PRF afasta agentes envolvidos em morte de homem com ‘câmara de gás’; vítima foi abordada por estar sem capacete

Morte de Genivaldo de Jesus Santos
Genivaldo de Jesus Santos foi imobilizado e colocado dentro do porta-malas da viatura (Reprodução/Redes sociais)

Os agentes envolvidos na abordagem de Genivaldo de Jesus Santos, 38, que morreu na quarta-feira (25) após ser imobilizado e colocado em uma “câmara de gás” dentro de uma viatura, foram afastados pela PRF (Polícia Rodoviária Federal) de Sergipe. O caso ganhou repercussão internacional e a Polícia Federal instaurou inquérito para investigar a morte.

Por meio de nota divulgada nessa quinta-feira (27), a PRF de Sergipe informou que está comprometida com a apuração do caso. A corporação instaurou um processo disciplinar para investigar a abordagem e os agentes envolvidos foram afastados das atividades de policiamento (leia a nota na íntegra abaixo).

Genivaldo de Jesus Santos foi imobilizado e colocado dentro do porta-malas da viatura, onde acabou inalando fumaça, como é possível ver em vídeo que circula nas redes sociais (veja mais abaixo). Segundo o IML (Instituto Médico Legal) de Sergipe, de forma preliminar, a vítima teve como causa da morte insuficiência aguda secundária a asfixia.

A abordagem

Uma reportagem do The Intercept divulgou as informações disponíveis no boletim de ocorrência referente ao caso registrado na quarta-feira. De acordo com o documento, o homem de 38 anos foi abordado porque estava dirigindo uma motocicleta sem usar capacete.

Boletim de ocorrência
Boletim revela motivo da abordagem (Reprodução/The Intercept)

“Foi dado o comando para que o condutor desembarcasse da moto e levantasse a camisa, como medida de segurança, no entanto a ordem foi desobedecida, levantando o nível de suspeita”, diz o boletim.

Ao longo da ocorrência, os policiais reforçam que Genivaldo de Jesus Santos cometeu “delitos” de “desobediência” e “resistência”. Eles ainda afirmam que o “uso diferenciado da força” foi empregado “legitimamente”.

PF investiga

Segundo o IML de Sergipe, foi realizada a necrópsia, e o material coletado foi encaminhado ao Instituto de Análises e Pesquisas Forenses (IAPF) para elucidar a causa imediata da morte. Mas foi identificado de forma preliminar que Genivaldo de Jesus Santos teve como causa da morte insuficiência aguda secundária a asfixia.

Conforme o instituto, a asfixia mecânica é quando ocorre alguma obstrução ao fluxo de ar entre o meio externo e os pulmões. “Essa obstrução pode se dar através de diversos fatores e nesse primeiro momento não foi possível estabelecer a causa imediata da asfixia, nem como ela ocorreu”, diz nota do IML.

A PF (Polícia Federal) abriu um inquérito para apurar a morte do motorista. Em nota, a corporação informa que investigará “as circunstâncias da morte” e que diligências foram iniciadas para esclarecer “o mais breve possível” o ocorrido.

Nota da PRF

“A Polícia Rodoviária Federal informa que está comprometida com a apuração inequívoca das circunstâncias relativas à ocorrência no estado de Sergipe, colaborando com as autoridades responsáveis pela investigação.

A PRF instaurou processo disciplinar para elucidar os fatos e os agentes envolvidos foram afastados das atividades de policiamento.

A instituição reforça seu compromisso com a transparência e isenção, valores que sempre pautaram sua atuação em 93 anos de história”.

Com Agência Brasil

Edição: Vitor Fernandes
Sofia Leão[email protected]

Repórter do BHAZ desde 2019 e graduada em jornalismo pela UFMG (Universidade Federal de Minas Gerais). Participou de reportagens premiadas pelo Prêmio Cláudio Weber Abramo de Jornalismo de Dados, pela CDL/BH e pelo Prêmio Sebrae de Jornalismo em 2021.

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