Influenciadora sente dores e descobre que foi dopada e estuprada em rodeio de Jaguariúna

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A influenciadora Franciane Andrade relatou que sentiu dores dias após ir ao rodeio e os exames médicos confirmaram o estupro (Reprodução/@francianeandradee/Instagram)

A influenciadora digital Franciane Andrade contou em suas redes sociais, nessa terça-feira (30), que sofreu um estupro no Jaguariúna Rodeo Festival, no município de Jaguariúna, São Paulo. O evento aconteceu no último fim de semana e, segundo contou a jovem de 23 anos, o responsável pelo crime a dopou e a retirou do camarote onde estava.

A jovem disse que não sabia que havia sofrido a violência, e que decidiu ir ao médico pois começou a sentir dores. Aos prantos, Andrade disse que registrou um boletim de ocorrência e, logo depois, foi até o IML (Instituto Médico Legal) de Mogi Guaçu, São Paulo, onde constataram o estupro. “Ele [médico] não soube me dizer se foi um, dois, ou três”, disse Franciane.

Franciane contou que estava arrasada, e que ainda teria que contar para os pais sobre a violência sofrida. “Que dor que eu estou sentindo, inconsciente, sem ver quem era. Eu peço muito a ajuda de vocês, Jaguariúna tem que se responsabilizar por isso, eles têm que entrar em contato comigo”, pediu.

Festival prestou suporte à influenciadora

Ao BHAZ, o Jaguariúna Rodeo Festival informou, em nota (leia abaixo na íntegra), que a organização “entrou em contato com a jovem e com sua família para prestar toda ajuda e suporte necessários”. Além disso, o evento afirmou estar “à disposição das autoridades para colaborar com a investigação do ocorrido”.

“A propósito, já estão sendo analisadas as imagens e vídeos das diversas câmeras de segurança do festival. Importante ressaltar que o camarote citado, assim como as demais áreas do evento, possui efetivo robusto de segurança e monitoramento”, acrescentaram.

No fim da nota, o Jaguariúna Rodeo Festival disse que “reafirma seu compromisso com o bem-estar do público e repudia qualquer forma de abuso e discriminação, dentro ou fora dos eventos que realiza”.

Camarote mais caro

“Eu paguei um dos camarotes mais caros para ter segurança e não acontecer isso, e ninguém me ajudou, nenhum segurança me ajudou, ninguém”, lamentou a Franciane Andrade, chorando. “Estou aqui na Santa Casa de Mogi Guaçu para tomar coquetel, porque eu posso pegar uma doença ou engravidar”.

O BHAZ entrou em contato com a SSP-SP (Secretaria da Segurança Pública) para obter detalhes sobre a investigação do crime. Em nota, a corporação confirmou o registro do caso na delegacia de Mogi Guaçu, e informou que ele foi encaminhado “para a Delegacia de Jaguariúna para continuidade das investigações”.

“Diligências estão em andamento para esclarecer os fatos. Outros detalhes não podem ser divulgados devido à natureza do crime”, concluiu a polícia (leia nota na íntegra abaixo). Horas mais tarde, a influenciadora digital voltou ao Instagram para dar detalhes sobre seu estado.

‘Meus pais estão muito nervosos’

Visivelmente abalada, ela contou que havia vomitado após tomar o coquetel de remédios, e que seus pais estavam muito nervosos com a situação. “Eu estou em choque, eu soube hoje da violência”, disse.

“Meus pais estão muito nervosos, gente, por favor. Eu quero pedir aqui para vocês pararem de atacar os meus amigos, eles não têm culpa de nada. Minhas amigas me ajudaram, eu não sei como eu me perdi delas, eles não têm nada a ver com isso, pelo amor de Deus”, pediu.

Franciane disse que as filmagens precisam ser checadas antes de julgarem seus amigos. “O rodeio de Jaguariúna já entrou em contato comigo, a advogada já entrou em contato comigo, vai dar tudo certo, vai ser investigado pela polícia”, explicou a jovem.

“Não quero ficar marcada por isso, não quero mais ouvir minha mãe chorando e perguntando ‘por quê’. Tudo isso é um pesadelo!”, disse a influenciadora digital. “Meus pais não mereciam viver isso junto comigo, estou aflita, estou sem forças, estou com medo”.

Mais uma vítima

Conforme Franciane também compartilhou em seus stories, uma seguidora lhe mandou mensagens dizendo ter sofrido a mesma violência. “Aconteceu a mesma coisa comigo! Do nada eu não lembro de nada, e fui acordar em Vinhedo [SP]… estava no camarote também”, disse a pessoa.

“Fooi no sábado, eu estava no show do Denis, de repente acordei em frente a uma delegacia fechada em Vinhedo. Meus amigos todos desesperados me procurando”, relatou a pessoa, que Franciane deixou o nome em anônimo. “Eu só choro todos os dias tentando lembrar o que aconteceu”.

Nas redes sociais, os internautas estão cobrando o Jaguariúna Rodeo Festival, e deixando mensagens de apoio à Franciane Andrade. “#JustiçaPorFranciane”, comentaram várias pessoas no Instagram do evento.

Crime sexual

O crime de estupro é previsto no art. 213 do Código Penal, e consiste em “constranger alguém, mediante violência ou grave ameaça, a ter conjunção carnal ou a praticar ou permitir que com ele se pratique outro ato libidinoso”. Mesmo que não exista a conjunção carnal, o criminoso pode ser condenado a uma pena de reclusão de seis a 10 anos.

O art. 217A prevê o crime de estupro de vulnerável, configurado quando a vítima tem menos de 14 anos ou, “por enfermidade ou deficiência mental, não tem o necessário discernimento para a prática do ato, ou que, por qualquer outra causa, não pode oferecer resistência”. A pena varia de 8 a 15 anos.

Já o crime de importunação sexual, que se tornou lei em 2018, e é caracterizado pela realização de ato libidinoso na presença de alguém e sem sua anuência. O caso mais comum é o assédio sofrido por mulheres em meios de transporte coletivo, como ônibus e metrô. Antes, isso era considerado apenas uma contravenção penal, com pena de multa. Agora, quem praticá-lo poderá pegar de um a 5 anos de prisão.

Onde conseguir ajuda?

Caso você seja vítima de qualquer tipo de violência de gênero ou conheça alguém que precise de ajuda, pode fazer denúncias pelos números 181, 197 ou 190. Além deles, veja alguns outros mecanismos de denúncia:

Delegacia Especializada em Atendimento à Mulher
av. Barbacena, 288, Barro Preto | Telefones: 181 ou 197 ou 190

Casa de Referência Tina Martins
r. Paraíba, 641, Santa Efigênia | 3658-9221

Nudem (Núcleo de Defesa da Mulher)
r. Araguari, 210, 5º Andar, Barro Preto | 2010-3171

Casa Benvinda – Centro de Apoio à Mulher
r. Hermilo Alves, 34, Santa Tereza | 3277-4380

Aplicativo MG Mulher
Disponível para download gratuito nos sistemas iOS e Android, o app indica à vítima endereços e telefones dos equipamentos mais próximos de sua localização, que podem auxiliá-la em caso de emergência. O app permite também a criação de uma rede colaborativa de contatos confiáveis que ela pode acionar de forma rápida caso sinta que está em perigo.

Seja qual for o dispositivo mais acessível, as autoridades reforçam o recado: peça ajuda.

Nota da SSP-SP na íntegra

O caso foi registrado pela DDM de Mogi Guaçu e encaminhado para a Delegacia de Jaguariúna para continuidade das investigações. Diligências estão em andamento para esclarecer os fatos. Outros detalhes não podem ser divulgados devido à natureza do crime.

Nota do Jaguariúna Rodeo Festival na íntegra

Assim que tomou conhecimento do relato de Franciane Andrade, a organização do Jaguariúna Rodeo Festival entrou em contato com a jovem e com sua família para prestar toda ajuda e suporte necessários.
Sem prejuízo do integral suporte à eles, a organização do Jaguariúna Rodeo Festival também está à disposição das autoridades para colaborar com a investigação do ocorrido.
A propósito, já estão sendo analisadas as imagens e vídeos das diversas câmeras de segurança do festival.
Importante ressaltar que o camarote citado, assim como as demais áreas do evento, possui efetivo robusto de segurança e monitoramento.
Por fim e não menos importante, o JRF reafirma seu compromisso com o bem-estar do público e repudia qualquer forma de abuso e discriminação, dentro ou fora dos eventos que realiza.

Edição: Vitor Fernandes
Andreza Miranda[email protected]

Graduada em Jornalismo pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais) e repórter do BHAZ desde 2020. Participou de duas reportagens premiadas pela CDL/BH (2021 e 2022); de reportagem do projeto MonitorA, vencedor do Prêmio Cláudio Weber Abramo (2021); e de duas reportagens premiadas pelo Sebrae Minas (2021 e 2023).

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