Um grupo de mulheres do MTST Brasil (Movimento dos Trabalhadores Sem-Teto) se manifestou, nesta quarta-feira (13), na porta da sede da emissora de rádio Jovem Pan News, em São Paulo. O ato foi organizado depois que o veículo publicou a íntegra do vídeo que mostra o médico anestesista Giovanni Quintella Bezerra estuprando uma mulher durante o parto, na última segunda-feira (11).
As imagens foram veiculadas sem tarjas, filtros, ou aviso de sensibilidade, durante o Jornal Jovem Pan, por volta das 10h30. Após a repercussão negativa, o conteúdo foi removido do site. Nas redes sociais, as manifestantes pediram respeito pelos corpos das mulheres.
“A voz das mulheres resiste e ecoa! A ação do coletivo do MTST Mulheres em Movimento seguiu firme para a Jovem Pan! Não aceitamos mais uma violação de nossos corpos! Basta de expor a vítima de um estupro num centro cirúrgico em veículos de informação sem qualquer tarja que proteja seu corpo e sua vida!”, escreveram.
Jovem Pan nega exposição
Até a publicação desta matéria, a Jovem Pan não havia se pronunciado sobre o caso. O BHAZ procurou o veículo para obter um posicionamento a respeito, mas ainda não obteve retorno. Ao colunista Fefito, do Uol, a empresa nega que as imagens tenham exposto a vítima.
“As imagens exibidas pela Jovem Pan na última segunda-feira (11) não expõem a vítima de estupro cometido pelo médico anestesista Giovanni Quintella Bezerra. Durante a entrada ao vivo de repórter com atualizações do caso, exibimos trecho de vídeo gravado pelos denunciantes do crime. Essas imagens, mesmo sem o blur, não revelam a identidade e a imagem da vítima, além de não mostrarem explicitamente o ato violento”, disse, em nota.
Ao BHAZ, o Ministério Público de São Paulo informou que um inquérito foi instaurado para a apuração e identificação do responsável pela matéria jornalística. “Houve divulgação de vídeo sem a utilização de recurso que impossibilitasse a identificação da vítima e, ao que consta, sem sua autorização prévia”, disse o órgão, em nota.
Nota do MPSP na íntegra
Trata-se de notícia de fato narrada em matéria veiculada pela Jovem Pan (Radio Panamericana S/A), sobre o crime de estupro de vulnerável praticado pelo médico anestesista GIOVANNI QUINTELLA BEZERRA na cidade de São João do Meriti, houve divulgação de vídeo sem a utilização de recurso que impossibilitasse a identificação da vítima e, ao que consta, sem sua autorização prévia. Diante da conduta noticiada que, em tese, pode configurar a prática do delito previsto no art. 218-C do Código Penal, a promotora de Justiça Cláudia Porro requisitou, nesta quinta-feira (14/7), a instauração de inquérito policial para apuração dos fatos e identificação do responsável pela matéria jornalística.