas do SARS-CoV-2 identificadas no país.

Edição: Vitor Fernandes

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