Um avião da companhia Voepass, com 58 passageiros e 4 tripulantes, caiu em Vinhedo, no interior de São Paulo, nesta sexta-feira. Imagens que circulam na internet mostram a aeronave caindo em espiral. O BHAZ ouviu especialistas em tráfego aéreo para entender o que se passou com a aeronave, e a presença de gelo nos céus da região de São Paulo pode ter contribuído para a queda do avião.
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De acordo com o professor de aviação civil da Una, Leonardo Gomes, o avião entrou em um “parafuso chato”, girando em torno de seu próprio eixo e caindo verticalmente. Segundo Leonardo, para que uma aeronave entre nesse processo é necessário que ela perca a velocidade horizontal, o que pode ser causado por diversos fatores, como baixa velocidade, curvas muito inclinadas ou falhas mecânicas.
O especialista afirma que é difícil avaliar as causas do acidente neste momento apenas pelas imagens, mas é preciso ressaltar que as condições meteorológicas na região estavam instáveis. “Existe a possibilidade de formação de gelo. No entanto, nenhum fator isoladamente é suficiente para causar um acidente dessa magnitude. Provavelmente, foi uma combinação de diversos fatores que contribuíram para a tragédia”, afirma o professor.
O piloto comercial, instrutor de voo e presidente da Voa Prates, Estevan Velasquez, tem discurso semelhante ao de Leonardo. Para ele, há um somatório de fatores que leva à queda da aeronave, mas destaca que havia um alerta de frente fria e “vários colegas reportando que encontraram gelo naquela altitude. “Por causa da frente fria, tinha alerta de formação de gelo nessas altitudes. A chegada dessa frente fria gerou alerta mais ou menos naquele horário, naquela altitude. Ainda tem alerta vigente”, afirma Velasquez.
O especialista afirma que as condições podem ter ocasionado um estol, quando as asas do avião perdem a função, e deixam de segurar o avião em voo e, como consequência, a aeronave passa a seguir a sua vontade própria, resultando no já citado “parafuso chato”. “É muito, muito, muito difícil, quase impossível, o piloto fazer qualquer coisa para tirar o piloto dessa condição. A superfície de comando simplesmente não exerce mais a sua função. Nada que o piloto faça exerce qualquer tipo de reação na aeronave, conclui.
Segundo a Climatempo, no momento da queda do avião, por volta de 13h30, o radar de Bauru “não indicava chuva significativa na região de Vinhedo, porém havia áreas de instabilidade se deslocando nas proximidades do acidente”. Os radares indicam temperaturas entre -9°C a -11°C na altitude determinada.
O radar de São Roque seria mais adequado para fazer a análise dada a proximidade, ressalta o Climatempo, mas esteva sem operar no momento do acidente com a aeronave da Voepass.