A adolescente Jackeline de Andrade, de 16 anos, que queimou 60% do corpo ao resgatar o irmão em um incêndio na residência deles, em janeiro, em Colombo, na Grande Curitiba (PR), morreu no Hospital Universitário Evangélico Mackenzie, nessa segunda-feira (18).
No dia 15 de janeiro, Jackeline, ou Jaque, como era chamada pelos amigos e familiares, conseguiu escapar de um incêndio que atingiu, na madrugada, a residência da família e ainda salvar o irmão Gabriel, de 4 anos.
Em entrevista concedida no hospital, no início de fevereiro, a adolescente disse que só pensou em salvar a vida dele quando enfrentou o fogo. “Eu não pensei em mim. Só pensei em salvar a vida dele”. Na ocasião da entrevista, a adolescente, que mesmo com o corpo em chamas, voltou para buscar o irmão, lembrou como foi a tragédia.
“Meu pai começou a gritar ‘a casa pegou fogo’. Daí, todo mundo saiu correndo para fora e eu também saí. Só que eu já ‘tava’ mais queimada porque o fogo começou no meu quarto. Aí, eu vi que todos estavam fora da casa, e senti falta dele, Voltei correndo e ele estava atrás do fogão, todo encolhido”, contou à época.
‘Faria tudo de novo’
A jovem disse ainda que, se fosse preciso, faria tudo de novo e, mesmo com tão pouca experiência de vida, deu uma lição de amor ao próximo. “Quando a gente vê na TV filho mata mãe, mãe mata filho, eu fico muito triste porque eu não teria coragem. Eu sempre tive coragem de dar a minha vida para os outros. Eu agradeço a Deus e eu faria de volta. Eu faria tudo de novo e daria minha vida por ele.”
Conforme o hospital, Jackeline teve um quadro de infecção generalizada que, associado às queimaduras graves, provocou parada cardiorrespiratória. Ela estava internada havia mais de dois meses, mas havia deixado a Unidade de Terapia Intensiva (UTI) em 30 de janeiro, após 15 dias de internação.
O incêndio na casa da família de Jackeline é investigado pela polícia de Colombo, pois a perícia encontrou no local vestígios de coquetel molotov –
um tipo de bomba incendiária de fabricação caseira. A menina, à época, afirmou ter acordado na madrugada e visto alguém rondando a casa e a janela próxima ao seu quarto. A polícia não descarta a possibilidade de incêndio criminoso.