Prefeito de Duque de Caxias retira obrigatoriedade do uso de máscara e infectologista alerta: ‘Não chegamos lá’

prefeito de Duque de Caxias (RJ) Washigton Reis (MDB) sem máscara
(Reprodução/@wreis_oficial/Instagram)

O prefeito de Duque de Caxias (RJ), Washigton Reis (MDB), publicou um decreto nessa terça-feira (5) retirando a obrigatoriedade do uso de máscaras contra a Covid-19 no município. A cidade, de pouco mais de 900 mil habitantes e localizada na Baixada Fluminense, tornou-se a primeira do Brasil a derrubar a exigência do equipamento de proteção. O médico infectologista Leandro Curi vê a medida como precipitada e passível de atrasar o final da pandemia.

Segundo o decreto, “fica desobrigado o uso de máscara facial no período da pandemia da Covid-19, em local aberto ou fechado, em todo o território do Município de Duque de Caxias”. Esta liberação não se aplicaria no caso de pessoa que se encontre infectada ou com suspeita de estar contaminada com o coronavírus durante o período de transmissão.

Na justificativa da medida, a prefeitura afirma, em postagem na rede social, que a nova determinação leva em conta o alto número de pessoas vacinadas contra o novo coronavírus na cidade. O infectologista Leandro Curi observa, porém, que a taxa de imunização ainda está baixa na cidade e ainda não é o momento de se retirar a máscara, principalmente em locais fechados.

Segundo dados de ontem (5) da própria prefeitura, a cidade tem cerca de 70% da população acima dos 12 anos vacinada com a primeira dose, mas apenas 46,8% com o esquema vacinal completo. “Eu não vejo estudos pra isso, ainda mais a com a taxa de imunização ainda baixa. Eu sempre questiono quando a política entra na ciência, eu acho que a ciência ainda não falou que está liberado e a epidemiologia trabalha com números e dados científicos, tudo junto, um decreto não vai mudar a pandemia”, observa o médico.

Mesmo com a taxa de transmissão do vírus e o número de hospitalizações em queda, o infectologista ainda não vê um cenário favorável para a desobrigação da máscara. “Por mais que os números estão baixando, um decreto desse vai contra a maré o que a gente tem pregado ainda”. O médico observa que a liberação deve acontecer quando as autoridades de saúde, baseadas no número de transmissão e taxas de infecção, perceberem que já é seguro liberar o equipamento, além de uma taxa de vacinação de pelo menos 80% a 90% da população com o esquema vacinal completo.

“Podemos supor, mas afirmar mesmo vai ser uma atitude dos dados científicos”, ressalta.

Variante Delta

O infectologista ainda lembrou que o Rio de Janeiro e a Baixada Fluminense eram o epicentro da variante delta no Brasil até recentemente. “É um lugar que teve o epicentro brasileiro da variante delta. Não acho que o local nem o momento. Vai chegar a hora, todos nós queremos… vamos conseguir fazer à medida que a vacinação avance, mas acho perigoso agora”, apontou.

O médico observou ainda que a taxa de transmissão e hospitalização pode aumentar na cidade com a desobrigação. “Infelizmente muitos não tomaram a segunda dose no Brasil, segundo que a vacina tem uma taxa de efetividade boa, mas não garante 100% de proteção, então estamos suscetíveis. A máscara complementaria isso, é um auxiliar nesse ponto, não é uma coisa pela outra”.

O prefeito escreveu em postagem no Instagram que “estamos vencendo a pandemia”. Curi observa que esse momento está chegando, mas ainda não estamos na hora de tirar o equipamento de proteção. “A população não vai viver de máscara, mas estamos em um momento de guerra, nós contra o vírus. Quando acabar a guerra nós voltamos na paz, mas ainda não chegamos, estamos chegando lá, vai prevalecer nossa vitória. Vamos com calma, não é decretando tirar a máscara que vamos chegar”, explicou.

Segundo o médico, a retirada da obrigatoriedade agora pode, inclusive, atrasar o fim da pandemia. “Baixar um decreto liberando a máscara não melhora, atrasa a situação”.

Uso da máscara ainda é necessário

O médico lembrou que o uso da máscara continua valendo e que a medida deve ser associada com o distanciamento e a vacinação. “Não é um decreto que vai fazer o vírus frear, são as atitudes. Muito triste, porque você abre espaço para outros municípios fazerem [o mesmo decreto] e a população achar que está liberado. Se com decreto alguma parte da população já se comportava mal, com decreto é como se fosse um aval pra liberação, que é uma coisa que ainda vamos chegar lá”.

“A gente manter a máscara é uma maneira muito mais fácil e combateria muito mais rapidamente o vírus do que sem a máscara”, observou.

Edição: Vitor Fernandes

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