‘Ninguém será educado sem um mínimo de dignidade’: Juninho comove ao ajudar homem agredido por empresário

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Em uma entrevista de 2018, Juninho já criticava concentração de renda no país e visões elitistas (@LoteMarcio/Twitter/Reprodução + @Juninhope08/Twitter/Reprodução)

Muita gente se sensibilizou com o vídeo de um empresário agredindo um homem de dentro de um carro (veja mais aqui). O ex-jogador de futebol Juninho Pernambucano foi uma dessas pessoas e resolveu tomar uma atitude para ajudar o homem que foi agredido e humilhado. Além de auxiliar com as medidas judiciais pela violência, Juninho tenta reintegrar a vítima à sociedade.

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O ex-atleta publicou pelo Twitter um texto em que explica a situação de Anderson, o homem agredido. Juninho entrou em contato com o advogado Rogério Pereira e descobriu que Anderson tinha problemas com dependência química. “Sou contra a política violenta de combate às drogas, já provado que não traz resultados esperados”, opinou.

Em uma tentativa de ajudar de forma efetiva o homem, juntos conseguiram uma vaga para Anderson em uma clínica de reabilitação para dependentes químicos. “Se ele precisar ficar 1 ano, ficará. Mas queremos ele recuperado e de volta a sociedade como exemplo pra outros”, garantiu.

Juninho continuou seu texto falando da importância de dar ao outro algo que ele precisará antes de todas as outras coisas: “dignidade humana”. “Quanto a agressão sofrida, será muito, mas muito mais difícil, esquecê-la, que se liberar do vício. Depois da tortura (imensurável, inexplicável), a humilhação é a pior agressão feita ao ser humano, ela agride muito mais que o tapa em si”, concluiu.

Entenda o caso

O caso de Anderson repercutiu nas redes sociais após o empresário Adonias Correia de Santana filmar a si mesmo agredindo o homem. Ao BHAZ, o empresário afirmou que não se arrepende do ato e “faria de novo”.

Na filmagem, realizada em Sinop, no Mato Grosso, o empresário aparece em um carro conversando com um homem que passa pela rua. A vítima fala sobre as dificuldades enfrentadas para conseguir ajuda. Na sequência, Adonias oferece R$ 20 ao homem e pede que ele se aproxime do carro. Neste momento, ele agride a vítima com um tapa no rosto e esbraveja: “Vai trabalhar, vagabundo”. 

Adonias é dono de uma madeireira e era tesoureiro do PSL (Partido Social Liberal) na mesma cidade. Após a repercussão do vídeo, ele foi expulso da sigla.

Em conversa com a reportagem, Adonias se defendeu e disse que vem sofrendo ameaças por conta da repercussão do vídeo. “Esse vídeo criou um grande transtorno na minha vida. Esse cara que eu dei um tapa nele, que todo mundo está colocando ele de santo, ele me assaltou um dia antes. Fiquei uma hora com um revólver na cabeça e ele quase me matou, esse bandido. A mídia quer fazer ele de santo”, alega o empresário.

Anderson agradece

Após o auxílio de Juninho e do advogado Rogério, o dependente químico Anderson agradeceu todo o apoio. “Estou aqui para agradecer essa ajuda. Muito obrigado por tudo que tem feito”, disse o homem, em um vídeo compartilhado pelo ex-atleta.

Pelo Twitter, Juninho ainda esclareceu que o advogado não cobrará pelo futuro processo pela agressão. O ex-atleta também afirmou que muitas outras pessoas se prontificaram a ajudar e agradeceu o apoio.

Consciência política

Em uma entrevista ao jornal El País, em 2018, Juninho Pernambucano falou sobre o desenvolvimento de uma postura política após sair do futebol. Ele diz que, para um atleta, a dedicação total ao esporte pode gerar alienação. “Entendo o atleta que ainda está jogando e prefere não se posicionar. Mas o ex-atleta que tem uma boa qualidade de vida não falar nada sobre a situação do país é inadmissível”, afirmou.

Na entrevista, o ex-jogador de futebol também mencionou um episódio em que afirma ter sido censurado quando comentarista da Rede Globo, ao falar de setoristas vendidos. “Se eu fui censurado e ameaçado, significa que toda a imprensa também foi, meu amigo. E ninguém compreendeu isso, talvez por ignorância ou medo de perder o emprego”, comentou.

Juninho Pernambucano também aproveitou para criticar a elite brasileira e ressaltar a alta concentração de renda no país. Para o ex-jogador de futebol, quando a ganância do brasileiro cresce demais, a distância para os mais pobres fica muito grande e a violência dispara.

“A riqueza não pode ficar na mão de poucos. É egoísmo. E tudo começa na linha de largada. Eu luto para que as oportunidades não fiquem só na mão de quem já tem privilégios”, defendeu.

Guilherme Gurgel[email protected]

Estudante de Jornalismo na Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Escreve com foco nas editorias de Cidades e Variedades no BHAZ.

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