Miss Brasil é desconvidada de cerimônia e aponta críticas a Bolsonaro como possível motivação

Julia Gama
Após o fim do contrato com o concurso, Julia Gama decidiu se posicionar politicamente (Reprodução/@juliawgama/Instagram)

A atual Miss Brasil, Julia Gama, revelou que foi “desconvidada” a participar da cerimônia deste ano do evento. A ausência da modelo quebrará uma tradição de passagem da faixa para a nova miss, na coroação que será celebrada na terça-feira (9). Julia Gama apontou suas críticas ao presidente Jair Bolsonaro (sem partido) como possíveis motivações para a decisão do concurso.

A modelo, que também é vice-miss Universo, publicou um desabafo nas redes sociais nessa quinta-feira (4). “[A organização] há poucos dias me enviou um novo e-mail dispensando minha presença. Como eles não deram explicações do porquê de tal decisão me resta respeitar a decisão deles mesmo sem entendê-la”, escreveu.

Julia Gama disse que, mesmo tendo opiniões conflitantes com aquelas da produção do evento, sempre tentou representar o Miss Brasil Universo para o mundo da melhor forma possível.

“E é olhar para tudo vivido até aqui, que me deixa triste não poder encerrar este ciclo como manda o protocolo e a tradição do Miss Brasil: com um desfile digno, um discurso de despedida e coroando minha sucessora”, completou ela, que também deixou um agradecimento aos fãs.

Anti-bolsonarismo

Em entrevista ao portal Hugo Gloss, a Miss Brasil especulou que a decisão de desconvidá-la para a cerimônia poderia ter sido motivada pelo seu posicionamento contra o presidente da República. Segundo ela, após o fim do contrato com a organização, no dia 31 de maio, ela decidiu se posicionar politicamente.

Julia Gama ainda contou que, apesar de a organização em si ser neutra, os empresários que a comandam são bolsonaristas. Por isso, ela, como a face do Miss Brasil, também era “tachada” de bolsonarista por aqueles que acompanhavam o concurso.

“Numa das manifestações, eu achei que era finalmente o momento de me posicionar. Fiz um vídeo contra o Bolsonaro, contra as atitudes do governo, coisas que eu não concordo. Coincidentemente ou não [veio o ‘desconvite’ no final de outubro]”, disse.

Contra o machismo

A modelo também já tinha se manifestado contra atitudes que ela considera machistas por parte da organização do Miss Brasil: “teve uma entrevista que eu dei – e eu avisei que daria – dizendo que achava machista os concursos quererem controlar a vida das candidatas, de ter namorado, não ter namorado, estar acompanhada ou não”.

Para ela, este posicionamento também pode ter sido um dos fatores que a levou a ser desconvidada para a cerimônia de coroação deste ano. Ela não pode dizer com certeza, no entanto, já que não recebeu justificativa para a decisão do concurso.

“Eu não sei se foi por isso, mas realmente já fazia dois meses que a organização não me respondia nada. Eu querendo saber cronograma do concurso para poder organizar os looks, ninguém me respondia”, contou ao Hugo Gloss.

Julia Gama ainda revelou que teve um prejuízo de cerca de R$ 25 mil com os preparativos para o evento, considerando o valor dos bilhetes para o cruzeiro onde a cerimônia será realizada.

Descumprimento de contrato

Por meio de nota, o Miss Brasil Universo afirmou que o motivo da dispensa da modelo na cerimônia teria sido o descumprimento de contrato por parte dela. Segundo o comunicado, as declarações de Julia Gama que apontam o machismo no concurso geraram polêmica.

“A decisão foi tomada em razão de a Miss ter descumprido cláusulas do contrato firmado com a organizadora do concurso. No contrato realizado com a empresa, a candidata compromete-se a zelar pela imagem do concurso nacional e internacional (Miss Universe) e pelo título – cláusula esta prevista e mandatória em todos os contratos das candidatas que concorrem ao certame internacional”, diz a nota.

“Ao longo dos últimos meses, contudo, a Miss gerou polêmica ao questionar na mídia e para fornecedores as regras do concurso, acusando a organização de ser ultrapassada e machista ao seguir as regras prevista no contrato de franquia com o Miss Universe, afetando , assim, a imagem do maior concurso de beleza do mundo”, completa.

Edição: Roberth Costa
Sofia Leão[email protected]

Repórter do BHAZ desde 2019 e graduada em jornalismo pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais). Participou de reportagens premiadas pelo Prêmio Cláudio Weber Abramo de Jornalismo de Dados, pela CDL/BH e pelo Prêmio Sebrae de Jornalismo em 2021.

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