Professor de medicina constrange aluna em aula: ‘Quando for estuprada vai querer KY ou no seco?’

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Centro universitário está apurando o caso (Reprodução/@tantotupiassu/Twitter)

Um professor de medicina aparece em vídeo constrangendo uma aluna ao falar sobre estupro durante aula prática. A gravação foi realizada em 17 de novembro na Unifamaz (Centro Universitário Metropolitano da Amazônia), em Belém, no Pará. A instituição de ensino, por meio de nota, informa que “adotou todas as providências cabíveis”. O BHAZ conversou com a advogada da aluna, que disse que ela está “muito abalada” e registrou um boletim de ocorrência.

No início da filmagem, o professor alerta a aluna de que o procedimento de intubação que ela fazia não estava correto. “A ponta está errada. Deixa ela errar. Está lubrificado isso tudo?”, questionou sobre o aparelho que seria introduzido no boneco que simulava um paciente.

“Eu acho que estava”, respondeu a aluna. Na sequência, o professor constrange a estudante fazendo alusão ao crime sexual, em vez de explicar o que a universitária deveria fazer. “Não acha que estava coisa nenhuma. Quando a senhora for ser estuprada quero ver se a senhora vai levar um tubinho de KY [marca de lubrificante] pra facilitar a vida ou vai querer ser no seco mesmo?”, indagou o docente.

O vídeo foi postado no perfil Tanto Tupiassu, na noite de ontem (25), com a denúncia sobre o constrangimento sofrido pela aluna. Até o momento, a identidade do professor não foi revelada. “Não consigo acreditar que um professor de medicina fale algo semelhante. Absurdo! Nojento. Não se tem um dia de paz por nada nesse país”.

Repercussão

O vídeo já passa de 100 mil visualizações no Twitter. “Professor de medicina achar que pode fazer um comentário violento, ameaçador, constrangedor, enquanto alunas se olham constrangidas”, prosseguiu o autor da postagem.

Internautas criticaram a fala do professor. “Absurdo o vídeo em que o professor de medicina da Famaz faz comparação entre um processo de intubação e estupro para uma estudante. A gente não passa um dia sem lidar com violência machista”, escreveu uma internauta.

Uma manifestação contra o professor está marcada para acontecer no Centro Universitário no começo da tarde de hoje (26). “Nós repudiamos o ato repugnante feito pelo professor de uma instituição privada, acontecido recentemente. Estamos juntas (os) nessa luta contra o assédio”, diz o comunicado.

‘Muito abalada’

O BHAZ entrevistou a advogada da aluna e a profissional contou que a cliente está “muito abalada”. “Estamos tentando resguardá-la ao máximo. Um boletim de ocorrência foi feito no dia em que tudo aconteceu. O crime é de importunação sexual e na segunda-feira (29) vai acontecer oitiva. O caso está sendo apurado na Delegacia de Mulher”, disse.

Os nomes da aluna e da advogada serão preservados à pedido delas, já que temem represálias. “Nosso principal problema é a posição da faculdade. Não afastaram o professor e a todo momento querem penalizar a vítima. A aluna foi retirada da turma dele e ele prossegue dando aulas”.

A advogada comenta que outras alunas já denunciaram o mesmo professor, mas que nada foi feito pela instituição. “A coordenação não tem dado apoio. Estão tentando abafar o caso ao máximo e proteger o professor. Já fizemos denúncia no MEC (Ministério da Educação) e no CRM (Conselho Regional de Medicina)”, contou.

Apuração

A reitora da Unifamaz, Adriana Letícia dos Santos Gorayeb, assinou uma nota de esclarecimento na qual destaca que “adotou todas providências cabíveis e procedimentos administrativos para apurar os fatos” exibidos no vídeo que viralizou.

O Comitê de Ética Disciplina está cuidando do caso. “O Unifamaz reafirma seu compromisso com o ensino de qualidade, pautados no respeito humano e na integridade pessoal. Dessa forma, repudia veementemente qualquer prática inadequada na relação acadêmica professor-aluno”, afirmou.

Nota da Unifamaz

“O Centro Universitário Metropolitano da Amazônia (UNIFAMAZ) informa à comunidade acadêmica que a Reitoria, tão logo tomou conhecimento do ocorrido no Curso de Medicina, adotou todas as providências cabíveis e procedimentos administrativos para apurar os fatos, por meio do Comitê de Ética Disciplinar.

O UNIFAMAZ reafirma seu compromisso com o ensino de qualidade, pautados no respeito humano e na integridade pessoal. Dessa forma, repudia veemente qualquer prática inadequada na relação acadêmica professor-aluno”.

Edição: Vitor Fernandes
Vitor Fórneas[email protected]

Repórter do BHAZ de maio de 2017 a dezembro de 2021. Jornalista graduado pelo UniBH (Centro Universitário de Belo Horizonte) e com atuação focada nas editorias de Cidades e Política. Teve reportagens agraciadas nos prêmios CDL (2018, 2019 e 2020), Sebrae (2021) e Claudio Weber Abramo de Jornalismo de Dados (2021).

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