Polícia Militar investiga agente que falou que ‘governo comunista’ tomaria casas em SP

Policial fala de governo comunista
Agente fez discurso sobre suposto ‘governo comunista’ que estaria ‘querendo voltar’ ao poder (Reprodução/Jornalista Helton Romano/Facebook)

A Polícia Militar de São Paulo investiga a conduta de um agente que aparece em vídeo usando desinformação para tentar convencer moradores de São Sebastião, no litoral do estado, que um suposto “governo comunista” tomaria as casas deles.

As imagens foram compartilhadas pelo jornalista Helton Romano nas redes sociais, nessa segunda-feira (25). Segundo Romano, moradores da Barreirinha, no bairro de Cambury, se mobilizaram para impedir uma demolição de casas no local.

Com a chegada da PM, o agente, identificado como cabo Barreto, teria recomendado que os moradores não resistissem a uma eventual ordem de demolição.

Em seguida, o policial começou o discurso sobre o suposto “governo comunista” que estaria “querendo voltar” ao poder. “Vai chegar a hora que o governo vai falar assim: ‘essa casa agora é do governo'”, diz ele no vídeo. Uma moradora, então, retruca: “e esse que tá aí, fez o quê?”.

O agente diz que “não está indicando político nenhum”, e só está tentando alertar a população. “Se a gente alimentar a parte comunista da história, vai ser igual os outros países que estão aí. Nós cidadãos perdemos os direitos de todos os nossos bens. É o que acontece na Bolívia, no Chile…”, afirma, citando países que não vivem em regime comunista.

Nas palavras do policial, se tal governo comunista falar que “a partir de hoje sua casa é minha”, eles vão tirar os moradores à força e “arrebentá-los” caso eles resistam.

“Então, só por hoje, vocês já começam a repensar. Não estou falando do político A nem do político B, estou falando do sistema político. O sistema comunista tira tudo de vocês. Você deixa de ser dono e teu dono passou a ser o estado”, completa.

PM investiga

Procurada pelo BHAZ, a Polícia Militar de São Paulo informou que, ao tomar conhecimento das imagens, o Comando do Vigésimo Batalhão de Policiamento do Interior instaurou um procedimento para apurar a conduta do policial.

“A opinião pessoal do militar não reflete o posicionamento institucional, nem tampouco se coaduna com os protocolos previstos para atendimento de ocorrências da Polícia Militar”, diz a corporação em nota.

O deputado estadual Emidio de Souza (PT-SP), presidente da Comissão de Direitos Humanos da Alesp (Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo), informou que acionou a Corregedoria e o Comando da PM pedindo uma punição ao agente.

“Tal comportamento mostra desvio de conduta, expressa opinião política de agente, que pode ser confundida com a posição da corporação e pode ser objeto da legislação eleitoral, considerando o período em que nos encontramos”, defende o parlamentar.

Sofia Leão[email protected]

Repórter do BHAZ desde 2019 e graduada em jornalismo pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais). Participou de reportagens premiadas pelo Prêmio Cláudio Weber Abramo de Jornalismo de Dados, pela CDL/BH e pelo Prêmio Sebrae de Jornalismo em 2021.

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