iFood recebe autorização inédita da Anac e poderá fazer entregas com drones em todo o Brasil

Drone do iFood
Processo de autorização da Anac foi desenvolvido ao longo de oito meses de trabalhos (Anac/Divulgação)

A Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) autorizou a fabricante Speedbird Aero, parceira do iFood, a realizar entregas comerciais com drones no Brasil. Com o aval, a empresa de delivery agora pode implementar a nova modalidade de entrega de comida no país.

De acordo com o iFood, a autorização para uso diário comercial é a primeira a ser concedida na América. Ela veio após a empresa realizar testes em Campinas, São Paulo, e em Sergipe, por meio de Certificado de Autorização para Voo Experimental (CAVE).

O líder de logística e inovação do iFood, Fernando Martins, classificou a autorização como uma “conquista única” e um “marco histórico na aviação e no desenvolvimento da sociedade”. “É o início de uma mudança que traz novas maneiras e agilizará as entregas em diferentes contextos”, disse.

De acordo com a empresa, o drone não vai até a casa dos clientes. “Sua missão é reduzir o tempo de viagem no primeiro trecho, a partir do restaurante até um ponto de retirada (o iFood Hub). De lá, os entregadores usam os modais tradicionais (moto, bicicleta ou patinete) para levar a refeição até os clientes”, explica.

Testes

O primeiro CAVE foi obtido pelo iFood em 2020, para o modelo de drone DLV-1 Legacy. Na ocasião, a autorização permitia a realização de voos experimentais, no Shopping Iguatemi de Campinas. A empresa realizou mais de 300 entregas por drone, com mais de 20 restaurantes parceiros na região.

Drone
iFood realizou testes em Campinas e Sergipe (iFood/Divulgação)

Em 2021, a empresa fez novos testes conectando dois municípios: Aracaju e Barra dos Coqueiros, em Sergipe. O drone passou por um trajeto inédito, atravessando o rio Sergipe a partir do Shopping RioMar Aracaju, percorrendo 2,8 quilômetros até Barra dos Coqueiros.

De acordo com o iFood, esse trajeto dura 5 minutos 20 segundos com o drone. Por via terrestre, a entrega demoraria entre 25 e 55 minutos. Segundo a empresa, isso “confirmou a validade do uso de drones como parte dos modais de entrega pela sua agilidade”.

Toda a operação é realizada pela Speedbird, por profissionais habilitados e preparados para a aeronavegabilidade dos drones.

Regras

A partir de agora, a Speedbird Aero pode utilizar os drones DLV-1 NEO para realizar entregas com cargas de até 2,5 kg em um raio de 3 km, inclusive em ambientes urbanos, mantendo margens de segurança estabelecidas no projeto.

Não sobrevoar pessoas, manter distância de possíveis fontes de interferência eletromagnética, observar alturas máximas e mínimas de operação e as condições meteorológicas são algumas das condições estabelecidas pela Anac.

“No processo que levou a esta aprovação, as características técnicas foram exploradas, com base em requisitos de segurança. A utilização de drones para entrega de mercadorias é uma das mais esperadas aplicações da tecnologia. O Brasil está na vanguarda”, defende o superintendente de Aeronavegabilidade da Anac, Roberto José Honorato.

Implementação

Com o novo aval, o iFood busca ampliar as possibilidades de atuação do delivery por drones e o alcance em novas áreas. A empresa também defende que a nova modalidade de entrega é uma opção não poluente.

“A diminuição dos tempos de entrega, a redução de custos e das emissões de poluentes, e otimização do tráfego terrestre são apenas alguns dos benefícios dessa atividade inovadora, que decola hoje no Brasil com a autorização concedida pela ANAC ao DLV-1 NEO”, defende Manoel Coelho, CEO e cofundador da Speedbird Aero.

Segundo o iFood, o projeto seguirá avançando e, como próximos passos, a empresa vai analisar novos locais e a viabilidade de operação para investimento em outras regiões do país.

Processo de autorização

De acordo com a Anac, o processo de autorização de projeto da aeronave remotamente pilotada DLV-1 NEO foi desenvolvido ao longo de oito meses de trabalhos entre a Speedbird Aero, AL Drones e agência.

O trabalho foi conduzido pelas Superintendências de Aeronavegabilidade (SAR) e de Padrões Operacionais (SPO) da Anac para uma avaliação “holística e abrangente de todas as preocupações de segurança vislumbradas”.

Anac
Equipe da Anac trabalhou por oito meses com testes (Anac/Divulgação)

Ao longo do processo de autorização, além da análise de diversos relatórios como Manual de Operação, Plano de Trabalho, Relatório de Análise de Segurança e outros, a Anac testemunhou quatro ensaios com os representantes da empresa: três em São José dos Campos, para a avaliação das características técnicas da aeronave, e um ensaio em Aracaju, para avaliação operacional.

Edição: Giovanna Fávero
Sofia Leão[email protected]

Repórter do BHAZ desde 2019 e graduada em jornalismo pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais). Participou de reportagens premiadas pelo Prêmio Cláudio Weber Abramo de Jornalismo de Dados, pela CDL/BH e pelo Prêmio Sebrae de Jornalismo em 2021.

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