Caso Marília Mendonça: Laudo aponta que não houve falha mecânica ou humana por parte do piloto

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No ano passado, Polícia Civil anunciou detalhes sobre a investigação e que aguardava resultados do Cenipa (Reprodução/Instagram)

O Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa), vinculado à Força Aérea Brasileira (FAB), concluiu, nesta segunda-feira (15), o relatório final das investigações do acidente aéreo que causou a morte da cantora Marília Mendonça em novembro de 2021. Na ocasião, outras quatro pessoas também morreram, incluindo o piloto da aeronave.

Conforme divulgado pelo Metrópoles, o laudo aponta que não houve falha humana ou mecânica. O documento reforça que as decisões por parte do piloto “não demonstram erro”, mas sim, que os cabos da Companhia Energética de Minas Gerais (Cemig) foram um obstáculo para o avião.

Segundo o órgão, as torres de energia foram cruciais para a tragédia e destaca que a altura da aeronave “estava dentro dos padrões”. “O Cenipa não aponta culpados. A intenção do órgão é criar um ambiente para que situações futuras sejam evitadas”, disse o advogado da família da cantora, Robson Cunha, em coletiva de imprensa.

O BHAZ procurou a Cemig para obter um posicionamento sobre o assunto. Por telefone, a assessoria da companhia informou que ainda não obteve acesso ao relatório e que, por isso, ainda não é possível se manifestar sobre o laudo.

Conclusões da Polícia Civil

Em novembro do ano passado, praticamente um ano depois do acidente, a Polícia Civil divulgou detalhes preliminares sobre a investigação. O caso foi conduzido com base em três fatores: meio, humano e máquina.

Segundo o delegado responsável, Ivan Lopes, o piloto desviou do padrão no momento do pouso e bateu na rede de transmissão da Cemig, que não estava na área de proteção para aeronaves.

Dois pilotos prestaram depoimentos relevantes para a investigação. Um deles havia decolado de Viçosa e pousaria em Caratinga: ele ouviu pelo rádio o piloto de Marília reportando que já estava na “perna do vento da 02”, preparando para pousar.

A declaração implica que o piloto se aproximou pelo setor correto, Oeste, e voava a favor do vento para fazer a curva à esquerda. Na sequência, entraria na reta final e pousaria a aeronave dentro de um minuto, conforme o padrão.

Pouso teria saído do padrão

Em outro depoimento, um piloto que estava no aeroporto disse que se aproximou quando viu o avião de Marília fazendo o controle de tráfego e se preparando para pousar. Ele notou que a aeronave se distanciou, sendo que o padrão é que os pilotos peguem a “perna do vento” e curvem à esquerda dentro da zona de proteção.

Em dado momento, o avião da cantora se afastou tanto que o piloto que estava em solo perdeu o contato visual. Depois, viu a aeronave se alinhando na pista para pousar e não conseguiu enxergar os fios, momento em que o veículo se chocou e caiu.

Em resumo, o piloto teria saído do padrão em Caratinga há menos de dois minutos do pouso. Realizar a curva na zona de proteção é facultativo, mas é um padrão dos pilotos.

As investigações apontaram que “nunca saberemos” por que o piloto se afastou tanto. Há especulações, como, por exemplo, ele querer fazer uma rampa mais suave para dar conforto ao pouso. Segundo o Cenipa, contudo, “a mudança da rota não demonstra erro”.

No anúncio dos detalhes sobre a investigação, a Polícia Civil informou que aguardava os resultados do Cenipa. O laudo mostraria, afinal, se houve ou não falhas mecânicas na aeronave que transportava a goiana.

Acidente e morte de Marília Mendonça

A cantora sertaneja Marília Mendonça morreu, aos 26 anos, após a queda de um avião que a transportava de Goiânia para Minas Gerais, onde realizaria shows em pelo menos duas cidades.

O chamado para a queda do avião em que Marília estava ocorreu por volta das 15h30. Inicialmente, por volta das 16h40, a assessoria da artista disse que “todos foram resgatados” e estavam “bem”. Mais tarde, surgiu a confirmação da morte.

Além de Marília, morreram outras quatro pessoas: o piloto e o copiloto do voo, Geraldo Medeiros e Tarcísio Viana, o tio da cantora, Abicieli Filho, e o produtor Henrique Ribeiro.

Edição: Roberth Costa
Nicole Vasques[email protected]

Jornalista formada pela Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG), escreve para o BHAZ desde 2021. Participou de reportagem premiada pela CDL/BH em 2022.

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