A Anac (Agência Nacional de Aviação Civil) autorizou a fabricante Speedbird Aero, parceira do iFood, a realizar entregas comerciais com drones no Brasil. Com o aval, a empresa de delivery agora pode implementar a nova modalidade de entrega de comida no país.
De acordo com o iFood, a autorização para uso diário comercial é a primeira a ser concedida na América. Ela veio após a empresa realizar testes em Campinas, São Paulo, e em Sergipe, por meio de Certificado de Autorização para Voo Experimental (CAVE).
O líder de logística e inovação do iFood, Fernando Martins, classificou a autorização como uma “conquista única” e um “marco histórico na aviação e no desenvolvimento da sociedade”. “É o início de uma mudança que traz novas maneiras e agilizará as entregas em diferentes contextos”, disse.
De acordo com a empresa, o drone não vai até a casa dos clientes. “Sua missão é reduzir o tempo de viagem no primeiro trecho, a partir do restaurante até um ponto de retirada (o iFood Hub). De lá, os entregadores usam os modais tradicionais (moto, bicicleta ou patinete) para levar a refeição até os clientes”, explica.
Testes
O primeiro CAVE foi obtido pelo iFood em 2020, para o modelo de drone DLV-1 Legacy. Na ocasião, a autorização permitia a realização de voos experimentais, no Shopping Iguatemi de Campinas. A empresa realizou mais de 300 entregas por drone, com mais de 20 restaurantes parceiros na região.
Em 2021, a empresa fez novos testes conectando dois municípios: Aracaju e Barra dos Coqueiros, em Sergipe. O drone passou por um trajeto inédito, atravessando o rio Sergipe a partir do Shopping RioMar Aracaju, percorrendo 2,8 quilômetros até Barra dos Coqueiros.
De acordo com o iFood, esse trajeto dura 5 minutos 20 segundos com o drone. Por via terrestre, a entrega demoraria entre 25 e 55 minutos. Segundo a empresa, isso “confirmou a validade do uso de drones como parte dos modais de entrega pela sua agilidade”.
Toda a operação é realizada pela Speedbird, por profissionais habilitados e preparados para a aeronavegabilidade dos drones.
Regras
A partir de agora, a Speedbird Aero pode utilizar os drones DLV-1 NEO para realizar entregas com cargas de até 2,5 kg em um raio de 3 km, inclusive em ambientes urbanos, mantendo margens de segurança estabelecidas no projeto.
Não sobrevoar pessoas, manter distância de possíveis fontes de interferência eletromagnética, observar alturas máximas e mínimas de operação e as condições meteorológicas são algumas das condições estabelecidas pela Anac.
“No processo que levou a esta aprovação, as características técnicas foram exploradas, com base em requisitos de segurança. A utilização de drones para entrega de mercadorias é uma das mais esperadas aplicações da tecnologia. O Brasil está na vanguarda”, defende o superintendente de Aeronavegabilidade da Anac, Roberto José Honorato.
Implementação
Com o novo aval, o iFood busca ampliar as possibilidades de atuação do delivery por drones e o alcance em novas áreas. A empresa também defende que a nova modalidade de entrega é uma opção não poluente.
“A diminuição dos tempos de entrega, a redução de custos e das emissões de poluentes, e otimização do tráfego terrestre são apenas alguns dos benefícios dessa atividade inovadora, que decola hoje no Brasil com a autorização concedida pela ANAC ao DLV-1 NEO”, defende Manoel Coelho, CEO e cofundador da Speedbird Aero.
Segundo o iFood, o projeto seguirá avançando e, como próximos passos, a empresa vai analisar novos locais e a viabilidade de operação para investimento em outras regiões do país.
Processo de autorização
De acordo com a Anac, o processo de autorização de projeto da aeronave remotamente pilotada DLV-1 NEO foi desenvolvido ao longo de oito meses de trabalhos entre a Speedbird Aero, AL Drones e agência.
O trabalho foi conduzido pelas Superintendências de Aeronavegabilidade (SAR) e de Padrões Operacionais (SPO) da Anac para uma avaliação “holística e abrangente de todas as preocupações de segurança vislumbradas”.
Ao longo do processo de autorização, além da análise de diversos relatórios como Manual de Operação, Plano de Trabalho, Relatório de Análise de Segurança e outros, a Anac testemunhou quatro ensaios com os representantes da empresa: três em São José dos Campos, para a avaliação das características técnicas da aeronave, e um ensaio em Aracaju, para avaliação operacional.